Me encaro uma última vez na frente do espelho, tudo parece em ordem, apesar de não me sentir assim.
— Vamos vó? — A encontro no final da escada. Ela está colocando um lenço dentro de sua bolsa.
Minha vó foi convidada para a festa dos gêmeos, enquanto eu estava na casa da Helena. A vó da Larissa é da igreja que a minha vó frequenta, a vejo em todos os cultos. Fizeram questão de convida-la e insistiram que eu devia ir, conheceram meu pai ainda criança e a família deles gosta muito da minha família.
Helena e Larrisa me ligaram tempo depois insistindo para que eu fosse. Um vídeo chamada enquanto nos arrumavamos, cada uma em sua casa, não tive como dizer não apesar de passar boa parte da conversa apenas as ouvindo perdida nos assuntos.
— Está tão linda! — Minha vó me sorrir.
— Não vai implicar com os meus tênis hoje?
— Já até desisti. Sei que prefere eles! — Ela franse a testa. — Mas por que essa pergunta do nada?
— Sempre implica e hoje disse que estou linda, mas não disse nada sobre eles, ou sugeriu outra coisa. — Cruzo os braços. — Isso é estranho!
— Estranho é você se importar com isso. Geralmente meninas usam saltos e tudo mais, mas você fica linda com seus tênis. — Ela tem tato com as palavras. — É linda de qualquer maneira!
Como sou boba, nunca me importou a opinião alheia, o que deu em mim...
— O que foi? — Minha vó toca em meu braço e me tira dos meus pensamentos. — Esta tudo bem? Percebi que está diferente desde que voltou da casa da Helena, aconteceu alguma coisa? Vocês brigaram?
— Não. Estamos bem!
— Então você não quer ir? Eu sei que não gosta muito de multidão, mas vai ter alguns dos seus amigos lá. — Ela me sorrir compreensiva. — Se quiser ficar em casa não tem problema, posso ficar com você. Depois aviso a eles que não deu para ir, só não vou te deixar sozinha. Não sei que horas seu pai vai chegar.
— Não vó. Vamos!
— Tem certeza?
Ela ficou tão feliz em saber que lhe convidaram. São pessoas que conviveram durante toda a vida e agora ficaram tempo sem se ver, não vou ser eu a estragar a noite por... Nem sei porque.
— Tenho.
Quando abro a porta me deparo com Miguel, encostado em seu carro mexendo no celular. Quando nos vê ele guarda o celular dentro do bolso da calça e nos sorrir. Ele está bonito, bem arrumado, vestindo uma blusa azul que deixa seus olhos azuis mais acessos. Parece um príncipe tirado direto de um livro de princesas.
— Boa noite irmã Corina, a paz do Senhor. Boa noite Anne! — Ele esperou até sairmos de casa para nos cumprimentar.
— A paz do Senhor Miguel! Arianne não me disse que vinha nos buscar. Obrigada!
Ele abre a porta do carro e ajuda minha vó a se sentar, fecha a porta e abre a do carona para mim como um perfeito cavalheiro. Depois que me ajeito ele fecha a porta e dá a volta no carro e se senta atrás do volante.
— Está muito bonito! — Minha vó o elogia e desperta um sorriso em seu rosto.
— Obrigado! Pensei que estariam elegantes e que não poderia estar diferente. — Minha vó sorrir, adoram ser elogiados. — Minha mãe lhe mandou um beijo. Está na festa, foi na frente com meu pai.
— O salão da festa é distante? Já estava pensando que chegaria cansada. — Dona Corina comentou.
— Poderia ter me ligado, não me incomodo. — Ele me olha por um segundo antes de voltar sua atenção para o caminho. — Como imaginei que a Anne não iria fazer isso, vim buscar vocês. Fiz mal?
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Arianne
Spiritual(ROMANCE CRISTÃO) Uma jovem cristã apaixonada por Deus e pela música, tem seus planos de férias alterados e se depara com algumas situações em que seu jeito explosivo a coloca em situações complicadas... O que sempre acontece quando as suas convicç...