Capítulo 2

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LORCAN
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Muitas pessoas têm uma opinião errada sobre Hemort. Julgam nossa cultura, dizem coisas que não são verdades sobre o meu povo, só por não sermos iguais a eles. Mas bem, há muito disso no mundo, pensamentos de que ser diferente daquilo que você criou ou colocaram na sua na cabeça é errado e merece julgamento.

Quando se é rei, a preocupação com o bem estar de todos os habitantes de seu Reino é mais importante do que palavras maldosas de outras pessoas.

Eu mesmo sempre fui julgado por alguma coisa nesses três anos de reinado. Subir ao trono jovem demais, um sacrifício para que minha mãe pudesse ter mais tempo com meus irmãos mais novos e gêmeos depois que meu pai perdeu a luta contra uma doença pulmonar. Só conseguir aguentar a pressão do trono graças a ajuda de meu primo Gael, que nomeei como minha Mão logo no primeiro mês em que estava no trono — por além de sermos muitos próximos, primos e amigos, confiarmos bastante um no outro. Ele me acompanhou e me ajudou em todo esse processo complicado.

Hemort pode ser um reino difícil, mas eu nunca ligava para os julgamentos e fingia não escutar esse tipo de pessoa infeliz consigo mesmo. Até agora. Quando me culpam pelo sequestro da mulher a quem entreguei meu coração, e da princesa que ela serve. Me consideram um suspeito, me mandam ameaças por cartas que fui aconselhado a não responder. Acham que eu estava obcecado por uma mulher e fui capaz de aprisioná-la para a ter apenas para mim, pegando de brinde uma princesa. Eu nunca seria capaz de tal atrocidade, ainda mais com Allyria.

Allyria.

Eu vejo seu sorriso maroto e seus olhos esverdeados a todo momento em meus pensamentos, ainda mais quando deito a cabeça no travesseiro e não consigo dormir. A preocupação sempre preenchendo meu coração ao imaginá-la correndo perigo. E não tenho nenhuma notícia até agora.

Onde você está, Allyria?

Eu rezava todos os dias aos deuses para que a protegesse, para que trouxesse de volta a mulher por quem estava me apaixonando, e que estava me apresentando o que era amor.

É difícil saber o que é o amor, porém, definitivamente o coração sempre acelerado quando eu estava ao lado dela não era um ataque cardíaco, mesmo que parecesse, e o desejo de estar ao seu lado não era apenas uma atração sexual, mesmo que eu quisesse muito ficar sozinho com ela em um quarto. Mas tudo tinha seu tempo e, se era para ficar sozinhos em um quarto, iria acontecer quando ambos se entregassem ao sentimento.

E sei que ela também tinha o mesmo sentimento por mim, já que estava disposta a vir para Hemort para que pudéssemos nos conhecer melhor, ficar em lugar onde ela pudesse me arrastar e ficarmos sozinhos. E ela havia dito com todas as palavras, “não suma deixando uma jovem com o coração partido.”

Era meu coração que estava quase se partindo no momento.

— Você é tão fraco! Nunca vai conseguir ser um grande guerreiro como seus familiares!

Sair de meus pensamentos assim que ouvir essas palavras ditas com tanta crueldade.

Eu estava encostado nas portas do castelo que davam para o pátio de treinamento onde meu irmão, Aaron, estava tendo uma de suas primeiras aulas de luta de espada. Tinha ido até ali para conversar com Aaron e saber como ele estava indo em suas aulas, e estava tão perdidos em pensamentos que cheguei ali e me encostei na porta sem nem perceber. Pelo jeito o treinador não tinha notado minha presença, senão não estaria falando com meu irmão caçula dessa forma. Ele não devia falar com Aaron assim em nenhuma circunstância!

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