C A P Í T U L O _ 0.1

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• T R E S _ A N O S _ A T R A S •

Temendo realmente ter atropelado alguém, pisei no freio com todas as minhas forças fazendo o carro parar com brutalidade, lançando meu corpo pra frente.

Sem pensar duas vezes abri a porta do carro as pressas e sem ao menos me importar com temporal que caia, eu sai.

Eu já tinha problemas demais pra acabar indo para prisão acusada por homicídio, isso pra mim era motivo o suficiente pra ignorar de estar debaixo de um pé d'agua, sozinha em uma área não tão segura da cidade.

No momento a única coisa que se passava na minha cabeça era a esperança de que não tivesse sido nada grave, afinal, se eu fosse assaltada, ao menos meu carro tinha seguro enquanto a vida de quem eu atropelei, provavelmente não.

A idéia de acabar indo parar atrás das grades ainda me assombrava, por isso apenas me apressei em seguir até onde o estrago tinha sido feito, o que me fez parar subitamente.

O que era aquilo?_ Me questionei ao ver uma pessoa completamente encapuzada caída em frente ao meu carro.

Que droga era aquela?

Sentindo a chuva encharcar cada vez mais rápido toda a minha roupa, pude notar o momento em que a pessoa a poucos passos de distancia de mim começou a se levantar ainda meio tonta, me fazendo hesitar entre correr ou ajudar, afinal, eu a tinha atropelado.

Por algum motivo, ou talvez pelo pânico, minha única reação foi permanecer imóvel.

_ Você... Você está bem?_ Perguntei entre gagueira ainda sem saber ao certo como reagir aquela situação.

Com a pessoa já de pé, pude notar que ela não era muito alta, talvez o meu tamanho ou menos. O sobretudo escuro e pesado que envolvia seu corpo aparentemente esguio já estava completamente encharcado e cobria boa parte de seu rosto deixando apenas seus lábios finos e rachados sobre uma pele pálida a amostra.

Pelo que pude avaliar, se tratava de uma mulher, onde a medida do sobretudo terminava em seus joelhos deixando um fino tecido que ia até os seus pés a amostra, algo parecido com uma camisola ou alguma coisa desse tipo.

Me perguntava se ela estaria doente, fugindo de alguém ou era apenas mais uma moradora de rua buscando abrigo em meio a tempestade.

_ Me deixe ajuda-la._ Pedi e tentei dar um passo em sua direção mas não foi uma boa ideia.

Como resposta a minha aproximação, ela se afastou bruscamente do meu toque e pude perceber o momento em que ela abraçou algo que havia em seus braços sobre o capuz e eu ainda não havia percebido.

Ignorando o que ela tanto escondia, voltei a focar minha atenção nela e em todo aquele acontecimento bizarro enquanto questionava o porquê esse tipo de coisa só acontecer comigo.

Respeitando seu distanciamento, abracei meu próprio corpo quando um vento gelado soprou praticamente me congelando.

_ Olha moça, eu só quero te ajudar. Me deixe leva-la a um hospital, ou a sua casa pelo menos. Por favor..._ Falei tentando controlar o bater dos meus dentes.

Tentei me aproximar uma última vez, mas novamente ela se afastou como se, de fato, eu podesse representar algum perigo.

_ Por favor._ Pela primeira vez pude ouvir sua voz, um tom meio rouco e baixo que apenas serviu para fazer com que uma estranha corrente subisse por minha espinha.

Eu conhecia aquela voz, só não fazia a menor idéia de onde a tivera ouvido antes, o que me deixou ainda mais intrigada em saber quem era aquela mulher.

Minha Melhor DecisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora