Capítulo 28.

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Oração.

Seja para pedir, se desculpar, conversar ou simplesmente agradecer. É o seu momento com o único que está sempre com você, que sonda e conhece seu coração. É o momento em que se rasga o coração e se humilha diante do Santo dos Santos e fala com o Pai, porque Ele sabe o que é melhor, e quando deixamos os planos e caminhos em suas mãos Ele cuida. Não é necessário uma oração com palavras bonitas, é necessário uma oração pura e de coração.

— Pai? — É a única coisa que consigo dizer, porque é ele quem está parado na minha frente.

— Surpresa! — Ele me encara sorrindo, um sorriso que logo se desfaz. — Pensei que receberia uma recepção melhor.

— Claro! — Corro para abraça-lo. Só então percebo que estava morrendo de saudades, no seu abraço. É como estar de novo em casa. — Bênção?

— Deus te abençoe. — Ele beija o topo da minha cabeça. Passa por mim e vai direto abraçar a minha vó. — Bênção mãe?

— Deus te abençoe. Arianne, fecha essa porta. — Ela me repreende. Só então me dou conta que estou parada no mesmo lugar. — Como foi de viajem meu filho? — Fecho a porta e me sento no sofá.

— Tudo ótimo. Cansativo, mas o importante é que voltei. Amo o meu Brasil. — Ele se senta no sofá. — Mãe, Anne me disse que esteve doente. Não perguntei nas ligações porque não deu muito tempo e a senhora não comentou nada. O que aconteceu?

— Nada de mais. Essa menina se preocupa muito.

— Lhe deu muita dor de cabeça? Fale a verdade. — ele me encara. — Conheço meu anjinho.

— Assim magoa pai! — faço beicinho.

— Me deu uma dor ali, outra aqui. Nada tão sério. Só... Me deve um jogo de pratos novos.

— O quê? — Ele me encara sério. Olho de volta para minha vó que parece tranquila.

— Vó! Eu já lhe comprei outros. — Eu entrelaço meus braços.

— O que tem? Quero mais um. Não posso? Você quebrou todos.

— Anne... — ele agora me encara mais tranquilo.

— Foi um acidente. Culpa do azul, mas já comprei tudo de novo. Usei o dinheiro que havia me dado. Sei economizar, ela só quer ganhar presentes.

— Falando nisso. Lhe trouxe presentes!

— O quê? — Tento me animar, mas na verdade mal posso respirar. Meu coração está acelerado. Ele está aqui. Agora. É apenas um misto de alegria por sua volta e medo pela partida.

— Aqui está! — Um estojo com palhetas personalizadas. Um tênis cano médio, cinza. — Tem mais algumas lembranças, estão no carro. — Meu foco se detém nas palhetas. Cada uma mais diferente que a outra.

— Agora sei porque essa menina só usa tênis. Filho, por que você não compra uma sandália para ela? — Ela vai até meu pai e o abraça por trás, deixando seus braços sobre seu ombro.

— Ela não usa. Gostou dos presentes? Tem para a senhora também mãe. — Ele começa a mexer nas bolsas.

— Lindos. Será que posso furar uma? Para por no cordão?

— Anne... — Ele estende uma sacola para minha vó que sorrir sem nem mesmo saber o que é.

— Pai, por favor. Vou carregar sempre comigo. São tao lindas! Só uma, prometo. Não vou estragar, vai ser dois em um.

— Anne. — Ele se rende, sorri. — Tudo bem. Mãe, vou tomar um banho. Descansar, vamos embora amanhã.

— O quê? — Aquilo me atinge como um soco no estômago.

Arianne Onde histórias criam vida. Descubra agora