Capítulo 16.

420 70 7
                                    

Responderia que não, que não conseguiria cantar mesmo que quisesse... Sairia correndo, mas essa é a minha casa! Mudaria de assunto, mas creio que eles não iriam parar de insistir, meu estômago poderia embrulhar e não sei se prolongar minha tortura seria a melhor solução.

Abri a boca para me pronunciar, mas nada saiu, nem uma palavrinha. Foi quando minhas mãos começaram a suar e comecei a ficar gelada.

Continuei a encarar Miguel que começou a tocar a música pouco antes de sussurrar: "Igual quando eramos crianças!"

Fechei meus olhos e senti minhas bochechas queimarem. No tempo certo da música comecei a cantar ainda de olhos fechados, com o tempo a vergonha foi se decipando assim como a cor das minhas bochechas.

"Deus,
não abro mão do meu chamado em Ti
Não ponho preço em meus valores
Oh, não permita que façam de mim um mercenário cantando louvores

Pois muitos cantam que é adoração
Mas toda glória eles não dão a Ti
Eu intercedo, oh Deus em oração.
Restaura os meus irmãos que estão vivendo assim

Fala com eles Deus, pois vão te escutar
Assim como eu te ouvi, tive que repensar
Pra não me corromper, não me contaminar
A raiz de todos os males, foi proposta para me exaltar
Não quero assim, fala com todos aqueles que ouviram o teu não
Para anunciar o perdão
Muda a motivação, canção ou adoração
De todos que enfim, se venderam por dó, ré, mi..."
(Dó, Ré, Mi - Bell Lins)

Cantei todo o hino e quando abri os olhos, eles ainda estavam no Miguel que me encarava com um sorriso bobo no rosto.

— Você canta muito bem! — Guilherme me sorrir.

— Ela estava escondendo o jogo. — Daniel disse sorrindo.

— Nós podemos... Só mudar de assunto? — Lá vem meu rosto cor tomate aparecer novamente.

— A Arianne sempre arruma um jeito de nos ensinar algo sobre Deus, agora também na música. — Rafael comentou.

— Uma oração! — Milena concordou.

Fico aliviada quando ouço Milena falar, pensei que ganharia silêncio total da parte dela, já que na verdade o seu foco era o Miguel.

Azul entra pela sala latindo e correndo de um canto para o outro da sala, até ir de encontro ao Miguel.

— Oi para você também Azul! — Miguel passa as mãos acariciando os pelos do cachorro.

— Azul, para de fazer vergonha e sai de cima das visitas. — coloco as mãos sobre o rosto.

Ele corre de um lado para o outro e vai no colo de todos que estam na sala.

— Então esse é o famoso Azul! — Guilherme estala o dedo para o peludo ir ao seu encontro.

— Ele é muito fofo! — Helena pega a bola de pelos no colo. — Dá vontade de apertar.

Ouço os passos da minha vó na parte interior da casa. Com toda certeza foi ela quem soltou minha bola de pelos, avisando que já esta tarde.

— Então, está ficando um pouco tarde. Temos que ir embora. — Guilherme se espreguiça.

— Dorme lá em casa? — Helena me convidou.

Arianne Onde histórias criam vida. Descubra agora