sixty nine

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Após conseguir acalmar Ruggero e o colocar pra dormir, Valentina caminha pelo jardim com as botas na mãos, pensando em como tudo se esvaiu em menos de um mês, tudo desmoronou bem na sua cabeça. Seu melhor amigo está se drogando, Karol está completamente diferente do que ela realmente é, Mike se tornou um grosso que faz indiferença com todos e ela, bom, ela se tornou outra pessoa.
— Quer conversar? — Valentina se assusta quando vê Jorge encostado na árvore — sabe que eu sempre te escuto.
— Não sei se você entenderia — Valu se aproxima dele com passos lentos.
— Deixa eu adivinhar — Jorge cruza os braços e olha diretamente pra ex loira — sua vida está desmoronando na sua cabeça e você não sabe o que fazer.
— Tá me espionando? — Valu pergunta com um tom de voz brincalhão.
— É só considerar os fatos — Jorge argumenta — Karol tá parecendo uma louca que só sofre, Mike tá mais babaca que nunca e Ruggero tá enfiando as agulhas na veia como...
— Como você sabe disso?! — Valentina pergunta interrompendo a fala de Jorge.
— A fofocas Elite postou que o Ruggero se droga e mais da metade da escola já comentou ou curtiu o post — Jorge fala como se fosse obvio.
— Isso não pode tá acontecendo? — Valentina fala desesperada — você entende que ele vai surtar quando descobrir isso?
— É só não deixar ele olhar o celular — Jorge fala com desdém — e outra, ele nem anda muito ativo nas redes, então não tem problema.
— Aí amigo, por que a vida é tão difícil? — Valentina pergunta e Jorge se aproxima mais dela.
— Não sei meu anjo, não sei — ele dá um abraço caloroso em Valentina.

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Ruggero acorda no dia seguinte e vai direto pro banheiro, toma um banho, coloca o sua camisa social, gravata, colete e terno. Dá uma leve arrumada no cabelo e, pela primeira vez em muitos dias, não se sente fraco ou horrível.
Sai em caminho do refeitório mais confiante que nunca. Quando chega ao lugar sente todos os olhares voltados a ele mas não se importa, nada vai estragar o dia dele.
Pega seu café da manhã e caminha até a mesa onde Valentina está sentada. A mesma estava com o cabelos soltos e maquiagem escura de sempre.
— É impressão minha ou tá todo mundo me olhando? — Ruggero pergunta se sentando.
— Impressão sua — Valentina mente e sente a consciência pesar — agora sai, quero ficar sozinha.
— Vou fazer companhia pra você, irmãzinha do meu coração — Ruggero fala de bom humor.
— Acho que alguém acordou de bom humor hoje, que milagre — Valentina zoa o melhor amigo.
— Sim — Ruggero come uma colher da sua salada de frutas — e adivinha... — ele engole — nada vai estragar meu dia hoje, nem esse teu péssimo humor.
Valentina revira os olhos e Ruggero dá uma risada enquanto dois meninos se aproximam, Esteban e Jandino do segundo ano.
— Eai Ruggero — Esteban fala chamando atenção do mesmo.
— Oi... Eu conheço vocês? — Ruggero pergunta em um tom um tanto arrogante.
— Acho que não, mas a gente te conhece — Jandino fala cruzando os braços — e a gente queria pedir um conselho, já que tu é tão popular.
Ruggero só cruza os braços e espera os dois falarem, algo dentro dele diz pra ele correr pra longe mas não vai fazer isso.
— Pra ter essa confiança que você tem — Esteban da uma risada mas logo volta a falar — precisa mesmo usar heroína?
Ruggero sente chão abaixo dos seus pés se romper. Todos do refeitório estavam olhando, todos estavam vendo ele fracassar.
— Responde — Jandino força — todo mundo quer ouvir da tua boca que você não é merda nenhuma sem a droga.
Ruggero puxa Jandino pelo coralinho da camisa social e o mesmo ri.
— Pode me bater, isso não vai mudar o seu fracasso — Jandino fala rindo — todo mundo sabe.
Ruggero empurra Jandino e Esteban e sai pela porta totalmente furioso esbarrando em Mike e Karol.
Valentina pensa em seguir o melhor amigo mas antes ela precisa dar uma lição nos engomadinhos que estão se achando demais.
— Quem vocês acham que são? — Valentina pergunta se aproximando deles, suas botas batiam contra o chão fazendo um barulho assustador.
— A gente não tem medo de você, Valentina... Tu deve ser igual ele, uma fracassada — Esteban rebate com um sorriso no rosto.
— Sabe o que é realmente um fracasso? — Valentina chega mais perto dos dois que ainda tinham um sorriso convencido no rosto — fracasso é ter que humilhar outra pessoa pra se sentir melhor, pra poder se sentir alguém, pra poder conquistar alguma coisa — agora quem tem o sorriso vitorioso no rosto é a ex loira — que foi? Perderam a língua? Ou só caíram na realidade que os únicos fracassados aqui são vocês dois? — Valentina da uma risada sarcástica — Ruggero pode ser tudo, pode fazer tudo... Mas ele nunca vai ser um merda como vocês dois.
Valentina sente alguém puxa seu pulso pra trás e ele conhece muito bem aquele toque. Michael.
— Então se liguem que vocês não são ninguém na fila do pão, humilhar alguém não vai te fazer mais foda — Valentina continua avançando mas é contida por Mike — e se você se acha foda por humilhar alguém por um erro... A sua vida é e sempre vai ser uma merda — os dois tinham os braços cruzados e encaravam Valentina — vão procurar um futuro e parem de fuxicar a vida alheia, seus bostinhas.
— Chega Valentina — Mike a puxa pela cintura — não vale a pena perder seu tempo com esses dois.
— Eles expuseram o Ruggero — Valentina fala alto com lágrimas nos olhos.
— Chega Valentina — Mike puxa ela pelo pulso mas antes dos dois saírem, Valu mostra o dedo do meio pros dois idiotas.

Quando os dois entram no quarto dos meninos, Karol está sentada sobre a cama de Ruggero toda encolhida.
— Cadê ele? — Valentina pergunta andando em direção a cama.
— Não sei — Karol levanta a cabeça, seus olhos estavam vermelhos e inchados — por que ele tava fazendo isso? Por que ele tá usando isso?
—Talvez ele se ache fraco — Valentina fala sentando na cama — talvez ele não queira sentir a dor... Não sei, tem muitas explicações.
— Eu tenho medo por ele — a mexicana fala coçando os olhos — ele pode se matar se continuar assim.
Valentina só abraça a amiga, as lágrimas estavam quase saindo dos seus olhos mas eu não deixaria isso acontecer.
— Acho que temos um problema — Mike fala com um seringa na mão e uma garrafinha de alumínio onde se coloca bebida na outra — a seringa tava no chão, o que significa que ele levou mais sei lá quantas e tem mais três garrafinhas dessa aqui dentro, todas vazias.
— A gente precisa achar ele — Karol levanta da cama em um pulo — liga pra ele...
Valentina pega o celular a disca o número de Ruggero mas cai direto na caixa postal.
— Ele não atende — Valentina fala jogando o celular na cama.
— Eu vou procurar ele — Karol caminha até o espelho pra ver se a maquiagem borrou.
— A gente tem aula agora — Mike fala cruzando os braços.
— Michael, pelo menos uma vez na sua vida pensa nas pessoas — Karol reclama visivelmente brava — eu não to nem ai se tem aula ou não, o Ruggero sumiu com a porra de uma garrafinha e a merda da heroína então eu vou ir atrás dele antes que ele tenha uma overdose — Karol grita com o irmão de um jeito que nunca tinha feito antes — não preciso da sua ajuda, não preciso que você me fale o que eu deva fazer, não sou seu cachorrinho cacete... Eu vou procurar quem eu amo e vou perdoar ele antes que seja tarde demais — Karol sai batendo a porta.
Valentina e Michael se olham surpresos pelo que acabaram de ver. Fazia muito tempo que Karol não explodia assim.
— Acho que a gente deve ir atrás dela antes que ela mate alguém — Valu fala ainda sem reação.
— Eu também acho — Mike caminha até a porta e quando abre tem a surpresa de encontrar o diretor — diretor Martínez.
— Cadê o Ruggero? — o diretor entra no quarto e encontra Valentina — onde ele guarda as porcarias que ele usa? O que você tá fazendo aqui?
— Não sabemos onde ele está — Valentina responde cruzando os braços.
— Parem de acobertar ele, já chega! Vocês sabem que isso não é brincadeira! — o diretor grita — eu quero saber onde tá a heroína e eu sei que vocês sabem.
— Eu não sei onde tá — Valentina responde tentando conter a vontade gritar — ninguém sabe.
— Olha esse tom de voz pra falar comigo, mocinha — o diretor fala apontando pra Valentina.
— Olha você como fala comigo e como fala do meu amigo — Valu falo no mesmo tom que o diretor.
— Se esse seu amiguinho não fosse um drogado de merda nós não teríamos problemas — Sr. Martínez fala em alto e bom tom, Valentina arregala os olhos.
— O que foi que você falou do meu filho?! — Carla pergunta cruzando os braços na porta.
— Sra. Pasquarelli, eu... — o diretor arruma gravata visivelmente nervoso.
— Se o senhor não retirar o que disse sobre o meu filho agora mesmo, eu vou processar esse colégio e garanto que ninguém mais vai querer pisar aqui quando souber que o diretor é um tremendo preconceituoso —  Carla esbraveja caminhando até o diretor.
— Me desculpe pela inconveniência das minhas palavras — Sr. Martínez fala — o seu filho é viciado e eu não deveria ter o chamado daquela maneira.
De repente a mais velha dá um tapa na cara do diretor. Mike logo a puxa pra trás.
— O meu filho não é viciado, seu idiota incompetente! — Carla grita e tenta avançar no diretor mais uma vez mas é detida por Mike — eu o deixo preso dentro desse colégio pra que ele não tenha problema com esse tipo de droga, mas o senhor está mais ocupado o chamando de viciado invés de fazer o seu trabalho pra não deixar que drogas entrem aqui!
— Carla, se acalma — Valentina pede se aproximando — vamos pra enfermaria, você precisa de um calmante.
— Você tem aula Valentina — o diretor exclama autoritário.
— E você tem que aprender a cuidar do seu colégio — Valentina responde sem elevador a voz — vamos Carla.









CLIMÃO
A casinha do Ruggero caiu, todos sabem da sua "fraqueza" agora
Palpites do que pode acontecer?
Ele vai ser expulso do colégio?
Sou só eu que vejo ou vocês também vêem a Karol afrontosa de antes voltando aos poucos?

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