C A P Í T U L O _ 0.4

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• T R E S A N O S A T R A S

Ao sair da faculdade onde não consegui prestar atenção na aula um segundo se quer graças ao episódio anterior que insistia em martelar em minha mente, segui direto para o prédio da empresa.

A correria, os telefonemas, as anotações e reuniões tão cansativas como o de costume, me permitiram ser praticamente uma das últimas funcionárias a deixar aquele lugar.

Tudo graças a falta de Solange e os favores que eu devia a ela.

Enquanto saía do prédio e dirigia a caminho de casa pelas ruas pouco movimentadas, tentei processar um pouco de toda aquela loucura que havia acontecido, afinal, graças a esse acontecimento eu passei todo o meu dia me sentindo como se estivesse dopada, ainda em choque.

Era difícil acreditar que eu podesse ter tirado uma nota boa naquele estado.

Assim que cheguei no prédio do meu apartamento, cumprimentei o moço da portaria e peguei o elevador a caminho do meu andar encontrando como esperado as luzes dos corredores apagadas e o total silencio pela hora avançada.

Aquela hora ninguém mais devia estar acordado.

Caminhei a passos rápidos até minha porta, sendo ela a última daquele corredor escuro e estanquei a alguns passos de distância ao me surpreender com uma estranha cesta em frente a minha porta.

Com o cenho franzido me questionei se eu havia feito alguma encomenda que não lembrava, afinal, aquela não era uma vizinhança gentil ao ponto de deixar uma cesta de mimos em frente a sua porta.

Deixei tais pensamentos de lado ao ouvir um barulho estranho no corredor, então me apressei em abrir minha porta e entrei o mais rápido possível levando a cesta comigo.

Deixaria pra descobrir o que séria aquilo num lugar menos assustador quanto aqueles corredores durante a noite.

Após entrar larguei o cesto no chão junto a minha bolsa molhada e segui até o meu quarto com o objetivo de trocar aquela roupa que ainda estava meio úmida ou corria o risco de pegar uma baita pneumonia.

Enquanto me trocava, acabei deixando um alto espirro escapar e acabei me assustando ao ouvir um espirro tão diferente ecoando pela sala.

_ Acho que estou ficando com febre._ Resmunguei cogitando a possibilidade de estar tendo alucinações ou algo do tipo.

Quando enfim terminei de me trocar, passei pela sala e entrei direto na cozinha pegando uma grande xícara de chá. Aquilo devia servir pra alguma coisa, afinal, foi o que a inútil da Bárbara havia recomendado após me ver espirrando pelos corredores.

Voltando a sala, eu estava prestes a me sentar no sofá quando me lembrei daquele cesto que deixaram em frente a minha porta, o qual eu ainda não fazia idéia de seu paradeiro.

Será que o cara da noite passada descobriu meu endereço, sem ao menos saber meu nome?

Senti um breve calafrio subir por minha espinha, mas ainda sim me aproximei do cesto e peguei um pequeno bilhete que estava todo dobrado amarrado ao cesto com uma delicada fita azul.

Sem nome de remetente, destinatário nem endereço. Isso fez uma careta confusa surgir em meu rosto, mas sem demora abri aquele bilhete de uma vez.

"Está é a coisa mais preciosa que eu tenho, a proteja, por favor. Eu estou confiando isso a você."

E essa simples carta, foi o suficiente pra fazer com que todo o meu corpo se arrepiasse e uma súbita náusea me atingisse, afinal, minha possível suspeita sobre aquele cesto acabara de ser confirmada.

Minha Melhor DecisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora