Capítulo 34

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MAKENNA
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Meus sentimentos e emoções estão divididos.

Uma parte de mim está pulando de alegria e felicidade agora que tudo está bem com Keeran, agora que declaramos nosso amor um pelo outro e estamos aproveitando e vivendo esse amor. A outra parte de mim está preocupada com o que nos espera no futuro, sofrendo pela morte de minha amiga, sofrendo pela distância de minha família e tendo pesadelos com as torturas que sofri.

Pensei se era certo está tão feliz por causa de um amor quando tudo era incerto, quando Allyria tinha morrido, quando eu estava tão longe de minha família e não podia contatá-los. Mas esses pensamentos sumiram rápido. Minha amiga quer que eu seja feliz e minha felicidade não diminuí minha saudades por todos que amo. A saudades sempre estaria ali para me lembrar que preciso lutar por um futuro melhor.

O momento que mais pensei nas coisas que me aconteceram nas últimas semanas foi quando estava voando para Likajhi. Em uma Artys! Nunca tinha voado em uma e estava bastante ansiosa antes da decolagem. Lorine me escolheu para voar com ela e Rekie, dizendo que eu não iria me arrepender e iria me dar um "passeio" mágico.

Ela me olhava com um sorriso travesso enquanto prendia minhas pernas na sela e me instruía a segurar no apoio — ela disse que o apoio não era necessário sempre, mas trazia uma sensação de segurança para alguns. Com tanta ansiedade e nervosismo correndo em meu sangue, decidi segurar com firmeza o apoio quando Lorine subiu na sela e preparou Rekie para subir ao céu. Meu estômago se embrulhou assim que Rekie bateu asas e soltei um grito assim que ele voou até às nuvens e desceu rápido até a altura das árvores — esperando que as outras Artys também subisse ao céu. Esse parada foi o momento para me acalmar e me acostumar a estar longe do chão. Meu coração batia acelerado e o nervosismo ainda estava presente, mas respondi "sim" quando Lorine me perguntou se eu estava bem. Não era tão assustador assim voar. No começo sim, mas depois passa.

Quando eu estava mais acostumada em estar longe do chão e Lorine percebeu isso, entendi então porque ela disse que eu não iria me arrepender de voar com ela.

Lorine fazia Rekie sair de perto das outras Artys e voar mais alto e rápido, entrando nas nuvens e fazendo manobras para voltar a sua posição. Na verdade, acho que Rekie fazia algumas das manobras sozinho, surpreendendo até sua montadora que gargalhava ao vento. Usando meu poder, conseguia sentir o quanto Rekie estava feliz voando e por ouvir a risada de sua montadora-amiga.

Depois que o nervosismo sumiu por completo e parei de sentir medo das manobras, também comecei a rir e a aproveitar o vôo, a me divertir com as brincadeiras de Rekie.

Quando ele voava com calma, o vento suave que batia no meu rosto me fazia pensar bastante e sentir saudades de alguns momentos em minha vida — quando tudo o que eu tinha que me preocupar era com algum rapaz tentando flertar comigo e de manter Allyria longe das bebidas mais fortes das festas e das pessoas que tentavam fazer ela fumar ópio. A última experiência dela com bebidas fortes e ópio não acabaram muito bem. Ela até prometeu que não iria acontecer de novo, mas quando ela bebia demais...esquecia das promessas e as pessoas se aproveitavam para oferecer coisas.

Assim que o vento começou a deixar meu rosto gelado, todos os pensamentos sumiram. Me concentrei na respiração para não sucumbir ao frio que surgiu quando entramos nos limites de Likajhi. Mesmo com a roupa de couro, suéter e o casaco pesado, o frio de Likajhi era insuportável. Em Aradaik, mesmo no inverno, o frio não era assim. Nevava e era divino, mas o frio desse reino? É mil vezes mais forte do que eu estou acostumada. Parecia que eu iria virar uma estátua de gelo.

Lorine, percebendo meu incômodo, me ofereceu conhaque para me aquecer durante o resto da viagem. Uma bebida de cavaleiro de Artys. Não era tão forte para me deixar embriagada e ajudou muito com o frio.

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