C A P Í T U L O _ 0.2

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Ao chegar a faculdade, aulas e todo o percurso da manhã correu tão comum quanto qualquer outro dia. Sem grandes imprevistos ou novidades, apenas mais matérias e mais trabalhos pra colocar em minha grande pilha de acumulados.

Realmente já estava na hora de tirar um tempo pra colocar aquela grabde montanha em dia, ou logo as datas chegaram e eu estaria ferrada.

Ao chegar na empresa me sentei em minha pequena mesa e respirei fundo com a massa pesada que pairava naquele lugar desde que anunciaram a chegada de um novo dono.

Com isso, tudo tava indo de mal a pior.

Nosso chefe, também conhecido como Amadeu Carter ou apenas Sr. Carter acabou de passar por uns problemas de saúde e por conta disso acabou decidindo que iria vender a empresa, no caso, seu maior ponto de estresse familiar, já que nenhum de seus 3 filhos queria assumir tal herança.

Nós, funcionários, no início do mês fomos avisados que ao decorrer desse processo continuariamos a trabalhar normalmente, porém, haveria uma reunião quando um comprador fosse encontrado e a partir dai nosso futuro na empresa seria decidido.

Bom, hoje é o dia da nem tão desejada reunião, o dia que saberemos nosso futuro.

Com a agitação presente nos corredores aos poucos tudo foi se silenciando a medida que o barulho dos saltos de Solange ia se aproximando.

_ Gente uma atenção aqui!_ Sol pediu parando no meio do salão, atraindo toda atenção para si.

Ela limpou a garganta e encarou a prancheta em sua mão conferindo alguma coisa antes de respirar fundo e nos encarar.

_ Acho que foram avisados que uma reunião poderia acontecer a qualquer momento._ ela disse levantando alguns cochichos._ Bom, o Sr. Carter solicitou a presença de todos na sala de reuniões daqui a 30 minutos, então não se atrasem._ Disse com firmeza.

_ Já encontraram um comprador?_ Quis saber Julie com uma expressão assustada enquanto segurava sua enorme barriga.

Acho que ela já estava prestes a ganhar aquela criança, mas ainda estava trabalhando.

_ É provavel._ Disse com pesar antes de dar as costas e voltar em direção a sua mesa.

Uns resmungos daqui e dali e logo uma pequena panelinha de teorias absurdas sobre o nosso futuro naquela empresa começaram a se levantar me irritando um pouco por ouvir tanta baboseira.

Claro que Katia e Marina tinham que estar no meio, as duas maiores fofoqueiras da empresa, puxavam o saco ao mesmo tempo em que tentava destruir alguém, um dos motivos pra nunca ter me dado bem com nenhuma das duas.

As chefes das panelinhas.

Enquanto todos mergulhavam nos absurdos das duas najas, me esgueirei pelos corredores até a mesa de Solange afim de tentar entender com clareza tudo aquilo.

Queria que ela me desse ao menos um sinal de que não precisava me preocupar tanto ou eu acabaria surtando com toda aquela tensão e perguntas não respondidas que se formavam em minha mente me aterrorizando.

_ Rafaella!_ Quase gritou pondo mão no coração assim que espalmei minhas mãos sobre sua mesa a pegando distraída._ Quer me matar do coração garota, eu ainda sou jovem demais pra isso._ Resmungou ajeitando seus cachos ruivos sobre a cabeça.

_ Sobre o que é essa reunião, Solzinha?_ Perguntei ainda sem alterar minha pose enquanto minha expressão de necessitada permanecia em meu rosto.

Ela olhou para a sala próxima a sua mesa. onde ainda haviam funcionários chegando.

_ Por que não espera pra entra e descobrir do que se trata?_ Se sentou puxando sua saia social vermelha e entrelaçou os dedos sobre a mesa.

_ Eu esperaria se estivesse em meu juizo perfeito, mas te juro que se eu for entrar ali pra ouvir que serei demitida eu não sei se vou controlar minha crise de choro quando ele disser. quero esta preparada pra isso. Me diz!_ Pedi e ela permaneceu me encarando impaciva.

Ignorando completamente meu desespero exagerado ela arrumou as poucas coisas foram de ordem sobre sua mesa e tornou a me encarar como se avaliasse as possibilidades.

_ Apenas diga que não serei demitida._ Pedi torcendo por uma resposta favorável a mim, afinal, eu não podia perder aquele emprego, não ainda.

_ Ah Rafaella, não é porque sou a secretaria que sei de tudo, e mesmo se soubesse não significa que poderia sair por aí falando._ Comentou com a maior cara de pau.

Bufei como uma perfeita criança birrenta antes de respirar bem fundo e olhar em sua direção com os olhos cerrados. truques de quando quero conseguir algo da lili.

Sempre funcionava.

Não era novidade pra ninguém que Solange sabia sobre tudo o que se passava naquela empresa, e não era apenas pelo cargo de secretária a diferença dela pra kat e mari é que a mesma só contava se tivesse alguma vantagem, e eu sabia disso com exclusividade.

_ Tudo bem, o que quer?_ Perguntei sabendo o quanto ela adorava trocar informações por favores.

_ Tudo bem eu tentei ser boa, você descobriria isso cedo ou tarde sem mim. Mas como você está insistindo tanto, o meu preço é uma garrafa de champanhe pra comemorarmos caso não seja demitida._ Disse com um sorriso me fazendo soltar uma careta.

Ela sabia que eu havia parado de beber desde que tudo aconteceu, no caso, desde que Lili chegou, bebida pra mim passou a ser resumida uma fuga pra casos de grande desespero ou vinho durante final do ano, porém, nada de ficar bêbada.

_ E o que sabe?_ Questionei vendo as pessoas se aproximando.

Ela sorriu certa de sua resposta antes de ajeitar a postura sobre a cadeira.

_ Você não será demitida. Mas se for, podemos usar o champanhe pra uma fuga desesperada._ Disse piscando pra mim antes que eu emburrasse a cara.

Grande ajuda._ Resmunguei comigo mesma antes que o Sr. Carter aparecesse na porta recebendo as últimas pessoas que faltavam pra iniciar aquela reunião.

_ Eu vou cobrar o champanhe._ disse Sol ao ver minha cara de mal humor.

_ Vinho ou nada. Você não me deu resposta alguma_ Comentei fazendo ela rir satisfeita com o efeito que causou.

E assim entrei na sala de reuniões apenas esperando começar pra descobrir o que seria de todos nós, ou ao menos da maioria, me permitindo fechar os olhos por alguns minutos torcendo para que aquele não fosse o dia de minha demissão.

Hoje não. Hoje não. Hoje não.

Foi tudo o que consegui desejar enquanto as portas eram fechadas para que enfim encarassemos o nosso destino na esperança de que não fosse nada ruim.

♥️

Minha Melhor DecisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora