4. Os Miseráveis

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Entrei em minha sala seguida por Ally, sentei na cadeira apoiando o rosto sobre as mãos.
— França, uh? – Ally questionou, se sentando.
— Uma mudança e tanto, não é mesmo? – Suspirei, massageando minhas têmporas.
— É sim, um grande passo na sua carreira.

Girei minha cadeira ficando em frente ao grande vidro da minha sala. Observei o movimento lá embaixo, parecia um vai e vem de formiguinhas.

— Ally, você acha que irei conseguir? – Perguntei baixinho como se confidenciasse um segredo.

— Não vejo alguém mais capacitado para executar essa função. – Ally se pôs ao meu lado repousando uma mão em meu ombro. — Você poderia assumir qualquer filial ao redor do mundo, porque você é capaz, Camila.

— Obrigada, Ally. Espero que você decida ir comigo, seria incrível. - Afaguei sua mão que estava em meu ombro. — Agora acho que vou para casa, preciso pensar um pouco.

— Claro, aqui estão as anotações da reunião de hoje. – Levantei colocando os papéis em minha bolsa e me despedi de Ally.

Fiquei aguardando o elevador ao lado do Phelipe, um dos membros do conselho. Assim que o elevador parou em nosso andar, ele gentilmente me deu passagem para ir primeiro.

James nos cumprimentou e perguntou em qual andar iríamos, Phelipe avisou que ficaria no financeiro, poucos andares abaixo. Assim que Phelipe saiu do elevador, James virou todo sorridente para o meu lado.

— Srta Camila, eu não sei nem como lhe agradecer. – Seu grande sorriso faltava rasgar seu rosto.
— Agradecer? – Pisquei algumas vezes tentando me recordar do que se tratava.
— Me informaram que eu terei alguns dias de folga, graças a você.
— Oh. – Deixei escapar surpresa, já havia me esquecido. — Não foi nada...

— Foi sim, vem de grande ajuda essas folgas. Se eu puder ser útil em alguma coisa, por favor não hesite em me chamar. – Ele respondeu verdadeiramente olhando em meus olhos.

— Pode deixar James, agora aproveite para colocar as coisas em ordem.
— Eu vou, obrigado novamente. 

Sorri para o belo rapaz e caminhei para fora do elevador.

Entrei em meu carro pegando os papéis na mão, joguei minha bolsa no banco do passageiro, e comecei a ler as anotações, logo na primeira linha, Ally havia grifado em amarelo, PARIS!!! Encostei minha cabeça no volante, e fiquei alguns minutos por ali.

Paris...

(...)

Black do Pearl Jam, tocava baixinho no carro, a voz do Eddie Vedder me acalmava de certa maneira. Logo que adentrei na propriedade, vi Sofia brincando de bola com os cachorros, sua roupa toda suja e seus cabelos desgrenhados, eles podiam facilmente arrastá-la como se fosse um pedaço de pano.

Assim que estacionei o carro, Sofia correu até mim, mas o casal de golden retriever foram mais rápidos e vieram direto pular nas minhas pernas. 

— Napoleão, Josefina, sentar! – Dei o comando abrindo a palma da mão, e logo os dois estavam sentados abanando os rabos. — Ufa, salvei minha calça branca! – Comemorei, afagando os cachorros. 

— Oi kaki, voltou cedo! – Sofia exclamou animada abraçando minhas pernas com as mãos todas sujas, sujando minha calça.
— Falei cedo demais. – Me abaixei para abraçá-la retirando algumas folhas de seu cabelo, Sofia estava com oito anos, e cada vez mais parecida comigo. — Vim almoçar com vocês, aproveitar o restinho das suas férias.

— Eu não queria que as férias terminassem. – Sofia fez bico se agarrando em meu pescoço.

— Pequena, você precisa estudar para ficar ainda mais esperta.
— Igual a você? – Ela me perguntou, fazendo meu peito transbordar de orgulho.
— Muito mais do que eu! Mas para isso, você sabe que tem hora para tudo, certo? 

Libélula. A herdeira Rockefeller - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora