_ Mamãe._ Chamou meu pequeno monstrinho invadindo meu quarto com seu livrinho favorito em mãos.
Não era de grande surpresa as intenções daquela coisinha de olhos brilhantes, por isso, mesmo que cansada após um dia de trabalho, apenas dei duas palmadas no espaço do colchão ao meu lado a convidando a subir.
Sem hesitar ela se esforçou um pouco pra conseguir subir na cama alta demais para sua altura, e no fim, conseguiu sem precisar da minha ajuda.
_ Onde paramos?_ Perguntei pegando o livro de suas mãos e o abrindo na parte marcada por uma velha fita de cetim vermelho.
Certa de que toda sua atenção estava pressa em mim, respirei fundo antes de dar início a leitura.
"Aquele era mais um dia de chuva"._ Comecei a tal história que o meu pequeno monstrinho tanto adorava, sem ao menos cogitar a possibilidade de aquela não ser apenas uma simples história.
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Bom, eu me chamo Rafaella Duran e atualmente tenho 22 anos de idade. Moro em uma cidade pequena situada aqui na cidade maravilhosa como alguns gostam de chamar o Rio de Janeiro.
Posso dizer com gosto que após cerca de 4 anos nessa luta, agora enfim eu estou a poucos meses de terminar meu curso de Administração, assim, logo estarei oficialmente apta a trabalhar na minha área se o Sr. Carter me permitir.
Desde muito nova eu aprendi que deveria lutar com minhas próprias forças se quisesse um lugar nesse mundo, e admito que durante um tempo eu desisti de acreditar na possibilidade de haver um lugar pra mim por aqui.
E por não ter conhecido meus pais, ou um exemplo do que era bom, eu decidi crescer fazendo as minhas próprias regras, assim no auge da minha adolescência e juventude, resolvi que viveria a minha vida como bem entendesse.
Essa não é bem uma fase da qual eu me orgulhe, mas gosto de acreditar que me serviu como experiência.
Antes de pensar em entrar pra faculdade, eu sabia que precisaria me manter de alguma forma e assim eu acabei conhecendo Solange, uma boa amiga que me arrumou um emprego como estagiária em uma empresa.
Como ela dizia, seu chefe era um ótimo patrão e admito que ela não estava errada, afinal, ele me aceitou sem nenhuma experiência e me impulsionou a entrar em uma faculdade, assim as chances de me permitir crescer ali dentro seriam ainda maiores.
Confesso que no começo eu só aceitei tudo isso por causa da grana. Precisava me manter e ter dinheiro o suficiente pra aproveitar o meu tempo livre.
E essa era a vida que eu levava. Uma jovem linda, aos seus 19 anos aproveitando o máximo da vida, enchendo a cara sempre que possível e dormindo com quantos caras quisesse, sempre que quisesse.
Até aí tudo parecia perfeito, pelo menos eu acreditava, sem fazer a menor idéia de que um tempestuoso dia de chuva podesse modificar minha vida por completo.
E foi assim que Lili chegou em minha vida, o meu doce e perigoso monstrinho. O meu pequeno raio de luz, afinal, foi isso que ela se tornou pra mim, um pequeno raio de sol em meu mundo de caos e tempestades.
Pra mim não foi nem um pouco fácil me adaptar com toda a repentina enxurrada de responsabilidades, eu não me sentia pronta e não sei se um dia estarei, afinal, com Liana Duran, cada dia é uma surpresa diferente.
Admito que por vezes eu quis fugir e jogar tudo pro alto sem me importar com nada, afinal, eu nem se quer queria tal responsabilidade, eu não sabia cuidar nem de mim mesma como poderia.
De fato, ser mãe sem nenhum pingo de experiência não é bem algo que eu recomendaria a alguém.
Lili foi um presente que chegou me obrigando a abrir mão de toda a minha vida. E apesar de ter lutado contra deixar o meu passado, no fim, minha única opção era aceitar que resistir seria inútil.
Eu realmente quis me desfazer dela, mas não fiz. Não seria justo, não com ela.
E no fim, foi graças a ela que eu ganhei a minha primeira família, constituída por minha atual melhor amiga Bárbara que acabou passando de uma mimada insuportável para a minha irmã de coração.
Bom, nós nos conhecemos no início da faculdade antes dela desistir do curso alguns anos depois, o que não impediu que nossa amizade continuasse seguindo cada vez mais forte.
Hoje, ela é citada como a tia velha que adora encher meu monstrinho de mimos e admito que no fim, foi ela quem me convenceu a não abrir mão do meu pequeno monstrinho.
Junto com Baby, veio sua mãe, Tia Sandra, meu maior exemplo materno, uma senhora de meia idade com um espirito jovem e um grande coração de mãe, alguém a quem eu não precisaria pensar duas vezes antes de correr para seus braços caso precisasse de um colo.
A vovó aventureira como Lili gosta de chamar, afinal, acho que eu nunca conhecia alguém tão radical e incrível quanto ela.
E por fim, temos o menos importante, Gustavo, irmão de Baby e também o meu maior pesadelo, afinal, ele foi o meu primeiro crush da faculdade mas com o tempo acabei superando isso quando o conheci de verdade, infelizmente Bárbara diferente de mim, ainda não superou.
O que piora tudo se incluirmos o fato deles serem irmãos e morarem juntos.
Digamos que com ele minha relação sempre foi meio complicada, já que sempre usamos a implicância como forma de comunicação direta.
Penso que talvez parte dessa minha implicância seja por um dia ter sentido um tipo de penhasco por ele, sendo claramente ignorada, mas agora reconheço que estava completamente equivocada ao cogitar tal possibilidade.
Apesar de ser inegável a beleza desse imbecil, caso você acabe esbarrando com ele pelos corredores da faculdade, por mais que você faça isso acontecer propositalmente algumas vezes.
O que não é mais o meu caso, eu já parei com isso a muito tempo.
No fim, posso dizer que talvez pela convivência, ele acabou se tornando um tipo de figura paterna para o meu monstrinho, onde por mais que eu ainda o ache um mulherengo insuportável, Lili o ama de uma forma que me deixa incapaz de tentar tirar isso dela.
Então apenas posso ser grata por cada um deles, já que apesar de fazerem da minha vida uma completa bagunça, ainda sim sempre estiveram ao meu lado e me permitiram saber o que é realmente ter uma família de verdade.
Só me sinto um pouco culpada por não ter perguntado o nome daquele moreno gostoso do começo, talvez fosse bom ter mantido o contato, apesar de considerar o fato de talvez nem termos sido apresentados antes de tudo.
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Sentindo meu braço formigar por manter a mesma posição parei de ler por alguns instantes e encarei Liana, na esperança de ter certeza que eu já estava liberada da minha última missão do dia.
E lá estava, o meu pequeno monstrinho adormecido ao meu lado, tão plena como se nada de mal podesse afeta-la enquanto estivesse ali, ao meu lado.
Suspirei fechando o livro e o deixando sobre o criado mudo ao lado da cama.
Acho que essa história ainda está bem longe de acabar._ Pensei me acomodando deitada ao lado de Lili._ Eu só espero que o final dele possa ser feliz.
Foi tudo o que desejei antes de fechar os meus olhos e adormecer, sem pressa ao barulho da chuva que caia lá fora.
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"O dia era chuvoso sim, e por sua falta de coragem Ella não se arriscou a sair de debaixo da cama.
Os trovões pareciam cada vez mais distantes assim como a chuva parecia diminuir a cada minuto.
Pouco antes dela decidir se abandonaria ou não o seu pequeno abrigo, a campainha tocou lhe assustando, mas ela precisaria se decidir:
- Sairia de seu conforto e se arriscaria a descobrir o quê lhe esperava atrás daquela porta.
Ou
_ Deixaria que seu medo ditasse seu destino?"
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1330 palavras.
Obrigada pela leitura.
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Minha Melhor Decisão
RomanceAs vezes a vida é capaz de nos colocar em situações inusitadas só para nos mostrar o quanto somos capazes de superar obstáculos. Com isso, acabamos aprendendo lições que jamais saberíamos caso tais situações não tivessem acontecido. E foi assim que...