Hopeless

Capítulo 48

O restante do almoço foi tranquilo, Sofia falava sobre a escola, sobre os colegas de sala e sobre o quão feliz estava por agora poder falar para Gabriela que também era cuidada por duas mulheres. Lauren observou a cena com um certo fascínio enquanto acariciava a coxa da namorada por debaixo da mesa. Camila se parecia tanto com Sofia quando estava feliz, o sorriso doce, o brilho cintilante no olhar e a inquietação em se mostrar inteligente. Se divertiu ao pensar que Sofia era um versão compacta e menos tendenciosa de Camila.

Ao terminar de comer, Lauren lavou as louças enquanto Camila as secou e guardou em seus respectivos lugares. Não demoraram muito para deixar a cozinha em ordem. Camila ainda parecia se recuperar da noite anterior, ingeriu um analgésico para a dor de cabeça intensa que sentia e foi para seu quarto descansar um pouco. Lauren pediu para que se deitasse de costas para que pudesse demostrar que fazer massagens era um de seus pontos fortes. Camila tirou sua camisola para que a outra tivesse acesso a pele lisa de suas costas. Enquanto a tocava, Lauren sentiu o quão tensa a outra estava, seus músculos rígidos pelo estresse se acalmaram durante os longos minutos que Lauren passou ali. Dedicada encarava a raposa esculpida com cores quentes em seus costas.

— Eu poderia ficar a vida inteira aqui. – sussurrou com os olhos fechados.

— Péssima ideia, não lhe resta muito tempo. – Lauren zombou enquanto massageava os ombros de Camila.

— Eu não sou velha. – Camila rebateu quase adormecida. – É você que é jovem demais, falaremos sobre isso quando você parar de molhar as calças.

— Eu não molho mais as calças desde os meus sete anos.

— Isso foi quando sua mãe dediciu que estava na hora de abandonar as fraudas? – zombou com um leve sorriso nos lábios.

— É impossível falar com você. – Lauren revirou os olhos.

— Agora é você quem está brava. – riu – Você pode parar se quiser, já me sinto melhor.

— Você é uma pessoa tensa, agora eu sei o motivo de tanta amargura. – disse saindo de cima da namorada e se deitando ao seu lado.

— O que você chama de amargura eu chamo de consequências da vida adulta.

— Você já vai voltar a trabalhar, não é? – perguntou, estava triste pela volta de Camila ao escritório, desse forma teriam menos tempo juntas.

— Sim, finalmente.

— Você gosta muito de seu emprego.

— Eu amo meu trabalho mais do que amo minha própria vida.

— Você não deveria amar o trabalho acima de si. As pessoas precisam de lazer, de descanso.

— Eu vou poder descansar bastante quando eu morrer. – Camila ironizou.

— Só quando você morrer?

— Lauren, a vida burguesa que você leva não te faz perceber as dificuldades. Hoje eu tenho um ótimo padrão de vida, mas se eu paro de trabalhar, em alguns meses eu chego fundo do poço. Sem contar que eu preciso manter minha mente ocupada.

— Você pode manter sua mente ocupada pensando em mim. – Lauren sussurrou enquanto demonstrava um sorriu sugestivo.

— E você vai me pagar quanto do quinto dia útil? – Camila rebateu com humor.

— Ok, senhoria, não está mais aqui quem falou. Mas você pode pensar em mim no seu horário de almoço ou a caminho do trabalho?

— Se eu não tiver nada melhor para fazer, talvez sim... – Camila concordou.