Capítulo 26

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[N/A]: Essa música super casa com o capítulo e é uma das minhas favoritas. Eu sempre disse que não me responsabilizava pelos gatilhos gerados. E estava claramente brincando, me responsabilizo sim, não termine a leitura caso sinta que está ativando algum. Me coloco à disposição de vocês caso precisem conversar sobre o que será tratado aqui.

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Tudo havia tomado proporções inimagináveis nas duas últimas semanas. Lauren estava sendo perseguida como nunca imaginou que alguém poderia ser. Aquela situação saiu do controle no dia posterior ao que começou. Veronica não estava contente com o rumo que as coisas estavam tomando, mas Gabriela parecia se divertir.

Contudo, o único conforto de Veronica estava em saber que a pessoa que estava passando por todo aquele constrangimento não era ela. Lauren havia sido até assunto no almoço em família que sempre faziam no domingo. Ally tinha o péssimo costume de falar dos acontecimentos da escola para seus pais, que não se contentavam em apenas ouvir as informações e espalhavam para o restante da família.

Os pais de Veronica também não gostavam de saber que uma garota tão nova quanto Lauren estava sofrendo tanta perseguição em sua escola. Afinal, sua abominação era apenas fruto de algum pecado de seus pais e ela não deveria ser penalizada por isso, era inocente.

Seu pai levantou um debate importante sobre o que a garota seria quando virasse uma mulher adulta, pois Deus havia feito homem e mulher e o que Lauren era? Com quem deveria se casar? Todo aquele assunto esgotou a paciência de Veronica, a garota se casaria com quem quiser se casar, caso deseje realmente se casar. Ally compartilhava do mesmo pensamento que sua prima, mas tinha a coragem de expôr sua opinião em alto e bom tom, argumentar e não aceitar que outro poto de vista fosse posto acima do seu. Veronica admirava a coragem de sua prima, desejava coragem para colocar fim em tantos demônios que a assombravam diariamente quando deitava sua cabeça em seu travesseiro. 

Veronica era covarde, um verme movido pelo medo. Esse sentimento primitivo às vezes feria quem estivesse ao seu redor, mas alguém deveria pagar com sangue toda a dor que lhe foi causada. Sua fobia não era nada além de medo e ignorância, que posteriormente se transformou em ódio. Veronica odiava tudo, só havia algo que a garota não odiasse, Lucy era o nome desse ser. Sua namorada era carregada de afeto e ternura. Mel escorria por seus lábios sempre que a garota abria sua boca. Lucy era o ser mais sublime já existente, a única alegria de Veronica era saber que sempre teria sua menina dos olhos so seu lado. Do que valeria a pena todo a sua vida se caso não pudesse compartilhar com a pessoa que mais amava em todo o mundo. 

Veronica não tinha amor nenhum por si mesma, foi ensinada a sempre colocar o outro acima de si. Sua existência era inútil e insignificante. Veronica era apenas um verme. Covarde e indigna de qualquer empatia ou afeto. Boa demais para alguém como Lucy, pois essa era amada por todos que a conheciam. A garota mais popular e desejada pelos alunos e a mais aclamada pelos professores, por que alguém como Lucy estaria comum verme? 

A resposta para a pergunta disposta no parágrafo acima é simples. A fraqueza, a vulnerabilidade. Para Vives não existe nada mais lindo nesse mundo do que joelhos machucados. A marca da ferida, o sangue, a dor e toda a sua genuinidade.  Lúcia admirava a delicadeza e força de sua namorada, conhecia todos os seus demônios e a encorajava para enfrentá-los. Lúcia acreditava que só era possível ser corajosa quando se enfrenta algo maior que você. Não é da bravura que a coragem nasce e sim do medo. 

O sentimento mais recorrente de Veronica era o medo. O medo da morte, o medo do fracasso, o medo de não ser aceita, o medo de perder Lucy e acima de tudo, o medo de sentir medo. 

O animal assustado ataca e Veronica não era piedosa em suas investidas. Jamais foram piedosos com ela. Vocês até poderiam julgar essa garota por não conseguir ser boa e suficiente, mas quem conseguiria naquela situação? Como se aprende a ser bondoso quando ninguém o ensinou a ser?

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