40. Liberdade

856 97 54
                                    


Lauren dirigiu de volta para casa, fumando seu cigarro, pensativa, havia uma mistura de sentimentos em seu corpo, tensão, alívio, estresse, desânimo e exaustão. Estava preocupada com Camila, como Joca poderia cogitar dar um fim nela? Não permitiria algo assim, tudo que Camila merecia era sair daquela cela fria, agora, deixá-la ir, seria outro passo difícil.

Entrou em seu apartamento deixando as botas pelo caminho, olhou para o sofá vazio e torceu o nariz, foi direto para o banheiro jogando suas roupas no chão, ela só precisava relaxar na água quente e tentar pensar em outras coisas. Quando o box de vidro ficou esfumaçado pelo vapor, surgiu uma carinha feliz no vidro e o nome de Camila, Lauren não conteve o sorriso, imaginou Camila em seu banheiro escrevendo em seu box, isso a fez relaxar um pouco, escreveu seu nome embaixo e logo revirou os olhos se sentindo infantil, mas deixou os nomes ali escritos. Não estava sentindo fome, então apenas vestiu um pijama e escorregou para sua cama, respirou fundo passando os dedos no travesseiro de Camila, tentando capturar algum sinal dela, mas essa noite sua cama estava vazia.

Sua noite não foi das melhores, muito menos a de Camila, apesar de se sentir melhor, fazia falta estar no aconchego do quarto de Lauren, em suas cobertas e principalmente em seus braços tatuados e firmes que seguram seu corpo com tanta proteção. Sentiu um frio na barriga só de pensar nela e lembrar de seus toques, Lauren abriu seu apartamento, sua intimidade e aos poucos, sua vida, confiou nela, e Camila não sabia sequer o por quê, mas gostava daquela versão de Lauren.

Lauren acordou com pouco humor naquela manhã, apertou a função soneca três vezes antes de levantar, passou um café enquanto fumava na janela olhando o dia cinzento na cidade luz, vestiu uma camiseta branca e calça preta com rasgos modestos, nos pés, um par de vans brancos, colocou seus anéis um a um, enrolando para sair de casa, bebeu seu café amargo calmamente, olhando para o banco onde beijou Camila. Respirou fundo, pegando suas chaves, vestiu sua jaqueta de couro marrom e saiu murmurando pelo corredor.

O caminho foi diferente, dirigiu de forma lenta e prudente, apertando os dedos no volante, se sentia ansiosa, esperava que Joca cumprisse com o combinado e libertasse Camila, ao mesmo tempo, a liberdade de Camila era ambígua. Olhando para trás, parecia que os dias passaram de forma rápida, desde a noite em que a magnata princesa Rockefeller, preencheu todo ambiente com seu perfume, joias e vestido vermelho, e agora estava chegando ao fim a estadia da garota. Estacionou o carro em sua vaga cativa e seguiu pelos corredores com seus óculos escuros.

— Bom dia, filha. – Joca disse, observando Lauren entrar em sua sala.
— Dia. – Ela respondeu, sentando de forma desajeitada na cadeira.
— Acordou do lado errado da cama? – Ele perguntou humorado e Lauren respondeu com um sorriso debochado.

Joca estava sempre bem vestido, usando uma camisa preta e blazer grafite, seu relógio prata destacava em seu pulso, ele estendeu as mãos em cima da mesa, esperando as de Lauren.
Ela respirou fundo, tirou os óculos e se ajeitou na cadeira, segurando as mãos de seu pai.

— Você está bem? – Ele perguntou preocupado.
— Sim, estou apenas cansada, é difícil conciliar tudo. – Lauren respondeu, dando de ombros.
— Já disse que você não precisa se envolver com nada disso, nada do meu mundo. Você precisa apenas estudar e viver bem, eu dou conta do resto.
— Não se preocupe com isso pai. A maldita faculdade que você insistiu tanto, é que está me matando.
— Lauren, já disse que é importante. – Ele rebateu.
— Eu poderia continuar estudando na minha área, Direito não é pra mim. – Ela repetia pela milésima vez, perdendo as contas de quantas vezes teve aquela mesma conversa com ele.
— Você é brilhante com os números, mas um segundo diploma não faz mal, você ainda vai me agradecer, confie em mim. E agora falta pouco, não é?
— Sim, finalmente. – Ela respondeu, soltando um suspiro cansado.
— Então aguente firme. – Ele disse, apertando carinhosamente as mãos de Lauren. — Agora vamos falar sobre a mulher na cela ao lado.

Libélula. A herdeira Rockefeller - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora