two

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Karol não tinha trocado nenhuma palavra comigo desde que chegamos no quarto, eu não sabia o porque, mas ela estava triste.
— Você ia viajar pra onde? — sento na cama dela, ela olhava pro espelho e penteava os cabelos loiros.
— Atlanta — ela parecia distante.
— Longe, muito longe... O que iria fazer lá, tomar sol? — tentei parceria divertida, mas nenhum sorriso apareceu nos lábios dela.
— Visitar minha mãe, eu não a vejo a meses — ela senta de frente pra mim na cama — meu pai nunca deixa eu ir vê-la, ele é sempre super-protetor comigo.
— Por que você não mora com ela? — pergunto.
— Porque o meu pai ganhou a minha guarda na justiça, a minha e a do Mike... Só porque ele tem mais condições de nos dar uma educação melhor — ela revira os olhos — eu amo o meu pai, mas eu queria tanto ver a minha mãe com frequência.
— Por que ela mora tão longe? — ela parece ficar triste — desculpa, não quis ser indelicada.
— Não se preocupe... Eu não falo muito sobre a minha mãe, lá em casa ela é considerada a vergonha da família — uma lágrima solitária escorre.
Eu a abraço. Nunca abracei ninguém assim, só minha mãe e ela nem está mais viva.
— Eu não sei o porquê dela ser a vergonha da família, mas não deixe que isso diminua o seu amor por ela — digo enquanto ela continua chorando no meu ombro.
— Obrigada Valentina — ela se solta do meu abraço — não conta isso pra ninguém, nem mesmo pro Mike, ele não gosta de falar da mamãe.
— pode deixar pequena — limpo a última lágrima que escorre — agora eu acho que deveríamos deixar a tristeza de lado e ir dormir, amanhã os dia será longo.
— Eu concordo, se eu não dormir direito vou acordar de mal humor.
— Então vamos dormir agora — ela solta uma gargalhada.
Caminho até a minha cama e apago o abajur, me enrolo no edredom vermelho.
— Boa noite, Valentina — ela apaga o abajur dela.
— Boa noite, Karol.

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Estava em um sonho, muito bom por sinal, era uma festa e tinha muita gente dançando, estava tudo as mil maravilhas até eu escutar uma voz distante me chamando, sigo a voz e tudo vai ficando escuro. Continuo caminhando até voz mas então ela para, fico perdida no meio do breu. Do nada algo gelado me molha e eu abro os olhos, lá estava Karol com um copo na mão.
— Você ficou louca? — berro quando percebo que ela me molhou.
— Você não me deu escolha, Valentina — um sorriso sarcástico brota em seus lábios — te chamei várias vezes e você não moveu um músculo.
— que droga — levanto da cama e vou em direção ao espelho — agora vou ter que ficar com o  cabelo molhado.
— Ninguém mandou esquecer o secador — a encaro com um olhar mortal — Se arruma logo, senão vai perder o café.

*******************************

Eu e Karol estávamos prontas, com o uniforme, eu estava com a saia verde xadrez, com a camisa social branca e a gravata do colégio, não quis usar o colete e nem o blazer hoje, está muito quente iria cozinhar
Karol está com a calça azul marinho e a camisa social, a gravata dela estava folgada, duvido muito que ela vá deixar a gravata certa alguma dia.
Nós duas caminhamos juntas até o refeitório, não encontrei Chiara no quarto dela.
Ao entrarmos no refeitório recebemos aplausos dos alunos que estavam la. Olho pra ela que estava com um sorriso convencido no rosto, parecia estar gostando da "fama". Caminho até a mesa do Ruggero, que no caso está com Mike e Jorge, Karol me segue dando tchauzinho pra todos.
— Rainha Zenere, que honra a ter por aqui — Ruggero debochava de mim na cara dura — nos dê a honra de tomar café da manhã conosco.
— Muito engraçado você, Ruggero — sento de frente pra ele e Karol senta ao meu lado
— E ai meninos — ela estava sorridente — Mike pega meu café, por favorzinho — ele nem reclama e vai até a bancada preparar a bandeja da irmã.
— Antes que você peça, Valu, toma seu café da manhã — Jorge me entrega uma bandeja.
— Vocês me conhecem tão bem, meus amores... Obrigada.
— Você tá bem? — Jorge me encara.
— Nem um pouco, vou passar o meu final de semana trancada aqui dentro, se tem uma coisa que eu não estou é bem — dou um sorriso forçado.
— Eu até gostei de ficar o fim de semana aqui — Mike chega com a bandeja da Karol — não vou ter que olhar pra cara do meu pai durante o fim de semana.
— Do jeito que você fala, parece que nosso pai é um bicho de sete cabeças — Karol pega a bandeja e começa comer.
— Ah Karol, ninguém merece aquele homem, você só fala isso que ele te dá tudo... Menos o que você realmente precisa — ele fala a última parte em um tom mais baixo, Karol não se atreve a responder.
— Ótimo clima que vocês criaram logo no café da manhã, valeu mesmo — Ruggero levanta da mesa.
— Onde você vai? — pergunto
— Não sei, só não vou ficar aqui — quando ele está prestes a sair ele senta de novo — Karol conversa comigo.
— O que? — ela pergunta com a boca cheia.
— Da risada, não sei, sorri — ele olha pro lado e eu acompanho o olhar dele, Candelária.
— Você vai mesmo começar um jogo de ciúmes com ela? — eu o encaro, ele faz um sinal pra mim ficar quieta.
— Por favor, Karol — ele pega na mão dela e ela faz uma cara estranha, ele logo solta — Por favor.
Sem mais nem menos, Karol começa a rir e encarar Ruggero, chamando a atenção de Candelária, que não estava nada feliz. Ruggero percebe o jogo e pega na mão de Karol, a encara e joga um sorriso safado nos lábios.
— Ruggero, eu acho que você não precisa olhar assim pra minha irmã — a feição e o tom de voz exalavam ciúmes, Mike estava extremamente irritado com a cena.
— Fica quieto, irmãozinho — ela fala sem tirar o sorriso dos lábios — ela tá vindo — ela simplesmente entrelaça os seus dedos com o dele e começa a comer.
A cena é extremamente engraçada, Jorge está comendo e não está nem ligando pra briga que se aproxima. Michael está cheio de ciúmes, quase quebra o talher que ele está usando de tanta força que está fazendo. Karol está com um sorriso apaixonado, totalmente fingido, e com uma das mãos entrelaçadas com a do Ruggero, o mesmo está com um sorriso malicioso no rosto, eu já sabia o que estava pensando, não é atoa que sou a melhor amiga dele.
— Olá... Vocês — Candelária fala com um certo nojo.
— Bom dia Valuzita — Katja olha diretamente pra mim, ela sabe muito bem como eu a odeio — Queria te dar os parabéns por ontem. Nunca vi alguém passar tanta vergonha em tão pouco tempo — ela me lança um sorriso falso.
— Karol, você está sentindo esse cheirinho? — finjo que estou sentindo algum cheiro — parece inveja, não, não... é fracasso — eu levanto e vou andando até a Katja — e ta vindo de você, Katu.
Ela me olha com nojo, me encara de cima a baixo. O meu sorriso debochado ainda está presente, ela não tem coragem de chegar mais perto de mim.
— Valu, volta pro seu lugar, por favor — Jorge me chamou e eu nem me importei — Valentina!
O encaro e vejo ele suplicando com os olhos, ele odeia brigas. Volto pra mesa e sento de novo, mas não deixo de a encarar.
— Bom dia gente — Chiara chega toda sorridente
— Bom dia, Chi — Candelária vai em direção a Chiara para dar um abraço.
—sai pra lá garota, eu só te aguentava pelo Ruggero — ela desvia de Cande e senta do meu lado.
— Não me importo com você mesmo — nunca vi Candelária tão brava, ela cruza os braços e bufa — na verdade, eu não me importo com nenhum de vocês.
— Então sai daqui, embuste — Karol sempre tão delicada — ninguém te quer aqui também.
— Fica na sua garota, você acabou de chegar no colégio — Katja fala com aquela voz irritante.
— Vai embora você também, filhinha de papai — eu puxo a atenção das duas pra mim.
— Valu, você mal começou a andar com essa selvagem e já está igual ela — Candelária soa irônica — que desperdício em Valu, perdeu minha amizade pela dela ... Tenho certeza que sua mãe morreu de desgosto por ter uma filha assim — ela fala alto pra que todos da cantina escutem.
Os olhares estão atraídos pra nós duas. Como ela pode ser tão baixa?
— Vaza daqui, Corna — eu levanto da mesa mais uma vez e vou andando em direção dela. — Você não cansa de ser assim, Candelária? Não cansa de viver na sombra da filha do diretor? Não cansa de ser você mesma? — ela começa a recuar  porque eu me aproximo — Eu, sinceramente, não sei como você consegue ser tão... tão Candelária... sabe, egoísta, egocêntrica... Corna!
Ela tenta avançar em mim mas Ruggero a segura.
— Você se acha né, Valentina — ela tenta se soltar, só que Ruggero é forte — como é ter um pai que não sabe nem da sua existência? Como é ter um pai que te culpa pela morte da mulher dele?
Pra mim aquilo foi a gota d'água. Eu pulei em cima dela, arranquei uns belos fios de cabelo dela, só que não pude ficar muito tempo em cima dela, braços fortes me puxaram pra trás me impedindo de desfigurar a cara daquela corna maldita.
— Chega Candelária — Karol finalmente fala alguma coisa em meio a confusão toda — Mike, leva a Valu pra algum lugar longe dessa louca.
— Sua amiga que avança em mim e eu sou a louca? Me poupe em garota — Candelária fala e eu tento me soltar pra continuar batendo nela.
— Por que você não faz alguma coisa de útil e cala a boca?! — Chiara fala, nunca a vi responder alguém assim — Leva a Valu daqui menino.
Os braços fortes que agarram minha cintura me leva em direção a saída da cantina. Escuto Karol xingar Candelária de uns nomes bem feios, Chiara também não fica muito atrás, Jorge tem até que segura-la.

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