Capítulo 44

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LORCAN
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Os Raingrees não estavam esperando três pessoas correndo desesperadas e determinadas até seu acampamento, então demoraram um pouco para assimilar o que estava acontecendo — ainda mais com o susto causado pelo raio e a barraca em chamas.

Usei ao meu favor a lentidão deles em correr para pegar suas armas e preparar as flechas para nos atacar. Aproveitei que todos se juntaram em um único ponto do acampamento e levantei uma parede de fogo ao redor deles, para mantê-los longe de nós e da pira onde nosso pessoal está.

Estava prestes a usar minha super velocidade para ir até a pira quando Henrik parou em minha frente e me impediu de continuar. Seus olhos estavam arregalados de desespero.

— Vá até a barraca, por favor. — ele suplicou. — Lorine está lá. Kalin e eu soltamos os outros.

Olhei na direção em que a barraca estava. Para chegar até lá teria que passar pela minha parede de fogo, onde prendi grande parte dos guerreiros, ele sabe disso. Sabe que sou o único capaz de fazer isso por ser imune ao fogo. E ainda posso usar minha velocidade para passar pelos Raingrees que estão perto da barraca. Fora que teria que me concentrar para manter a parede de fogo em pé, lutar contra os Raingrees que estão usando seus poderes de ar para tentar apagar o fogo. Não são muitos com o poder de controlar o ar, se estou sentindo os ataque de forma clara.

Não pensei muito na Lorine, na hipótese dela estar mesmo na barraca, quando levantei a parede de fogo. Só queria manter os guerreiros afastados.

E o pior era que talvez Lorine não estivesse mais viva. Não conseguia ouvir um grito vindo da barraca graças ao barulho que os Raingrees estavam fazendo. Só conseguia ouvir o grito desesperado de Alyna, chamando pela irmã.

Suspirei e concordei com o pedido de Henrik. Não custava tentar. Se fosse alguém que eu amo dentro daquela barraca, também iria querer que alguém tentasse salvá-la.

Deixando Kalin e Henrik encarregados de soltar os outros, agora que os caras que estavam os prendendo estão longe da pira, corro em direção a barraca.

Com minha super velocidade, desviei com facilidade dos Raingrees que estavam perto da barraca e entrei na mesma. Ou melhor, no que sobrou dela. Os Raingrees tinham apagado o fogo com seus poderes, mas ainda havia uma chama aqui e ali.

Ergo outra parede de fogo ao redor da barraca para manter as pessoas longe antes que eles consigam me atacar com espadas e flechas. Tenho que cerrar os dentes para me concentrar em lutar contra os poderes deles e conseguir manter as duas paredes. Até agora, estou aguentando. Mas não por muito tempo.

Olho rápido para o chão e vejo dois corpos caídos no centro da barraca. Reconheço o corpo de cima como um Raingrees. A parte de trás do seu corpo está preta, imagino que foi onde o raio o atingiu. Sabendo que ele está morto, jogo o corpo em direção ao fogo da parede.

Quando vejo Lorine, não me sinto culpado por ter jogado o cara no fogo.

Se ele trouxe ela para cá e está em cima dela, ele merece queimar e virar cinzas. Mereceu a morte por um raio. Imagino que Lorine estava disposta a morrer se isso iria causar uma distração para os outros fugirem. Ou continuar sendo uma prisioneira.

Porque ela não está morta.

Arregalo os olhos quando percebo que seu peito sobe e desce com lentidão.

Ela sobreviveu a descarga elétrica do raio. Já que ela criou o raio, ela é imune a ele, assim como eu sou com o fogo. Acho que ela não sabia disso, ou sabia e teria concluído que iria morrer de qualquer outra forma por matar um Raingrees.

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