26. Mãos Mágicas

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Três capítulos seguidos em comemoração ao novo álbum, taca stream em Familia! 
E para esse capítulo, vamos de Hurt do Johnny Cash ;)


Lauren pov

Após dar uma pequena lição no desgraçado, fui até meu quarto guardar meu soco-inglês, lavei minhas mãos e troquei de camiseta, já que o Leroy a sujou com seu sangue imundo. Peguei o kit de primeiro socorros e fui ao encontro de Camila.

Dispensei Lucca e parei em frente a porta pensando em bater antes de destrancá-la, mas que porra é essa? Sou eu que mando aqui! Não preciso bater na porta, se bem que não quero correr o risco de vê-la nua, ou quero? Que loucura, Lauren, você está falando sozinha.

Resolvi bater antes de entrar.

Camila usava uma calça de moletom preta e uma regata vermelha de alças finas, estava sentada na cadeira de frente para o espelho, penteando seus cabelos molhados, me olhou através do reflexo e sorriu fraco, seu rosto estava inchado.

— Desculpe a demora, eu trouxe algumas coisas. 

Caminhei até ela, Camila fez menção de levantar, apenas fiz um sinal para que ficasse sentada. Quando cheguei mais perto, notei em seus ombros nus, marcas de mãos em sua pele. Precisei respirar fundo para não voltar lá e matar de uma vez aquele babaca.

— Não sei nem por onde começar, você deveria brigar só com gente do seu tamanho, Srta Camila, um pinscher, por exemplo. – Tentei quebrar o clima desconfortável, enquanto revirava a caixa de primeiro socorros, peguei um remédio para dores musculares e um copo de água, entreguei para Camila que segurou minha mão por um momento.

— E você, Srta Lauren, andou brigando com gente do seu tamanho? – Camila apontou com o olhar para minha mão direita, estava visivelmente machucada devido ao soco-inglês e a intensidade a qual o usei. 
— Eu não preciso de tamanho. – Respondi com deboche puxando minha mão, ela revirou os olhos e tomou o remédio. Encontrei um spray antisséptico e peguei uma gaze.

— Você lavou bem esse machucado? – Perguntei e ela assentiu com um bico nos lábios. Me ajoelhei em uma perna e peguei sua mão, quando espirrei o spray ela puxou a mão fazendo cair tudo em sua calça.

Camila! 
— Vai arder, eu não quero.
— Não seja criança! É para não infeccionar, você têm sorte que todos nossos cachorros são vacinados, agora me dê logo essa mão. 

Ela ficou com um bico nos lábios, minha vontade era de, de, era, beijar? Balancei minha cabeça com os pensamentos.

— Não vai arder, prometo.

Abri minha mão esperando a dela, ela ficou me fitando por alguns segundos então repousou sua mão macia na minha. Havia pequenos furinhos em sua mão, Hércules não pegou pra machucar, se não ele teria arrancado a mão dela fora, espirrei duas vezes o antisséptico, Camila fez uma careta por puro exagero, porque eu sei que não arde, me inclinei e assoprei suavemente sua mão.

— Ardeu um pouco.
— Não seja dramática. 

Guardei o spray e peguei uma pomada para machucados, eu sempre a usava quando me metia em alguma confusão, ela é ótima para aliviar a dor e disfarçar os ferimentos. Espalhei um pouco em seu machucado e enrolei uma gaze em sua mão.

— Agora vamos tentar salvar um pouco esse rosto, mas já aviso que eu não opero milagres.
— Nada precisa ser salvo, esses machucados me deixaram com uma cara de badass, então eu continuo maravilhosa.

Camila sorriu e levantou a sobrancelha convencida. Balancei a cabeça negando, modéstia passou longe. 

Mas ela continuava mesmo, maravilhosa.

Fiquei em pé, bem próxima ao seu corpo, levantei suavemente seu queixo para ela erguer a cabeça. Eu não sei explicar, mas ultimamente tudo que faço para ela é diferente dos meus atos cotidianos, com ela é tudo suave e delicado, eu me esforço ao máximo para não tratar ela com brutalidade ou grosseria... Estava em profundos devaneios, que acabei me perdendo em suas órbitas castanhas, enquanto eu segurava em seu queixo, trocamos um olhar tão intenso que parecia queimar em mim.

Senti que essa conexão poderia durar uma vida, faltou ar em meus pulmões por prender a respiração, e só assim desvio nosso olhar, e começo a espalhar a pomada por seu rosto, Camila fecha os olhos e solta uma respiração pesada, tento minimizar o peso de meus dedos em seu rosto, faço pequenos círculos para que a pomada pegue bem. Termino de espalhar a pomada e passo meu polegar por sua bochecha.

Mas que porra eu estou fazendo, que tipo de intimidade é essa?!

— Agora só faltam seus ombros. – Eu disse e Camila abriu os olhos, ficou analisando seus ombros.
— Acho que não precisa, eu fico marcada facilmente. – Ela respondeu indiferente. — Ai! – Toquei na região vermelha e Camila soltou um gritinho.
— Se doeu, é porque precisa. – Ela apenas revirou os olhos. Então uma ideia me ocorreu.

— Senta mais na ponta, por favor. – Camila ficou me olhando sem entender, eu fiz um sinal com a mão para ela ir mais para frente na cadeira, depois dela ter entendido, ela mexeu aquela enorme bunda, não que eu fique reparando. 

— Licença.

Passei por trás de seu corpo e sentei na cadeira, passei uma perna de cada lado, e vi Camila petrificar, ela mal respirava, assumiu uma postura séria endireitando seu corpo, chegava a ser engraçado. Seus cabelos molhados caiam sobre suas costas, retirei meu amarrador do pulso e fiz um coque frouxo em seu cabelo. Desci a alça fina de sua regata até o meio do braço, Camila não estava usando sutiã, e nossos corpos estavam quase colados, meus seios encostavam levemente em suas costas, mas em nenhum momento ela me interrompeu por estar desconfortável. Vi sua pele arrepiar com os toques, espalhei a pomada por todas as marcas vermelhas, Camila encolhia o ombro quando eu relava em alguma região mais dolorida. Depois de passar no lado direito eu repeti tudo no ombro esquerdo, e eu já poderia ter finalizado, mas a vontade em ficar, foi maior. 

— Você tem mãos mágicas. – Ela sussurrou.
— Você nem imagina. – Murmurei baixinho.
— O que? – Camila perguntou sonolenta.
— Nada, só relaxa e aproveita, meus serviços estão disponíveis somente hoje.

Pude ver seu sorriso de canto. Eu não passava mais pomada, continuei apenas massageando, suas costas, seu pescoço e seus braços, meus toques são tão sutis que até fiquei em dúvida se estava ou não relando nela, mas pelo jeito sim. Camila foi relaxando em meus braços e encostou de vez seu corpo no meu, sua cabeça ficou repousada em meu peito, fiquei um pouco sem reação, mas até que isso é bom.

Olhei para seu rosto pelo reflexo do espelho, seus olhos fechados e sua respiração calminha, parecia um anjo, se eu acreditasse em anjos, mas era mesmo uma visão bonita, nós duas juntas, ela repousando em meu corpo.

Levantei as alças de sua regata e acariciei seus braços, meu coração martelava tão forte em meu peito que fiquei com medo de acordá-la, certamente eu poderia ficar aqui por horas, mas não seria confortável para ela dormir em uma cadeira. Olhei mais uma vez para nossa imagem no espelho, sentindo aquela sensação estranha de novo. 

Com todo o cuidado do mundo, cuidado o qual eu não sabia existir em mim, consegui me levantar e a pegar em meus braços, Camila aninhou-se em meu corpo de uma forma que eu não queria soltá-la, sua respiração quente fez cócegas em minha pele, a deitei na cama e a cobri, sentei novamente na cadeira e fiquei observando seu sono tranquilo.

— O que você está fazendo comigo, Camila.

Libélula. A herdeira Rockefeller - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora