C A P Í T U L O _ 1.1

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[ 3 Anos Atrás]

"Depois de passar praticamente a noite em claro sem saber, ao certo, o que fazer com aquela criança, acabei por dormir sentada no chão ao lado de minha cama, enquanto a criaturinha dormia sobre a cama.

_ Então garota, o que você queria de tão urgente que não podia esperar até amanhã?_ Disse Bárbara em seu tom esnobe.

Eu poderia ter implicado com seu jeito irritante, como sempre fazia, mas nesse caso, eu estava entrando em desespero, não tinha tempo pra isso.

Antes que Bárbara podesse abrir a boca pra perguntar qualquer outra coisa, eu simplesmente a agarrei pelo braço e a puxei para dentro do apartamento trancando a porta.

_ Mas o quê..._ Ela tentou questionar, pelo menos antes de seus olhos pararem em uma pequena criatura jogada no carpete se divertindo enquanto chupava o cabo de uma colher de pau.

Bom, foi o que melhor funcionou para fazê-la para de chorar, já que eu não tinha nenhuma outra idéia.

_ Essa é a emergência._ Expliquei enquanto Bárbara deixava a bolsa sobre o sofá e ia em direção a menina.

_ Quem é essa, Rafaella?_ Perguntou parecendo espantada antes de seus olhos pararem em mim.

Com o rosto direcionado ao chão e os dedos entrelaçados em frente ao meu corpo eu demorei um tempo para forma uma resposta.

Sem entender o meu silêncio, Bárbara veio em minha direção as pressas me assustando ao parar na minha frente e levantar meu rosto.

_ Quem é essa menina?_ Disse segurando em meus ombros.

_ É uma prima..._ Falei pensativa fazendo Bárbara me olhar desconfiada._ De segundo grau. A mãe dela precisou fazer uma viagem a trabalho e deixou ela aqui._ Arrisquei um sorriso.

E após me analisar por um tempo, Bárbara tirou a garota do carpete e fez uma careta estranha.

Não tinha coragem de dizer a verdade, afinal, eu não conhecia Bárbara direito, sabia apenas que ela era uma das populares mais legais, não só pelo dinheiro mas também pelo fato ser popular e ainda sim, tratar as pessoas como pessoas, e não como sacos de lixo.

Nós duas vivíamos discutindo, isso é inegável, afinal, ela achava que podia fazer de qualquer pessoa uma pessoa melhor, mesmo contra a vontade da pessoa. No caso, eu. Mais ainda sim eu a admirava em segredo. São raros pessoas estilo Mia Colucci - mimadas, porém, com um bom coração.

_ Ela está enxarcada. A quanto tempo não troca essa menina?_ Perguntou preocupada.

_ Eu não tenho muita prática. A mãe não deixou nada além do cesto._ Falei sem jeito fazendo os olhos de Bárbara se arregalaram.

_ Ela a abandonou aqui?_ Me limitei a dar de ombros._ Cadê o juízo da sua prima ao deixar essa criança com alguém como você Rafaella._ Resmungou enquanto levava a menina até o banheiro.

_ Sem ofensas, por favor. Não te chamei aqui pra isso._ Mesmo sabendo que aquela, de fato, era uma boa pergunta.

Enquanto Bárbara seguia com a menina até o banheiro, me sentei no braço do sofá e respirei fundo. O que eu deveria fazer com aquela garotinha? E porquê a mãe dela fez essa loucura?

Tantas perguntas sem respostas.

_ Bom, aqui está._ Disse Bárbara jogando aquela criaturinha em meu colo enrolada apenas em uma toalha.

Assustada eu a peguei sem o menor jeito pra isso, queria devolve-la ao cesto, mas Bárbara acabava de levá-lo consigo até a porta.

_ Vou lavar isso e amanhã te devolve. Eu também tenho uma mamadeira antiga da última criança que cuidei e algumas fraudas, acho que vai servir até amanhã, já trago pra você._ Ela disse ao sair, me deixando sozinha com aquela criança em meus braços.

Olhei para ela e a mesma me analisava com os olhos bem abertos, até sua mão se fechar em uma mexa do meu cabelo.

Era a primeira vez que eu estava segurando uma criança.

A deixei novamente sobre o carpete e fiquei apenas sentada ao seu lado, até que Bárbara voltasse com tudo o que havia dito, mesmo sendo tão tarde.

Enquanto observava Bárbara amamenta-la, parecia a coisa mais fácil e natural do mundo a se fazer.

Tá que algumas vezes, pelo olho grande, ela acabava se engasgando, mas ainda sim foi rápido pra ela terminar aquela mamadeira, como se o que tinha lá dentro fosse o líquido mais gostoso que já provará.

_ Pronto, é só colocá-la de bruços na cama e dá alguns tapinhas nas costas até ela arrotar e logo estará pronta para dormir._ Disse se preparando pra sair novamente.

_ Bárbara escuta, não quer levá-la com você? Se acontecer alguma coisa durante a noite, eu não vou saber... E você já tem tanta prática, não acha..._ Falei indo com ela até a porta, e mais uma vez ela tocou meu ombro.

_ Vai ficar tudo bem, tá? Qualquer coisa pode me ligar. Volto pra ver vocês amanhã, eu prometo._ Disse com um sorriso amigável, me fazendo desejar que ela não fosse embora._ Ah e me chame apenas de Baby, okay? Vou chama-la apenas de Rafa. Então Boa Noite Rafa.

E assim ela se foi, deixando novamente a garota em meus braços.

Assim como ela havia dito, deitei a menina em minha cama e fiquei sentada no chão até deixar de sentir minhas nádegas, mas assim como Bárbara havia dito, logo a menina arrotou e antes que eu percebesse ela já estava dormindo.

Ainda sentada no chão o chão ao lado da cama onde ela estava, eu a observava dormir como se nada de mal podesse afeta-la. E foi assim que me esforcei pra dormir, desejando que aquilo tudo fosse culpa do cansaço.

Uma noite inteira sozinha com aquela menina."

[Dias Atuais]

_ Desse jeito vamos chegar atlasadas._ Falou Lili cutucando meu rosto enquanto eu ainda dormia.

_ Hoje é sábado._ Resmunguei carregada de pura preguiça.

_ Amanhã é sábado Mamãe. Hoje ainda tem aula._ Falou tirando minhas cobertas._ Vamos mamãe._ Disse como uma perfeita adulta.

Me sentei na cama ainda a contra gosto e a analisei. Cabelos pro alto mas com um arquinho, pantufas de sempre e a roupa da escola completamente errada, o que me fez rir.

Bom, ao menos ela tentou, não?

_ Nem pense, em crescer rápido demais._ Falei cem forma de ameaça.

Depois de me observar por um tempo com a expressão séria, como um cowboy, com direito a olhos cerrados e tudo.

_ Eu não vou._ Disse tão séria quanto estava, o que acabou me fazendo rir mais ainda antes de agarra-la em meu colo, lhe apertando em um abraço.

_ É muito bom saber disso._ Resmunguei entre seus fios bagunçados._ Agora vamos tentar salvar essa produção sua. Não quero ser chamada na direção por você andar por aí assustando as pessoas._ Falei me levantando com a no colo.

Ela sorriu e se agarrou em meu pescoço.

_ Mas isso selia legal mamãe._ Disse parecendo realmente considerar a hipótese._ No dias da bruxa, eu vou me fantasiar sozinha._ Sua empolgação era realmente contagiante.

_ Acredita, não vai precisar fazer esforço._ Murmurrei pra mim mesmo, seguindo até o banheiro com aquele monstrinho enorme ainda em meu colo.

Me permitindo por um momento, ter a vaga lembrança da primeira vez em que a peguei em meus braços.

E assim, logo estavamos prontas pra seguir a nossa rotina de sempre, porém, mais uma vez, sem o meu velho carro.

Minha Melhor DecisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora