Capítulo 14.

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Promessa é o compromisso sobre uma determinada coisa. É a declaração de que estará cumprindo o que se foi dito. Na bíblia diz que não devemos prometer se não vamos cumprir e mesmo que a ideia de conversa com o meu pai sobre o meu futuro me desse receios, agora eu acabará de prometer que ao menos eu tentaria.

— Igual quando eram crianças!

Olhamos para o lado e minha vó estava sorrindo enquanto caminhava pela varanda adentrando em casa.

Olho para o Miguel e vejo o seu rosto com um tom rosado nas bochechas.

Pensei em implicar com ele, mas me lembrei que uma hora dessa minhas bochechas já deveriam estar completamente vermelhas.

— Me ensina o resto da música? — Ele pega o violão outra vez.

— Tudo bem.

Ensinar alguém a tocar uma música no violão não é tão difícil se a pessoal, que no caso era o Miguel, já saiba tocar. Então só necessário saber os acordes e o tempo para que tudo comece a se encaixar. Mas caso o aluno fosse igual minha amiga Luana, tudo se transformaria em drama. Desisti quando ela começou a reclamar que seus dedos doiam, na verdade ela reclamou umas trinta vezes após tentar executar a primeira nota. E quando chegamos a segunda nota ela já estava no auge de sua encenação, sem perda de tempo recolhi meu violão e sumi de sua vista, e desde então nunca mais tocamos no assunto aula de violão.

— Acho que consigo. Vamos a música toda? — Miguel se anima.

— Tudo bem, pode tocar.

— Mas você canta. — Ele diz e quase solto uma risada.

— Não!

— Por quê?

— Eu tenho vergonha!

— Você nunca cantou na sua igreja?

— Já, mas é diferente. — Brinco com meus dedos.

Você não estava lá me encarando! Por exemplo. 

— Não precisa ter vergonha de mim.

— Vamos dizer que é mais forte do que eu. — Respiro fundo.

— Aonde está a Arianne que vive dizendo o que pensa e não tem medo de nada? — Ele olha para os lados.

— Quem disse que eu não tenho medo de nada? — O sorriso sarcástico presente no rosto do Miguel não permitiu que minha última fala saísse sem um pequeno sorriso em meu rosto. — Sou humana sabia? Tenho medos como qualquer um. Só... Tento não ser vencida por eles o tempo todo.

— Você, senhorita lutadora, não vai se deixar vencer por uma música, ou vai? — Ele me provoca. — Vai ser igual quando eramos crianças!

— Oie? — Junto as sobrancelhas.

— Quando eramos crianças, a gente brincava junto e não tinha vergonha. Apenas crianças sendo crianças. Claro isso antes de você quebrar meu coração. — rimos. — Isso... Você me deve uma música para curar um coração quebrado. — ele coloca a mão no peito.

— Você não vai desistir não é? — Ele nega com a cabeça. — Tudo bem. Não acredito que estou fazendo isso, mas vamos lá então.

Fecho os olhos e começo a cantar enquanto ele toca. Minhas mãos começam a suar só por saber que ele está ali, parado na minha frente. Óbvio que ele deve estar olhando para o violão, mas minhas mãos não tem tanta certeza e minha coragem fugiu quando pensei na possibilidade de abrir os olhos para checar.

— Sua voz é linda! — A voz do Miguel soa baixa.

— Dois elogios em um dia? O que é você e o que você fez com o arrogante que eu conheço? — Olho para os lados, o imitando.

Arianne Onde histórias criam vida. Descubra agora