Capítulo 38

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LEON
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Estou correndo por uma floresta.

Galhos caídos arranham meu corpo enquanto corro. Eles se mexem, fechando meu caminho, e são tantos que causam cortes atrás de corte pelo meu corpo e me sujam bastante. Eu não me importo com os obstáculos, com as feridas e com a dor, só continuo correndo.

Me sinto perdido. Desesperado.

Estou gritando umas palavras estranhas, repetindo-as várias e várias vezes, mas não entendo o significado.

Tropeço em um galho, caindo de cara em uma poça de água. Ergo o rosto da água com rapidez e encho os pulmões de ar, o coração batendo descontrolado por causa da adrenalina. Quando levanto o olhar, percebo que na verdade cair em um riacho e estou em uma clareira. É um lugar belíssimo, muito diferente da floresta assustadora pela qual estava correndo. A luz do sol reflete no riacho e faz tudo ao redor brilhar. As árvores parecem vivas. Ouço os pássaros cantando, vejo pequenos animais correndo de um lado para o outro, vejo flores que nunca tinha visto antes. Esse lugar irradia felicidade e plenitude.

Estou me erguendo do riacho quando um animal entra em meu campo de visão. Meus olhos se arregalam ao observá-lo. Ele tem a pelagem avermelhada e branca e parece uma raposa, mas não é. É uma criatura enorme, que provavelmente é da altura do meu peito, e tem uma cauda grande e peluda. É fofa, mas não me engano, ela pode acabar me atacando e se mostrar mortal. Ela me olha fixamente, como se me conhecesse.

Sinto que também a conheço.

Leon.

Me assusto quando o chamado ecoa em minha cabeça, em uma voz estranha. Não é difícil concluir que a criatura está falando comigo, só tem ela aqui comigo.

Me assusto ainda mais quando me vejo afundando no riacho. Eu estou no raso, como isso é possível? Tento me mexer para me salvar, mas não consigo, meu corpo está pesado demais. O medo que estou sentindo me faz afundar ainda mais rápido. Volto a olhar para a criatura, suplicando silenciosamente com o olhar que ela me ajude e não me deixe me afogar. Mas ela só me olha. Acho que realmente ela não é uma criatura boa.

A água já está batendo em minha boca, me impedindo de gritar por socorro. Na verdade, nunca conseguir pronunciar nada nesse lugar além daquela língua estranha.

Que lugar é esse? Quem é essa criatura? Não irei poder buscar respostas, já estou me afogando.

Não ignore seu poder.

A voz estranha da criatura volta a falar na minha cabeça. E é a última coisa que escuto antes de me afundar na escuridão.

Acordo e sento na cama com rapidez, colocando as mãos sobre a garganta e inalando o ar com força e desespero.

Demoro dois segundos para perceber que não estou me afogando, que estava apenas sonhando. Solto o ar com alívio, começando a me acalmar.

O sonho de novo. É a terceira vez.

— Você está bem? — uma voz sonolenta diz ao meu lado.

Olho por entre as cortinas da janela, vendo que ainda está escuro, e depois olho para a mulher que está deitada ao meu lado na cama e abro um pequeno sorriso quando ela coloca sua mão em minhas costas e começa uma carícia para me transmitir calma. É incrível receber esse carinho de Caswell, mas me sinto mal por ter atrapalhado seu sono. Pela terceira noite consecutiva.

— Sim, desculpa. — volto a deitar, entrelaçando minha mão na que ela está usando na carícia. Viro de lado e olho para seus olhos sonolentos. — Só o sonho idiota.

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