Um estupro, um número no meio da estatística, nada que lhe toque profundamente, a menos que tenha acontecido com você. Não estava entre os mais violentos, mas ela tinha lutado então tinha deixado marcas visíveis, hematomas no rosto, um braço quebrado. E se era para olhar pelo lado positivo, pelo menos, tornou menos dolorido o processo legal, Marinette não teve falar muito, as fotos mostravam o suficiente.
O que tinha deixado marcado, como ferro em brasa em sua memória não foram apenas os minutos de dor, impotência e desespero, mas os meses que vieram antes e aqueles que se seguiram depois. O cerne da questão é que Martin foi seu primeiro amor e ela gostava tanto dele na época! E não foi só o gostar que se perdeu, mas a confiança que tinha e a capacidade que ela tinha de confiar.
Eles eram namorados, passeavam, foram a cinemas, efetivamente viveram tanta coisa juntos durante quase oito meses que se conheciam. Ele estava no primeiro ano de faculdade e ela no segundo ano colegial. Tinha ido jantar na casa dela algumas vezes. Marinette era tímida, mas eles já se faziam carícias mais quentes naquela época. Antes de chegarem às férias de verão, ela já tinha perguntado várias coisas sobre sexo para Alya, pensava como seria sua primeira vez.
Foi no começo das férias de verão, no apartamento que ele dividia com um colega da faculdade. Marinette se perguntou por diversas vezes, até que ele fosse julgado, se talvez tivesse concordado... Ele não seria bruto com ela? Se ele poderia ter sido mais paciente, ter dado algum tempo a ela? Mas a ilusão se desfez por completo durante o julgamento. Foram chamados para depor uma ex-namorada dele e o colega de moradia. O choque maior de Marinette não foi exatamente pelo que eles disseram de Martin, mas por todas as mentiras que Martin havia contado sobre eles. No dia que Martin a forçou, ela teve medo de gritar por ajuda por conta das diversas coisas torpes que ele tinha contado sobre o outro rapaz. No caso, era um indiano e Martin vivia dizendo que ele era abusivo com as garotas, atribuindo isso sua origem e por conta da religião. Foi o rapaz que a levou para o pronto socorro depois do ocorrido... Quando ouviu seu depoimento ficou realmente embaraçada por ter acreditado em coisas que Martin disse sem nem o conhecer. No dia, quando os pais foram para hospital, ela teve que dizer a eles que tinha sido Martin que tinha feito aquilo com ela. Eles ficaram chocados e muito tristes por não terem conseguido protegê-la, por também não terem percebido nada errado no garoto. Às vezes se perguntava se seria tão horrível quanto se tivesse sido um desconhecido, desejou que tivesse sido.
A defesa de Martin? Disse que tinha sido consensual, mas que ele tinha bebido um pouco e por isso não percebeu quando ela tinha caído e se machucado. Mas ele já havia sido abusivo com a ex-namorada, coisa que Marinette só descobriu durante a acusação. E ela tinha prestado queixas, na época ele também era menor de idade, mas aquilo somado as fotos e a versão de Marinette convenceram o júri. Os pais dele ficaram exaltados com ela. Do ponto de vista deles, não entendiam porque ela estava mentindo sobre tudo aquilo...
Nas semanas seguintes, ele sentia-se suja, culpada de alguma forma, menos do que outras garotas que foram mais capazes de se defender. Burra por não ter percebido como ele realmente era. Tinha feito algo para merecer aquilo? Agradecia pelo fato de serem férias de verão, os hematomas no rosto demoraram vários dias para sumirem e o braço dois meses para retirar a imobilização. Os pais a levaram e incentivaram a fazer terapia. Quando as aulas voltaram era o último ano, vários dos colegas sabiam da história, mas ninguém sabia dos detalhes. Ela nunca falou sobre isso com nenhum deles, nem mesmo com a Alya. Com algum tempo e com a terapia, a percepção que tinha sobre ser suja, burra, ser sua culpa ou ser menos foi diminuindo. Depois de algum tempo, ela decidiu que era melhor do que aquilo e que levaria uma vida normal, em todos os aspectos. Os pesadelos diminuíram e quando chegou a viagem de formatura ela quis ir com a galera. Embora não soubesse dizer se realmente ainda a olhavam diferente desde o verão passado, ou se aquilo era só uma neura dela. A viagem foi para o litoral, para uma cidade chamada Nice, próxima da divisa com a Itália. Durante a viagem ela resolveu que teria sua aventura e experimentou sua primeira vez decente com um ruivo da sua turma, Nathaniel, que sempre pareceu muito apaixonado por ela. Quando retornaram para Paris, foi cada um para um lado, a contra gosto dele, mas o que para ela foi um alívio. O que dizer de Nathaniel? Ele era uma gracinha, atencioso, um pouco tímido, como ela. Mas ela realmente não queria se envolver com ele, estava começando o curso na ESMOD e lá ninguém a conhecia. Lá ela conheceu Luka mais ou menos no meio do primeiro ano. E na questão de sexo, Luka foi muito melhor do que qualquer terapia, ele gostava que ela tomasse as rédeas e ela gostava de estar no controle, na maior parte das vezes. Não contou a ele sobre Martin, mas na época era notável que não gostava de ser presa. As safewords eram perfeitas para ela, e queria experimentar todas suasfantasias. Restringir-se pelo ocorrido não fazia parte do cardápio.

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Pole Dance
FanfictionTudo começa em um clube noturno quando Marinette e Adrien se encontram por acaso. Porém, ambos trabalham no mesmo local, a empresa Agreste, onde o diretor criativo, Gabriel Agreste é o pai de Adrien. Mas Adrien e Marinette estão habituados com feti...