Miguel para o carro enfrente a minha casa, pelas cortinas vemos que a luz está acesa. Descemos juntos do carro e quando estou prestes a abrir a porta ele segura meu braço.
— O que foi?
— Nada. — Ele sopra o ar. — Tem alguma chance de seu pai dizer não? Sabe, ele não deixar e me expulsar da sua casa?
— Miguel, fica calmo. Vamos todos conversar, em um jantar em família. E então ele vai perceber como você é especial, e quando tivemos a oportunidade conversamos e você pede. — Lhe sorri demostrando confiança. — Ele vai implicar com você em algum momento, mas tem que se lembrar que é só brincadeira.
— Encorajador!
Rimos.
— Posso te proteger se precisar, mas...
— Não vou parecer tão corajoso. — Ele completa. — Então vamos.
Uso minha chave para abrir a porta. Encontramos minha vó e meu pai sentados no sofá. Dona Corina esbanja sorrisos ao ver Miguel enquanto meu pai o recebe bem, mas permanece com a postura séria, deixando Miguel ainda mais tenso.
Quando minha vó me convida a cozinha para arrumar a mesa, vejo o olhar desesperado do Miguel.
— Sabe que para namorar tem que pedir em casa? — Minha vó vai direto ao assunto assim que entramos na cozinha.
— Vovó!
— O que foi? Não tem nada dessas modernidades aqui em casa. Tem que pedir, ter regras. Se não, não chegam até o casamento.
— Casamento? — Me espanto com o avanço da conversa. — Quem está falando de casamento? Ainda não estamos namorando.
— Ainda? Eu sabia. — Ele me ajuda com os pratos. — Manda ele pedir. Tem que ser tudo bonitinho, certinho. Tem que casar linda, de branco.
— Vovó! — A essa altura da conversa meu rosto já queimava de tão vermelho.
— Te amo e quero o melhor para você. Pode ser toda moderna com seus tênis, mas sei que sonha assim. Vejo seus olhos brilhando na presença de Deus. Confio em você, sei que qualquer coisa que desagrada a Deus te magoaria. Por isso, quero cuidar de você. — Ela para de andar pela cozinha e deposita sua atenção em mim. — Filha, qualquer coisa que deixe seus olhos triste me deixa triste. Gosta dele? Se não posso expulsar ele de casa e ele vai ter que entender.
— Não vó. — Sorri. — Eu gosto dele, nada de expulsar ele. E sim, sonho com tudo segundo a vontade de Deus. Da maneira certa, não é ser coisa antiga ou moderna. É do jeito certo vovó. — Ela abre um sorriso orgulhasa. — Do jeito de Deus. Porque Ele sabe o que é melhor. Não vou te decepcionar.
— Não vai se decepcionar! — Ela me abraça. — Mas e esses meninos? O que será que estão conversando? Está um silêncio, não sei se penso bem ou mal!
— Vou torcer para ser bem. — retornamos a sala e encontramos Miguel sentado no sofá, encarando a televisão desligada. Sozinho. Uma das luzes desligada deixando a sala um pouco escura. — Vovó! — Brado.
— Calma. — Ela acende a luz. — Deixa que eu resolvo. — Dona Corina vai até o quarto do meu pai que está com a porta aberta. — José, o que está fazendo?
— Descansando enquanto espero o jantar. Vai demorar?
— Por que apagou a luz?
— Porque estava vendo um filme. É melhor assistir com a luz apagada.
— Por que desligou a televisão? — Minha vó deposita as mãos na cintura.
— O filme estava chato.

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Arianne
Spiritual(ROMANCE CRISTÃO) Uma jovem cristã apaixonada por Deus e pela música, tem seus planos de férias alterados e se depara com algumas situações em que seu jeito explosivo a coloca em situações complicadas... O que sempre acontece quando as suas convicç...