32. Tiro

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Camila pov 

Acordei com um barulho alto e incômodo, há muitos dias que não escuto o som de um celular, até pensei que estava sonhando. Olhei em volta, mas mal pude me mexer, Lauren estava agarrada em minha cintura com o rosto encostado em minhas costas, o calor do corpo dela era gostoso, mas o seu ronquinho em meu ouvido não, ela nem se mexeu com o barulho.

— Lauren. – Chamei, sacudindo meu corpo. — Lauren.
— Hmmmm – Ela resmungou sem se mexer.
— Seu celular está tocando.
— Nãooo quero. – Ela disse manhosa.
— Então desliga.
— Ok.

Ela respirou fundo suspirando contra minha pele, deixou um beijo em minha nuca e me soltou devagar, senti meu corpo arrepiando e me virei para olhá-la, seu cabelo desgrenhado e o rosto vermelho marcado, seus olhos estavam claros como o dia e pequenos de tanto dormir.

Ela se esticou toda e alcançou o aparelho, esfregou seus olhos e arqueou a sobrancelha. — Preciso atender, é trabalho.

Pela tela do aparelho vi o nome Don Carlos, ela coçou a garganta e se sentou na cama, atendeu e começou uma conversa em francês, Lauren tinha um charme com seu sotaque forte, não eram todos que conseguiam ficar tão bem dizendo oui oui...

— Bonjour, monsieur. No que posso ajudar?

Aproveitei para me levantar e ir ao banheiro, mas prestando atenção na conversa, que falta de educação a minha, mas quem liga?

— Oui, os números não mentem, monsieur. Pode contar comigo.

Quando voltei, Lauren estava de pé em frente ao espelho, ainda falava no telefone e arrumava seu cabelo com a mão livre, havia vestido sua calça jeans e guardado sua arma.

— Vamos resolver essa questão, te vejo a noite. – Ela desligou o aparelho e guardou no bolso. Esticou seus braços se alongando, pude ouvir suas costas fazendo barulho.

— Bom dia. – Ela disse, com um sorriso tímido.
— Bom dia, dormiu bem?
— Incrivelmente bem, se não fosse esse celular, estaríamos embaladas no sono até mais tarde.
— Não sei, seu ronco teria me acordado. – Respondi brincando, ela arregalou os olhos, buscando por mentiras em minhas palavras.
— Droga, ronquei mesmo? – Perguntou envergonhada.
— Não se preocupe, estava bem baixinho. 
— Eu estava cansada.
— E um pouco bêbada.
— Caramba, vou sair antes que tenha algo a mais para acrescentar.

Ela se afastou indo até o banheiro, aproveitei para me sentar em frente ao espelho e pentear o cabelo, me sentia descasada, minha noite apesar do pouco espaço, havia sido ótima. O calor do seu corpo em minhas costas, a respiração dela contra minha pele e até mesmo sua mão repousada em mina barriga, tudo foi estranhamente natural...

Meu Deus! Esse lugar está me enlouquecendo de fato. 

Lauren saiu do banheiro e se sentou na cama, calçando suas botas. 

— Sobre ontem, me desculpe se falei demais e por ter te acordado no meio da noite. 
— Você está ficando boa em pedir desculpas. – Provoquei. 
— Não se acostume, pode não acontecer novamente. – Ela rebateu. 
— Você pedir desculpas?
— Eu estar errada. – Respondeu. Sem acreditar em sua petulância, a olhei através do espelho e ela piscou. 
— Lauren, Lauren, essa sua arrogância não é o seu charme, pode parar com isso. – Deixei a escova na penteadeira e me levantei. 

Ela se levantou também, e se aproximou com um aquele maldito sorriso, passou os braços em volta da minha cintura.

— Então qual é o meu charme?
— Hmm. Talvez você não tenha. – Respondi dando de ombros.
— Tenho, e sou mais que apenas um rostinho bonito, você só não quer admitir. 
— Você é tão metida, Srta Lauren. 
— E você é tão linda pelas manhãs, Srta Camila. – Ela disse, subindo sua mão até meu rosto e acariciou minha bochecha.

Libélula. A herdeira Rockefeller - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora