Capítulo 26

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LEON
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Foi uma angústia a viagem até Fadroghe, mais conhecida como a capital de Hemort, onde Lorcan e sua família e os poucos nobres de Hemort moravam.

Eu tentava afastar qualquer pensamento de que talvez pudéssemos chegar tarde demais e Lorcan já estivesse morto. Isso não iria acontecer, de jeito nenhum.

Amram, Henrik e Roman sabiam o quanto eu estava com medo do que fosse acontecer, então não reclamavam quando eu pedia para que a gente não demorasse em nossas paradas para descanso. Precisávamos chegar ao castelo antes do amanhecer. O sol poderia estragar nosso plano de fugir sem que ninguém nos visse. Tinha que ser tudo no escuro.

Enquanto não chegavámos restava torcer, restava ficar calmo. E, para me acalmar, eu pensava em Caswell, pensava em nossa despedida antes que eu saísse da aldeia.

Eu estava tão preocupado de ir logo que não pensei em me despedir de ninguém, então fiquei esperando o pessoal na entrada da aldeia, bastante inquieto e apressado. Então Caswell apareceu e se aproximou correndo de mim, com a respiração ofegante e o rosto vermelho.

— Leon...— ela colocou as mãos no quadril e respirou fundo. — Te procurei em todo o lugar. Bem, não em tudo, encontrei Amram e ela disse que você estava aqui. Estava indo sem se despedir?

Me sentir mal por não ter ido a sua procura. Caswell me ajudou tanto quando eu mais precisei, o mínimo que eu podia fazer era ir me despedir dela. E, pensando melhor agora, teria sido muito bom ter ido até ela. Mas ela veio até mim, o que é ótimo.

— Me desculpa, Cass. Estou com a mente tão… — não encontro a palavra certa para descrever como estava no momento, então balanço a cabeça. — Não pensei direito.

O sorriso que ela me lançou me fez esquecer minha inquietude tão rápido que fiquei surpreso, ainda mais quando meu coração errou uma batida. Repassei em minha mente o que falei para ela ter essa reação de surpresa e alegria e percebo que a chamei por um apelido. Um apelido que pelo jeito ela gostou bastante se estava sorrindo dessa forma para mim.

— Tudo bem, estava ocupada demais te procurando para ficar brava. — ela dei de ombros e se aproximou um pouco mais de mim. — Queria te dá uma coisa…

Ergo as sobrancelhas ao lhe avaliar e não encontrar nada consigo. Talvez fosse algo pequeno, mas seu vestido também não tinha bolsos…

— Antes que eu me arrependa.

Ela interrompeu meus pensamentos ao se aproximar mais, colocar suas mãos em meus ombros e me puxar para si. Bastante surpreso, meus olhos se arregalam quando seus lábios se juntaram aos meus, contudo, não demorei a corresponder seu beijo antes que ela achasse que não tinha gostado e se afastasse. Envolvi meus braços em seu quadril e a puxei ainda mais para perto, se isso sequer é possível. Senti o corpo de Caswell se estremecer em meus braços quando intensifiquei o beijo que havia começado de forma tímida.

Em meio de tantas coisas ruins, esse beijo foi a coisa mais certa e a mais incrível que me aconteceu. Era como uma bela canção que arrepia todo meu corpo e lhe traz paz e uma alegria imensa. Era algo que não queria que terminasse tão cedo, mas Caswell se afastou com a respiração ofegante e a mão sobre o peito.

Será que seria rude se eu não a deixasse falar e voltasse a beijá-la? Pensei, bastante ansioso para sentir essas emoções boas de novo.

— Eu sei que você está em luto pela sua irmã e preocupado com seu amigo, mas preciso dizer.

Inspirei fundo com suas palavras. Elas quase fizeram com que toda a minha inquietude voltasse, mas o sorriso que se abriu em seus lábios e o brilho no seu olhar me fez sorrir de volta para ela.

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