Histórias Perdidas

Capítulo 5

LORCAN
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Eu poderia pensar que estava tendo um sonho, ou uma alucinação, devido às noites mal dormidas que estou tendo, entretanto, eu estava ouvindo a voz de Allyria depois de dias de preocupações e saudades, por isso não hesitei em abrir os olhos assim que ela me pediu.

Estava deitado no chão e a primeira coisa que eu vi foi o céu extremamente azul, como uma manhã ensolarada e sem nuvens. Tinha duas coisas estranhas nesse lugar. A primeira era que, assim que virei a cabeça para olhar onde eu estava, encontrei o local iluminado pela luz do sol mas, se olhasse para o céu, não iria encontrar esse sol. A segunda era que eu conhecia o lugar.

Era o campo florido do jardim de Mylathow onde Allyria e eu demos o nosso primeiro beijo.

As flores continuavam as mesmas. Rosas, lírios, margaridas, orquídeas, girassóis e tantas outras. Uma mistura que causava no ar um perfume delicioso e calmante.

Eu ainda observava a paisagem ao meu redor quando a mesma piscou, sumiu e voltou a aparecer — como um sonho que está sumindo enquanto acordamos. Sentei rapidamente sobre a grama ao notar aquilo. Estranho, surreal. Era mesmo um sonho, concluí, mas que ao mesmo tempo era algo verdadeiro. E ele estava prestes a sumir.

— Lorcan…

A voz de Allyria me chamou novamente, e eu olhei tudo ao redor a procurando com o coração pesado. Allyria. Allyria. Allyria. Só sabia pensar em seu nome enquanto meu olhar procurava freneticamente o local onde ela estava. Mas nada. Não conseguia vê-la, ela não estava em canto nenhum.

— Não estou aguentando...— a voz dela novamente. — não consigo segurar. Está doendo…

Eu não conseguia vê-la mas, estranhamente, conseguia sentir sua presença. O seu perfume estava por toda parte. Ela estava em algum lugar, mas invisível. Conseguia perceber o choro em seu tom de voz, e meu coração estava se quebrando ao ter conhecimento de seu sofrimento, a sua dor, que começava a me consumir. Era algo pequeno, entretanto, ainda estava ali dentro de mim. Como uma formiga andando por meu corpo, anunciando sua pequena presença.

Eu queria poder olhar para ela, tocá-la, pegar toda sua dor para mim, respondê-lá, mas não conseguia fazer nada disso. Meus lábios estavam colados um sobre o outro, me impedindo de falar com ela.

Por que isso está acontecendo? Por que não consigo respondê-la? Eu preciso falar com ela, mas...

Uma parede estava no meio de nós dois. A conclusão piscou em minha mente.

— ...Estou sumin...algo está... impedindo de nos... comunicar…

Sua voz estava ficando em um tom baixo e sumindo, ao mesmo tempo que tudo ao meu redor voltava a piscar e começava a sumir.

Não. Não. Não.

Não tínhamos nos falado direito. Ela não me deu nenhuma pista de onde estava sendo mantida presa. É a minha chance de encontrá-la! Ela não pode sumir ainda!

Fique. Fique. Fique. Implorei mentalmente, como se isso fosse ajudar. Só que não adiantou de nada.

— ...você tem que descobr... o que é...e tentar contato comig...prometa...Lorcan…

No momento em que ela falou meu nome, tudo sumiu, me levando para a escuridão novamente.

Eu prometo, Allyria. Eu prometo. Eu gritei em minha mente enquanto voltava para o mundo real. Não sabia se ela conseguiu me ouvir, mas eu iria cumprir aquela promessa, custe o que custar.