Prólogo

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Há muito tempo atrás, uma guerra entre Phynzak e os outros Reinos explodiu no mundo, e essa guerra foi um presente. Um presente para Ela.

Foi quando uma grande fresta surgiu nas barreiras e Ela conseguiu passar pela abertura, conseguiu entrar novamente nesse mundo.

Tinha ficado muito tempo presa em um mundo sombrio e, quando voltou para esse mundo, passou muito tempo sozinha e escondida no Bosque de Haeshym. Onde foi recuperando suas forças, até ter o suficiente para trazer um mortal para o seu lado, para ajudá-la a sair do bosque.

Tinha conseguido não só um mortal idiota, mas dois, e concluiu a primeira parte de seu plano. Os dois idiotas concluíram o restante do plano para Ela, lhe conseguiram um corpo mortal e uma alma cheia de poder, que iria ajudá-la a recuperar sua força por completo.

No seu primeiro dia em um corpo novo, Ela experimentou e conheceu várias palavras mortais em um curto período de tempo, e as que mais gostou foram "Divina Rainha Suprema", que uma de suas marionetes, com um título de Rei, lhe chamou.

Ela achava deliciosamente satisfatório ser chamada assim.

Uma das suas duas marionetes estava nesse exato momento ao seu lado, enquanto vomitava sangue em um canto, em um arbusto.

Vomitava, que coisa mais mortal.

Essa era a parte ruim de estar em um corpo mortal, se acostumar com sua fraqueza. Mesmo que esse corpo tenha sido feito especialmente para suportar a Divina Rainha e o enorme poder que Ela carregava durante séculos, desde sua criação.

O Criador, como os mortais chamam tal poder, que tinha nascido junto com o corpo da jovem era pequeno comparado ao grandioso poder que a Divina Rainha possuía. Mas era esse Criador que iria fazê-la forte novamente, iria trazer a grandiosidade do seu poder de volta — seu poder, que foi diminuindo naquele mundo cheio de escuridão, tornando-a fraca e incapaz.

A jovem era um problema que a Ela tinha que resolver em breve. Seu poder tinha que voltar logo, para que ela pudesse dar um fim a essa garota.

Uma consequência de precisar de um corpo mortal era que o poder da jovem era ligado a alma da mesma, e por isso a garota tinha que estar viva para que Ela pudesse continuar em seu corpo e usasse o Criador para que seu poder aumentasse cada dia mais. Seu poder então iria se acostumar com esse novo corpo e iria melhorá-lo. E por fim a Divina Rainha poderia matar a jovem definitivamente.

No caso, a alma da garota.

Uma alma que Ela prendeu na mais profunda escuridão, no canto mais fundo da mente.

A garota estava lutando contra Ela, arranhando as paredes invisíveis com suas unhas e gritando de raiva, tristeza, pavor, tentando sair de sua prisão e pegar de volta seu corpo. Uma tarefa difícil, afinal, ninguém era mais forte que Ela. A garota não tinha nenhuma chance.

Lute, garotinha, lute até cansar. Ela vivia dizendo para sua prisioneira. Vai perder a esperança em breve.

Uma hora a garota iria cansar de lutar, perceber que não podia lutar contra Ela e sua força e se conformar que seu destino final era a morte. Por enquanto, Ela podia aguentar perfeitamente o sangue que vomitava sempre que usava seu poder. Era questão de tempo até ele está forte novamente.

— Se sente melhor, minha Rainha? — sua marionete perguntou assim que ela parou de vomitar.

Assim que ergueu o olhar, encontrou um lenço de seda estendido para que pegasse, um que ele sempre carregava no bolso. Não foi difícil de perceber o estremecimento que percorreu o corpo do homem quando o olhar negro dela focou em seu rosto. Os olhos esverdeados que ele conhecia não existia mais.

Porém, o estremecimento era devido ao corpo dela, que estava totalmente nu — a Divina Rainha ainda não havia se acostumado com as roupas mortais, e ele não se acostumou a vê-la nua. Esse homem a admirava de uma forma que chegava a ser uma obsessão, ele com certeza queria tocá-la de uma forma íntima, mas também havia o medo e isso era ótimo. O medo o deixava mais fácil de controlar.

A Divina Rainha bufou, dispensando o lenço, e limpou a boca com as costas da mão.

— Vou me sentir melhor quando eu tomar tudo para mim.

Ela levou seu olhar para a frente, para o lugar onde tinha se teletransportado junto com a marionete que, sinceramente, ela ainda tentava lembrar o nome. Aleti? Akila? Alek? Algo assim. Não se importava.

Se importava com o que tinha em sua frente, com o que ela queria derrubar. As barreiras. Até parecia que ali tinha uma linda e enorme floresta, era essa a visão pelo menos, mas, se alguém tentasse dá um passo à frente, seria queimado vivo e jogado a vários metros longe — isso se conseguisse lutar contra o controle da mente que obrigava a dá meia volta e ir para longe dali. Entretanto, ninguém nunca chegava nem perto do local onde ficava as barreiras. Era muito longe, uma terra desconhecida pelos reinos.

Azila estava a salvo do controle da mente das barreiras graças a Divina Rainha, que o protegia. Usando uma das habilidades de seu poder, que foi a primeira a aparecer, Proteção.

A Rainha olhava para onde as barreiras se encontravam com uma fúria gigante no olhar. Com ódio. Ela iria derrubá-las. Iria encher o mundo de trevas. Iria acabar com todos eles. Então iria destruir esse mundo que acabou com sua vida. Enquanto não destruía tudo, iria matar sem piedade aqueles que não viessem para o seu lado, que não a ajudassem com sua vingança.

— Você logo conseguirá tudo, minha Rainha.

Alika a bajulou, olha para ela com adoração, como sempre.

Irei me vingar. — ela murmurou, ignorando sua marionete e fechando seus punhos com força. — Irei vingá-la.

Estava sentindo tanta fúria, tanto ódio, que era como se, nesse exato momento, a Rainha tivesse o poder suficiente para derrubar essas malditas barreiras, só com a força do ódio. Mas não tinha. Tinha que esperar que seu poder aumentasse.

Por enquanto, o que restava era a união se quebrando entre os Reinos, a desconfiança que tinham um do outro, a promessa de guerra, que sempre abria uma fresta entre as barreiras. Uma abertura para que alguns de seus bichinhos das sombras pudessem passar e fossem de encontro a sua Rainha neste mundo. Ela já tinha alguns ao seu lado, mas não todos — eram um exército enorme para passar todos de uma vez. Só teria todos quando as barreiras caírem. E elas cairiam.

Logo eles iriam pagar pelo o que fizeram no passado, tantos séculos atrás. Logo.

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