Capítulo 11

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                                LEON
                                ______


Em meus sonhos, eu sempre ouço gritos femininos e corro em direção ao som para tentar achar a pessoa. Por pensar que só deve ser Allyria gritando, suplicando por socorro. Mas nunca consigo a encontrar e acabo ficando parado, impotente, escutando seu grito ficando cada vez mais alto até que, por fim, ele para e eu acordo.

É todo o dia o mesmo sonho e, consequentemente, acabo tendo apenas algumas poucas horas de descanso.

Pela primeira vez, o sonho hoje mudou.

Eu via Caswell em minha frente, tocando em meu rosto e chamando meu nome em um tom distante, como se estivesse longe, mas também por perto. Sentia também um toque em meu braço direito, que transmitia um certo calor e força pelo meu corpo cansado. Foi então que percebi que nada daquilo era um sonho, eu estava acordando e Caswell realmente estava em minha frente, com o rosto tomado em preocupação.

— Caswell?

Com confusão, tentei lembrar onde exatamente estava e porque Caswell está aqui, quando devia estar em Mylathow com seu sobrinho.

A última coisa que me lembro era de desmontar da Artys de Lorine, completamente tonto, e cair sobre os braços de Lorcan. O resto era tudo distorcido. Uma caminhada pela floresta, outro alguém me carregando, pessoas conversando e por último alguém me obrigando a beber algo, que me fez cair no sono. O que foi um alívio, estava passando bastante mal depois daquele terrível vôo.

— O que faz aqui? — perguntei assustado para Caswell. — Por que está aqui?

Ela não devia estar aqui.

Agarrei sua mão, a que estava pousada em meu rosto, enquanto a inspecionava para ver se ela estava bem. Nenhum ferimento, só a roupa torta e suja de terra. Deuses! O que teria acontecido?

— Estou bem, não se preocupe. — ela me tranquilizou, ao perceber o tamanho medo que sentir por alguns segundos, e acariciou minha mão. — Nada de muito ruim aconteceu.

Soltei um suspiro de alívio, ainda com o olhar preso em seu belo rosto. Nada de muito ruim, então algo sério aconteceu. Como ela veio parar aqui? E onde era aqui?

— Está se sentindo melhor?

Outro alguém perguntou, acabando com meu momento com Caswell quando apareceu no meu campo de visão. Me surpreendi ao ver que era Roman, um amigo que não havia há um bom tempo. Então sua presença significava que...

A felicidade me preencheu ao me dar conta que eu estava em Mount Shingcal, um lugar que me acolheu com tanto carinho quando mais precisei, que me ensinou tantas coisas, que me apresentou pessoas tão especiais.

Nem me perguntei como exatamente tinha vindo para cá. Só de estar aqui já era ótimo. Estamos em um lugar seguro.

Roman me olhava com um sorriso e as sobrancelhas arqueadas, um tanto travesso, provavelmente por causa de Caswell.

— Sim. E acho que graças a você, obrigada. — o agradeci com um sorriso, deixando que Caswell soltasse minha mão, o que, confesso, foi um pouco decepcionante. — Bem que eu senti um cheiro de ervas. Só podia ser de você.

— É bom ver você também, Leon.

Roman revirou os olhos, estendendo a mão para me ajudar a sentar na cama — que era baixa demais. O que só deixava claro onde eu estava. Na casa de Eudora. Que estava bastante barulhenta, era sempre assim pelo o que me lembro.

— Graças a Eudora que você está bem, eu só repus a força em seu corpo. Você precisava acordar. — Roman explicou, dando um tapinha em meu ombro. — Eudora está te esperando na porta dos fundos, vá até lá.

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