Capítulo 21

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                               LEON
                               ______


Tenho dificuldade para respirar e não sinto mais nada além de dor.

Não consigo aceitar que minha irmã não pode ser salva.

Minhas esperanças morreram.

Minha família toda morreu.

A dor que sinto é muito maior, muito pior do que aquela que sentir quando vi aquela mulher no corpo de minha irmã. Tive esperanças ontem, e hoje elas foram esmagadas. Minha irmã realmente está morta. Ou logo estará. E eu não tenho como ajudá-la, não posso fazer nada para cumprir a promessa que fizemos um para o outro.

Sou um idiota por não ter entrado em contato com minha irmã antes, quando eu estava em Hemort, por não ter tentado conhecê-la melhor quando ela estava naquele maldito castelo daquele maldito rei. Sou uma péssima pessoa. Mas tive de quem puxar. Minha mãe era um monstro. Meu pai não devia ter morrido como ela com aquela maldita doença, ele não merecia. Nesse momento, preciso dele ao meu lado mais do que nunca.

Eu devia ter ficado doente também, devia ter morrido tanto tempo atrás. Não tem porque eu estar vivo. Eu não irei conseguir seguir em frente com essa dor gigante em meu peito. Como seguir em frente após perder toda minha família?

— Leon! Espera!

Não ligo para quem está me chamando aos gritos. Continuo andando, sem ter ideia de quanto tempo faz, de para onde estou indo, pois não absorvo as coisas ao meu redor. As lágrimas estão impregnadas em meus olhos e eu não vejo nada.

— Leon! — alguém grita novamente, dessa vez mais perto. — L E O N!

A pessoa segura em meu braço com força e consegue me fazer parar. Devia lutar contra o toque e me afastar, mas acabo me virando e, em meio às lágrimas que fazem minha visão ficar embaçada, encontro Caswell parada em minha frente.

— Leon, vamos conversar.

Ela pede. Sugere. Não sei. Balanço a cabeça, negando. Não quero falar. Só quero ficar sozinho em meu sofrimento. Não quero a pena de ninguém. Quero me encolher em um canto qualquer e esquecer tudo desse mundo.

— Vai fazer bem para você. — ela continua insistindo. — Vem.

Ela puxa meu braço, querendo que eu a acompanhe. Não quero ser grosseiro, não quero descontar minha raiva nela como fiz com os outros, ela não merece, então a acompanho em silêncio até onde a mesma quer. Não sei para onde ir mesmo, então não custa deixar ela me guiar para um lugar qualquer, depois eu posso procurar um canto e ficar sozinho.

Acabamos nos sentando em um banco que construíram abaixo de uma imensa árvore depois de uns dois minutos. Olho para as minhas mãos, sem nenhuma vontade de falar — algo que ela quer que eu faça.

Caswell segura uma das minhas mãos e a acaricia com lentidão por uns dois minutos, não sei, sem dizer absolutamente nada. Provavelmente fez isso para eu parar de olhar para minhas mãos, mas ainda não consigo erguer meu rosto.

— Eu sei a dor que você está sentindo. Também já perdi uma irmã. — ela finalmente fala. Sua voz suave não me ajuda em nada. — O que descobri em meu luto é que conversar sobre minha irmã com outra pessoa ajudava bastante com a dor. Ajudou muito o Jonny também.

Continuo parado, em silêncio e sem olhá-la. Ver a pena em seu olhar...é a última coisa que eu preciso, mesmo que ela entenda a dor de perder alguém.

— Pense no que sua irmã iria querer para você.

Isso é o que me quebra mais.

Não sei o que Allyria iria querer para mim. Não sei o que ela iria dizer para tentar amenizar meu sofrimento. Eu não a conhecia direito. Eu não tive tempo o suficiente com ela para guardar lembranças de seus conselhos.

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