Hopeless

Capítulo 16

As palavras de sua mãe ecoaram na mente da Camila por muito tempo. Sua dor de cabeça já havia passado, mas ela não tinha nenhum remédio que faria seu mente parar de pensar sobre. Camila nunca conheceu o amor, talvez chegou perto certa vez, mas nunca se apaixonou cegamente, isso para ela soava como uma utopia. Camila ainda tinha uma lembrança bem clara da pessoa que mais chegou perto de ocupar um cargo em seu coração.

Seu romance nasceu após seu noivado com Bryan Coleman. A carreira de Camila estava indo bem, pensou que sua vida amorosa também deveria acompanhá-la. Bryan era filho de Albert, este era responsável pela parcela mais significativa de sua formação profissional. Na faculdade se aprende bastante do ofício da profissão, mas Albert lhe mostrava como o terreno era árido, como seria difícil sobreviver ali.

Camila conheceu Bryan em seu último ano de faculdade. Era um garoto bonito, engraçado e gentil. Camila pensou que não havia mais nada que ela pudesse querer. Se viram algumas vezes até que Albert marcou um jantar de ações de graças em sua casa, sabendo da falta de parentesco próximo de Camila, ela foi convidada para juntar-se à família Coleman naquela noite. Outros amigos de Albert dividiam a mesa com o restante da família, o anfitrião vez ou outra reclamava do ato, que considerava repulsivo, de sua filha mais nova que decidiu não viajar para participar da ceia em família. Bryan e Camila trocavam olhares, a mulher ria com facilidade de suas piadas, seu senso de humor naquela época ainda não havia sido extinto e seu organismo era muito menos resistente ao álcool.

Bryan era carismático, prendia a atenção de todos da mesa enquanto contava acontecimentos engraçados em viagens feitas ao redor do mundo. Camila gostava de ouvi-lo falar sobre as coisas constrangedoras pelas quais o homem já tinha passado, a entretida.

Bryan já havia ouvido falar no nome de Camila muitas vezes naquela mesma mesa, seu pai era fascinado pela mulher. Falava sobre o potencial, inteligência e bravura de Camila. Bryan via ali uma força que sentia que faltava em si mesmo. No final da noite, tomou coragem para pedir seu e-mail, não queria parecer indiscreto, justificou tal ato dizendo que gostaria de enviar a Camila artigos sobre um caso recém julgado e os erros cometidos no tribunal. Por mais que soubesse que tudo aquilo não passava de uma desculpa para manterem contato direto, Camila passou sem questionar o homem que se atrapalhava em meio a suas próprias palavras. Bryan era engraçado, era divertido e, naquela noite, a fez rir como há muito tempo ninguém fazia.

Trocaram mensagens por algumas semanas até que enfim marcaram um encontro. Jantaram no restaurante mais caro da cidade, Bryan queria impressionar Camila, por isso usou seu terno mais fino e fez questão de buscá-la em seu apartamento com seu carro conversível. Para Camila, o preço do restaurante, do terno ou do carro não importavam muito, se sentiu satisfeita em saber que ele estava tentando a todo custo causar uma boa impressão. Ele por fim conseguiu, fez com que Camila se sentisse especial como nunca alguém conseguiu.

Os dois conversam sobre política, cinema e Albert. Bryan contou tantas histórias hilárias sobre sua infância ao lado do pai e da irmã que Camila nunca mais conseguiu olhar seu antigo chefe com os mesmos olhos. Após o jantar, Bryan dirigiu até o apartamento de Camila, conversaram sobre o quão agradável aquela noite havia sido para ambos. Antes de deixar o carro, se despediu com um beijo.

A partir desse dia os dois faziam questão de se verem todo final de semana. Três meses depois, ela foi pedida em namoro. Parecia loucura, mas Bryan não era o melhor na cama, não era o mais compreensível e nem o mais talentoso nos casos que enfrentava, mas era um homem estável, isso agradava Camila. O único referencial de amor tido por ela ao longo de sua vida era o relacionamento dos seus pais, no qual seu pai era carinhoso até ingerir álcool o suficiente para se transforma-lo em um monstro e sua mãe vivia na ilusão de conseguir esconder seu sofrimento de Camila. Bryan não tinha vícios, jamais alterava seu tom de voz. Ele era amável e prestativo.