Capítulo 30

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                           KEERAN
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Antes, com a preocupação que sentia por Makenna estar sumida e com o luto ainda forte por minha mãe ter se sacrificado por mim, as alucinações eram difícil de aguentar.

Agora Makenna está a salvo e eu conseguir me despedir da minha mãe, conseguir entender que ela não iria querer me ver não aproveitando minha vida depois do que ela fez. Por causa disso, tenho um pouco mais de controle com as alucinações. Não controle, mas consigo lidar melhor com elas.

As alucinações ainda aparecem em momentos oportunos, mas, nos últimos dias, aprendi a colocar na cabeça que elas não são reais. Que eu não causei as mortes daquelas pessoas.

Eu não sou um assassino. Eu sou uma pessoa que foi usada e salva pelas pessoas que me amavam. Depois do que aconteceu, consigo lidar com qualquer coisa.

Penso nisso sempre que estou prestes a ter um surto de pânico, de tristeza, de desesperança.

Sempre que as alucinações tentam me convencer que eu sou um assassino, me recordo de algum momento bom que tive com minha mãe, com meus irmãos ou com Makenna. Isso sempre ajuda. Eu tenho muito a viver ainda, preciso ser forte para aguentar esse meu lado defeituoso por todo o resto da minha vida senão...como vou ser feliz? E eu mereço a felicidade, e tenho que lutar por ela.

Posso ter uma recaída, mas vou sempre aprender a me reerguer.

Também estou pronto para descobrir se Makenna me ama como eu a amo. Preciso lembrá-la daquela declaração que fiz a ela no corredor do castelo em Mylathow, me declarar novamente, e saber se ela me corresponde. Tenho grandes esperanças de que sim.

A recordação do nosso quase beijo na floresta e dela ter deitado ao meu lado e segurado minha mão enquanto dormia na floresta, me enche ainda mais de coragem para falar com ela. Só tenho que achar o momento certo já que não podemos nos afastar do pessoal para conversar em particular.

Já estamos em Marastir e não conhecemos nada daqui, então não sabemos se podemos confiar nas pessoas que moram aqui. Só fomos para uma estalagem porque combinamos com o resto do pessoal que esse seria o nosso ponto de encontro. E essa é uma cidade pequena, pouquíssimas pessoas conhecem o rosto de Makenna, e um número ainda menor conhece o meu. Ficamos bem longe dessas pessoas, viemos para a estalagem discretamente.

Mas coisas ruins ainda podem acontecer. É por isso que fico bem atento em tudo enquanto espero nossa refeição ficar pronta e Conrad arruma uma janela na recepção.

As garotas e Kalin estavam descansando nos quartos, então Conrad e eu resolvemos dar uma volta por toda a estalagem para ver as melhores rotas de fugas. Quando voltamos a recepção, Conrad ficou agoniado ao ver o dono arrumar a janela sem experiência alguma e se ofereceu para arrumar em seu lugar, o que foi uma péssima ideia, pois o dono aproveitou sua gentileza e pediu que ele arrumasse as outras janelas do andar. Mas pelo menos iremos receber uma refeição gratuita para todo o grupo.

— Boa tarde, senhor Malon!

Uma mulher na faixa dos vinte e cinco anos adentra a recepção, vestida com um manto e calças verdes, o cabelo loiro e longo preso em um rabo de cavalo. Observo suas tatuagens de estrelas na têmpora esquerda e concluo que ela é uma feiticeira treinada na ilha de Greenker. Fico em alerta de imediato, principalmente porque um jovem e uma mulher de pele escura entram atrás dela, vestidos com um uniforme marrom escuro de soldados. Os três com espadas ao lado do corpo.

— Fiquei sabendo que recebeu um grupo em sua estalagem. — a mulher diz, olhando para mim e Conrad com desconfiança.

O dono da estalagem se apressa para se aproximar dela, segura suas mãos e dá um beijo em cada uma. A mulher apenas abre um sorriso para ele, mostrando estar acostumada com esse tipo de recepção.

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