Arianne

Capítulo 43.

— Cheguei! — Miguel abre a porta de casa e vem direto até mim. — Encontrei com o Guilherme, ele te mandou um beijo e desejou melhoras. Como você está? — Ele se senta ao meu lado no sofá e deito sobre seu peito.

— Não muito bem.

— Foi ao médico? — Ele acaricia meus cabelos.

— Sim, Helena foi comigo.

— Queria ter ido com você. O que o médico disse?

— A doutora não sabe ao certo do que se trata. Passou remédios para aliviar as dores enquanto os exames não ficam prontos. Fiz muitos exames, de todos os tipos e para tudo. Até o de gravidez.

— Acha que pode ser? Já tem alguns meses desde que decidimos... Mas será? Pode não ser. Acho melhor esperar os resultados. — Ele me beija a cabeça. — Mas seria bom!

— É melhor se acalamar. — Sorri com toda a sua animação. — Eu contei que estávamos tentando ter um bebê, e como estou tento muitos enjoos ela decidiu fazer o exame e também alguns exames mais especializados para saber se está tudo bem e se logo teremos uma criança correndo pela casa.

— Entendi. — ele suspira. — Vou preparar o jantar, algo bem leve.

— Difícil vai ser fazer ficar no estômago.

— Claro que vai ficar. Vai comer tudo e ficar bem melhor. Sou ótimo cozinheiro! — Miguel brinca ao se por de pé. — Estive conversando com Deus, confio muito n'Ele.

— Eu também.

— Quando os exames ficam prontos?

— A doutora vai ligar para avisar quando estiverem prontos. Helena vai comigo buscar, para eu não ir sozinha. — Abraço uma almofada. — Foram tantos exames, eu só quero ficar quietinha aqui o resto da noite.

— Vai fazer isso, depois que jantar. — Miguel discursa. — Precisa comer alguma coisa e nem pense dizer nada. Não gosto de te ver assim. Vou cuidar de você e logo vai estar bem.

— Obrigada. Te amo! Muito...

— Não mais que eu te amo! — Ele me beija. — Agora se prepara, vou fazer um jantar incrível.

— Você é incrível... — Digo e ele sorrir. Vai para cozinha e me encolho no sofá.

As vezes a vida pode nos surpreender, e de um minuto para o outro tudo mudar. Nunca estamos preparados, chega de repente e causa seus efeitos. Ganhamos um choque de realidade! E talvez seja exatamente esse o objetivo, nos trazer de volta a realidade, nos fazer abrir os olhos e acordar.

E então você percebe que nem tudo suas mãos podem alcançar. Por mais impulso que pegue ou que deseje com todas as suas forças, ainda não é o suficiente para conseguir o que quer. E então a única sensação que se tem, é de que o chão se abriu de baixo dos seus pés e você está em queda livre.

— Anne, você está bem? — Helena se senta ao meu lado no sofá. — Toma, bebe esse copo de água. — Ela me entrega o copo e bebo um pouco. — Toma o remédio. — Concordo com a cabeça e engulo o comprimido com ajuda da água.

— Miguel já está vindo para casa. Não disse nada, achei que seria melhor uma conversa entre vocês. — Guilherme digita algo no celular.

— Obrigada! — Seguro o copo entre as mãos.

— Deixa eu soltar esse cabelo preso na toalha. — Helena desenrola a toalha do meu cabelo e começa a pentear. — Gosto mais dele solto. Está tão grande, muito bonito.

Guilherme empurra o vaso de flores  da mesa de centro e se senta, retira o copo da minha mão e as segura.

— Está tudo bem? — Concordo com a cabeça em sinal de resposta. — Estou preocupado, nunca foi de ficar calada. Quando isso acontece é porque não está bem. Quer conversar?