Capítulo 6

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                               KALIN
                               _______

Eu poderia levantar e pegar aquela serviçal atrevida de jeito, mas não estava tão afim assim.

Enquanto a jovem me servia, ficou roçando sua coxa — e até mesmo sua bunda —, em meu braço que estava caído sobre a cadeira. Eu meio que estava deitado naquela cadeira super confortável, então ela conseguia fazer os movimentos necessário para tentar me provocar. Quando serviu Conrad, sentado à minha frente, ela se abaixou o suficiente para que seu decote me mostrasse seus seios avantajados, e a mesma ainda abriu um sorriso provocador ao se endireitar e sair rebolando para fora do cômodo, provavelmente esperando que eu fosse atrás dela no corredor.

Ela era bonita, pele de um tom marrom claro, cabelos negros presos em um coque, olhos castanhos escuros e um corpo cheio de curvas. Mas eu não iria atrás dela, estava muito confortável naquela cadeira e não iria largar aquela comida deliciosa por nada. Nem mesmo por uma jovem gostosa. Não estava tão desesperado como ela.

Certo, eu era um mulherengo. Perdi as contas de quantas mulheres já peguei desde que perdi minha virgindade aos dezesseis anos, de quantas já larguei minutos depois do sexo, de quantas tive que magoar para que saíssem do meu pé. Eu nunca tive um relacionamento, e não iria ter um tão cedo. Muitas mulheres adivinham isso no momento em que me olham, querendo alguns minutos, ou horas, de sexo comigo.

Todas sabem que sou um babaca. Não tenho porque não admitir isso, porque fingir alguém que não sou só para agradar. Eu sou um babaca.

A jovem que me perdoe, mas irei aproveitar os privilégios de ser convidado do Rei o máximo que eu posso. E, mesmo que esteja acontecendo uma tensão sexual em minha frente, eu não iria me levantar da cadeira e deixar os pombinhos sozinhos.

Era isso que Alyna e Conrad estavam tendo. Uma tensão sexual.

Meu amigo com certeza estava tendo tesão pela princesa, mas ela não demonstrava interesse por ele. Muito menos em mim, um homem lindo e maravilhoso. Entretanto, eu via quando ela lançava olhares rápidos para Conrad, quando este estava distraído com alguma coisa. A princesa era osso duro de roer mas, como qualquer outra pessoa, parecia ter seus pensamentos pervertidos. Pena que esses pensamentos não eram comigo, eu a pegaria se ela tivesse interesse. Ela era bela, mesmo com aquela cicatriz no rosto.

Deve ser por isso que Conrad está excitado por ela, ele adora uma cicatriz. Cada um com seus desejos, quem sou eu para criticar? Mas a princesa Alyna é uma deusa da beleza.

— Então...temos uma hora antes de irmos. — comecei, quebrando aquele silêncio chato.

Me endireitei na cadeira e trouxe o prato de uva para mais perto de mim, colocando duas na boca de uma vez. Pelo o que sabia, o povo de Hemort preferia comer ao ar livre, mas Alyna tinha nos trazido para a sala de jantar e nos avisou que se fôssemos grosseiros com algum serviçal, iríamos nos arrepender.

Credo, eu fui muito bem educado. Na verdade não fui educado por ninguém, mas aprendi a respeitar as pessoas e não julga-las e tratá-las mal.

— Vocês podem ir para um quarto e acabar com essa tensão sexual de vez. Assim esse mau...

Parei de falar assim que fui acertado na bochecha por um caroço, que Alyna tinha cuspido em mim e acertado em cheio. A olhei com choque. E ela me olhava com um olhar ameaçador, o nariz franzido de raiva. Ela sabia ser intimidante. E eu, que já enfrentei muitas coisas, tinha um pouquinho de medo desse olhar dela.

Eu conheço esse olhar. Alguém que usa a ameaça com desconhecidos para esquecer o passado doloroso.

— Fala isso de novo e eu acerto seu olho dessa vez, e ainda me levanto e vou até aí te dá um soco. Você tá merecendo.

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