Capítulo 9

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LORCAN
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Tum. Tum.
Tum. Tum.

As batidas do meu coração me tiram dos meus pensamentos inquietos, que me deixavam ansioso, frustrado e sem saber o que fazer a não ser bater os pés na terra e olhar para as árvores — as únicas coisas que tinha naquela floresta. Árvores e árvores. E alguns cantos de pássaros.

O sol havia aparecido a uma hora atrás e já fazia três horas que paramos para descansar e esperar que Lorine e Leon chegassem até onde estávamos.

No nós eu quero dizer eu, Alyna, Conrad e Kalin. Não havia trazido nenhum guarda para me proteger, porquê um: levar guardas para uma aldeia? E dois: não achei necessário por confiar que Alyna e Lorine gostassem de mim o suficiente para atacar alguém que tentasse me ferir, porque eu sei que Leon sim. Assim como eu faria o mesmo por eles. Estávamos juntos nessa.

Essa decisão deixou minha mãe ainda mais furiosa, contudo, conseguir acalmar o máximo possível a preocupação dela. Ela prometeu confiar em mim e não mandar ninguém atrás de nós. Os Sevark Waghanr sempre cumprem suas promessas, assim como são mais do que bons em lutas. Se alguém me atacar, vou saber me defender. Sou um guerreiro.

Saímos do castelo no final da tarde de ontem e Conrad disse que o nosso destino estava a alguns minutos de onde estávamos descansando, causando-me uma grande surpresa e ainda mais ansiedade. Sendo Rei de Hemort, conheço todas as terras populosas do meu Reino e as que ficam entre as fronteiras com Mylathow, porém, viemos para algum lugar que eu não conhecia do Bosque de Haeshym, que se divide entre Hemort e Mylathow, uma floresta que não tem fim e vai muito além dos dois Reinos. Então não tinha conhecimento de qual era o nosso destino final e isso era bastante chocante para mim.

Um lugar a algumas horas de caminhada da capital de Hemort que eu não conheço? Estava entusiasmado para conhecê-lo. Um entusiasmo que se mistura com a ansiedade pelas respostas que eu precisava. Que eu iria, esperava, ter.

— Eles estão chegando.

Kalin anunciou, continuando a cortar fatia por fatia de uma maçã com uma faca e as colocando em sua boca. Ele era o único que continuava a comer sem parar as frutas que tínhamos pegado no castelo, e que foram nosso café da manhã junto com pedaços de bolo e pães. Conrad estava deitado no chão, Alyna estava se distraindo em um canto usando seu poder nas árvores e eu estava sentado sem fazer nada, com minha ansiedade me fazendo companhia.

— Como você sabe? — Alyna perguntou, com seu típico tom rígido de sempre, se virando para olhá-lo.

Ela estava furiosa por nenhuma de suas perguntas terem sido respondidas até agora. A cada pergunta que a princesa fazia em nossa caminhada, Conrad dizia que só iria às responder quando nós chegássemos no local que estávamos indo, o que só aumentava a fúria da princesa. Alyna já estava chateada por ter tido que mandar Munia de volta para Likajhi, sozinha, e cansada por ter que andar a pé pela floresta por horas.

Os cavaleiros de Artys não são acostumados com isso. E Alyna está acostumada com o frio, não com a temperatura alta de Hemort.

— Porque eu guiei a ave até aqui. — Kalin a respondeu.

Tanto eu quanto Alyna levantamos as sobrancelhas com curiosidade. Esperávamos silenciosamente que ele explicasse como tinha feito tal coisa.

— Conrad pediu que Lorine seguisse para o leste do bosque e eu fiquei atento, esperando a ave estar próxima o bastante para eu guiá-la até aqui. Foi fácil sentir a presença dela, as Artys são bem antigas e poderosas. E eu nunca entrei dentro da mente de uma. Uma experiência única.

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