Capítulo 10

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LORCAN
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Enchia o estômago embrulhado com um pedaço de bolo de laranja, que eu não sentia nenhuma vontade de comer, enquanto Eudora contava a história de Mount Shingcal.

A aldeia foi criada a três séculos, na época em que pessoas eram exploradas por outras cruéis, e a história que ela nos contou sobre isso era uma bem diferente da que eu conhecia.

A que eu conhecia era dos Reinos se unindo e acabando de vez com o sofrimento daqueles escravizados, que eram tratados com má-índole por alguns e não eram pagos por seus trabalhos árduos.

A história que Eudora contou era de pessoas com poderes fortes e dignos de curiosidade, poderes diferentes de qualquer um que existia e existe nos Reinos, e as pessoas eram exploradas por isso. Sofrendo nas mãos de seus donos e não podendo fazer nada por terem seus poderes controlados por meio de umas pedras mágicas, da qual sempre achei que era apenas um mito.

Muitos não eram a favor de como essas pessoas escravizadas eram tratadas, e graças a elas que os escravos tiveram a chance de fazer rebeliões e conquistarem sua liberdade. As correntes feitas com as pedras foram tiradas de alguns escravos por um grupo de aliados, e com isso eles puderam libertar todos, e, juntos, começaram uma grande rebelião usando seus poderes — agora não mais controlados e adormecidos. Seus "donos e guardas" foram mortos e os escravos, agora pessoas livres, foram embora para as montanhas sem olhar para trás, levando qualquer resquício das pedras consigo, para que elas não fossem mais usadas para o mal.

Os governantes se aproveitaram da situação para mentirem para todos, usaram a história do que aconteceu para mostrar o quanto eram poderosos, dizendo que foram eles que libertaram os escravos e mataram os donos — quando, na verdade, foram outras pessoas de bem. Afinal, a escravidão era algo que nem eles conseguiam controlar.

Até hoje todos acreditam nessa história, e não sabem que os antigos escravos agora vivem bem longe dos Reinos e prosperam cada vez mais, e ajudam pessoas que estão em perigo extremo.

Eudora é a guardiã e seu poder protege a aldeia de olhares curiosos e consegue achar, em qualquer canto do nosso mundo, qualquer pessoa que precisa de ajuda através de visões que aparecem quando querem.

Nessa parte da história, perguntei porque ela não conseguia achar a localização da Allyria e da princesa, e ela disse que não era tão simples. Ela não tinha o controle do poder e somente enquanto ela dormia é que ele dava mais detalhes de quem precisava de ajuda, e onde ela estava, e era sempre de pessoas com poderes fortes e curiosos como o das outras pessoas da aldeia. Quando era com outra pessoa que não estava em perigo, mas precisava de ajuda, o poder nunca dava detalhes, como foi o meu caso. Um Rei louco por respostas de sua amada.

Conrad contou que ainda existe pessoas cruéis que usam e se aproveitam através do medo de outras pessoas com tais poderes, sem que ninguém perceba, sem que ninguém se importe. Era ainda pior em Zikhelyr. Kalin e outras pessoas jovens da aldeia foram umas das pessoas que foram usadas desde crianças. E muitos até hoje não contaram tudo o que sofreram.

Uma história muito triste. Ainda bem que eles conseguem ajudar essas pessoas que precisam tanto.

Eudora tem alguns outros poderes, como conseguir criar qualquer tônico e poção que as pessoas necessitam. Sua irmã também tem tal habilidade, como também a de conseguir tirar veneno do corpo de alguém e criar qualquer tipo de veneno. Algo comum em suas linhagem.

O guardião da aldeia demora a ter filhos e a mãe de Eudora teve a sorte de ter duas filhas antes de falecer de velhice. Quando seu pai também foi para o Outro Mundo, a responsabilidade de cuidar da aldeia foi para ela, a filha mais velha e a escolhida. Ela me contou essa parte assim que seu marido entrou na casa e foi cumprimentá-la com um beijo. North era seu nome e, pela sua aparência, devia ser outro dos guerreiros desse lugar. Alto, de ombros largos, cabelos escuros longos e barba.

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