Pole Dance

No Senna

Na quinta-feira seguinte Marinette já tinha trazido as últimas caixas de casa. Algumas coisas ainda estavam fora do lugar, principalmente no quarto de hóspedes que já parecia mais com seu ateliê.

[...]

Adrien já havia contado no domingo passado sobre o que tinha ido fazer em Milão, a estratégia que tinha adotado e como tinha sugerido a Gabriel como conduzir a situação da divisão. Logicamente, Marinette não gostou do que ouviu.

— Mas que merda, Adrien! E se ao invés de "não" ela tivesse dito "sim"?!

— Daí eu acharia que a picareta era ela e daria uma opinião diferente a Gabriel...

— Você entendeu o que eu quis dizer, engraçadinho! E se ela pusesse a mão na sua virilha... E te apertasse por cima das calças?...

— Não aconteceu, e se acontecesse, me mostraria indignado e faria recuar. — Acha que estaria te contando assim se tivesse alguma chance daquela noite ter terminado de alguma outra forma?

— E você deu a entender que eu sou uma interesseira! Não percebe o quanto isso é ruim para mim? Que hoje em dia, sem ajuda, as pessoas já pensam na Agreste que você é um ótimo atalho para minha carreira?

— Olha... Sei que a Agreste é uma questão delicada, mas vamos ter que conviver com ela. Não faz sentido que eu me afaste para seguir trabalhando em outro lugar quando sou o único herdeiro. E eu não posso mudar isso. E não há coerência nenhuma para você sair da Agreste agora para um concorrente. Se você quiser dar alguma sugestão do que fazer em relação a nossa situação na Agreste, prometo escutar.

O trabalho deles era fonte inesgotável de conflito. Gabriel Agreste não havia mudado o tratamento com nenhum dos dois de forma significativa, após a primeira tentativa dele de conversar com Adrien e depois com Marinette ele simplesmente deixou aquele assunto de lado. E no trabalho ambos se portavam como apenas se conhecessem e não como amantes. Ainda assim o fato dele ser o "segundo em comando" fazendo dela uma subordinada era algo incômodo. Ela adorava o que fazia enquanto para ele a Agreste era uma fonte de dinheiro. Não desgostava do negócio, mas não era nada que envolvesse talento especial ou que fosse sua vocação. Poderia trabalhar na área financeira de outros ramos de negócios, estava ali por ser o empreendimento de Gabriel e pelo mesmo motivo não tinha lógica sair.

Ele sabia que ela não estava com ele por algum interesse relacionado ao trabalho dela. E isso lhe bastava. Mas entendia que, por causa dele, sua capacidade, seu profissionalismo, sempre seriam avaliados com outros olhos. Gostaria de poder fazer algo a respeito, mas não via nenhuma alternativa plausível.

— Eu sei. Só não de a entender que eu seja algo além de profissional dentro da Agreste a ninguém. As pessoas já pensam isso sozinhas, não precisa ajudá-las.

Era um pedido totalmente justo e ele sabia que, por hora, o assunto estava encerrado.

[...]

Voltando a quinta. Adrien já tinha resolvido todos os assuntos pendentes exceto o par de alianças que já iria completar aniversário de um mês sem que ele tivesse encontrado o momento oportuno para propor. Bem, agora já eram seis meses daquele acordo que tinham. Menos precipitado do que se fossem cinco... embora na prática um mês não fosse fazer a menor diferença.

E se tivesse parado para pensar antes, teria percebido porque ficava tão ansioso pensando sobre isso. Ele queria envolvê-la mais em sua vida, queria que estivesse lá para dividir com ele os melhores e piores momentos e queria estar presente nos dela. Mas Marinette parecia estar sempre pronta para sumir da noite para o dia, essa era a impressão que tinha. Se falavam algo sobre o futuro era sobre a carreira, sobre os pais dela, a padaria, algum curso que queria fazer... Qualquer coisa que não fosse "juntos", ou "como namorados", ou, até planejar uma viagem de quinze nas próximas férias! Ficava exasperado! Por isso ficou tão feliz quando ela veio para o apartamento, não era uma garantia que ficaria por muito tempo, mas era a expectativa que ficasse. O que em se tratando dela para ele já era ótimo! Antes de estarem juntos, uma duas parceiras com quem tinha ficado mais tempo deixaram muito claro, a partir de pouco tempo que se relacionavam, que gostariam de se mudar para o apartamento dele. Mas na época ele não quis. Ela levou cinco meses! Era um tapado, sempre se achou muito sábio por nunca ter "caído na armadilha" de assumir um compromisso... O fato era que nunca tinha se envolvido assim com ninguém. Será que ele estava sendo precipitado?