Capítulo 06.

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— Um livro pode ser mais perigoso do que eu imaginava! — Minha vó ri dos fatos do dia. — Vocês sempre se enfrentando. Me lembro de quando vocês eram pequenos, por volta dos quatro anos. Viviam juntos por todo lugar.

Olho para o Miguel que me encara tão confuso quanto.

— Vó, como assim quando éramos crianças?

Será que é possível chegar a outras cores a não ser vermelho?

Nesse momento, acho que eu estou testando essa teoria!

— Vocês não se lembram? — Ela se levantou e começou a recolher os pratos da mesa. — Vocês eram melhores amigos.

— Eu não me lembro, irmã Corina. — Miguel respondeu.

— Me lembro de uma vez. — ela apoia as mãos sobre a mesa. — Miguel veio brincar com você e lhe trouxe um presente dizendo que a amava, você ficou com vergonha, empurrou ele e veio correndo para dentro de casa. — ela volta a levar a louça para a pia.

— Sempre um amor de pessoa! — Miguel esbanja sorriso e sarcasmo.

— Eu não sabia que minha memória era tão ruim assim. Então vó, o que era o presente?

— Eu não sei, você não quis aceitar.

— É porque meu pai sempre me disse que eu não devia aceitar coisas de estranhos e você me parece ser bem estranho. — aponto para Miguel.

Me permito um sorriso sarcástico.

— Muito engraçadinha! — Disse esboçando uma risada forçada.

Insisti que minha vó me deixasse lavar a louça, mas ela apenas pediu para que eu ficasse fazendo companhia para Miguel. Obedeci chamando Miguel para sala aonde nos sentamos no sofá.

— Então quer dizer que você era apaixonado por mim? — Perguntei.

Nesse momento sou pura implicância e sarcasmo.

Eu sei, eu não deveria.
Pois é, eu sei!

Mas como resistir ao momento?

— Não quero falar com você. — ele faz drama.

Drama: ele entrelaçou seus braços os cruzando. Levantou sua cabeça e a inclinou seu rosto para o lado. Enquanto fitava o teto, ignorando minha pergunta e evitando me olhar.

— Por quê? — Perguntei um pouco intrigada com a situação.

— Você partiu meu coração, me rejeitou, não te amo mais! — Disse ainda em seu drama.

— Ganhou o Oscar de melhor atuação. — disse rindo da cena e aplaudindo sua péssima atuação.

Começamos a rir juntos e coincidentemente paramos juntos também. Um silêncio constrangedor surgiu tomando conta de toda a sala.

— Desculpa pela sua testa! Não foi proposital.

Quebrei o silêncio.

— Tudo bem! Eu sei que não, a pesar de ter as minhas dúvidas.

— Ei!

Rimos.

— Me responde uma pergunta. — ele arruma a postura. — O que tem de tão importante naquele livro para você se preocupar mais com ele do que com a minha cabeça? Não vai me dizer que é um romance?

— Bom, mas ou menos! — Coloco uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. 

— Você não tem cara de que gosta romance. — Ele cruza os braços.

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