Hopeless

Capítulo 28

O coração de Lucy parou por um instante, não poderia ser possível.

— Lu, é você? – Verônica perguntou encarando a face confusa da outra.

— Aí meu Deus! – a garota exclamou antes de puxar a outra rapidamente para si, o impacto entre seus corpos foi devastador. Lucia fechou seus olhos e a apertou o máximo que podia. Queria comprovar para si mesma que ela era real, que não se tratava de um devaneio de sua mente.

— Lu, eu não consigo respirar. – Verônica sussurrou entre os braços da outra.

— Não é para conseguir mesmo. – respondeu pousando sua cabeça no ombro da outra. Seus corações batiam rapidamente, Lucy molhava a jaqueta da outra com suas lágrimas.

Após alguns instantes nos braços de Verônica, Lúcia se concentrou em estudar atenciosamente cada traço do rosto da outra, enquanto os olhos Verônica continuavam fixos nos seus. Os dedos finos e trêmulos da garotas pousaram em suas bochechas lisas por longos segundos até que conseguiu colocar ar nos pulmões novamente.

— Você não está morta?

— Eu acho que não. – Verônica respondeu.

— Você continua a mesma. – Lucy disse ao soltar a garota, mas percebeu que algo nitidamente havia mudado, seu perfume estava muito mais doce do que conseguia se lembrar.

— Qual é? Eu estou alguns centímetros maior e muito mais bonita. – Verônica respondeu. – Me desculpe pelo vinho, eu posso comprar outro para você.

— Não, não precisa, eu vou entrar rapidinho e pegar outro.

— Não, me diga quanto custa que eu posso te ressarcir.

— Ele custa um pouco mais de cem dólares. – Lucy disse um pouco sem graça.

— O que? – Verônica se espantou. – Eu não acredito que você paga cem dólares em um vinho. Tem uma marca ótima que custa no máximo vinte.

— Um dia tomaremos uma taça desse vinho aqui e você perceberá a diferença do preço de um para outro.

— Não precisa ser outro dia, olha o tanto de vinho que está no chão. Talvez se nós nós abaixarmos e usarmos a língua...

— Você não está propondo o que eu acho que está. – Lucy gargalhou.

— Qual é, Lu? Não me diga que você perdeu toda a habilidade que tinha com a língua. – Verônica provocou.

— Não diga isso.

— Então vamos começar. Eu lambo daqui para cá e você lambe o resto. – Verônica disse enquanto apontava para a possa de vinho.

— Deixe de ser boba. – Lúcia riu antes de se abaixar para pegar os produtos que havia derrubado no chão e colocá-los novamente dentro da caixa. Verônica se adiantou para ajudá-la.

— Você sabe que eu não vou pagar pelo vinho, não é? – ela disse em um leve sorriso.

— Sim, eu sei, mas não tem problema. Eu compro outro. – a garota disse se levantou. – Você pode me esperar aqui com a caixa? Eu queria muito conversar com você se estiver com tempo sobrando.

— Eu estava prestes a entrar no mercado. Ou você acha que eu vim até aqui apenas para esbarrar em você? – Verônica perguntou com humor.

— Faz um pouco mais de sentindo agora. – Lucy disse se sentindo um pouco idiota.

— Vamos? – Verônica disse antes de entrar no estabelecimento. – Eu preciso pegar alguns absorventes para minha colega de quarto, ela está tendo uma hemorragia. – a garota disse enquanto coçava graciosamente a nuca.