7. Voo

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Enfim é chegado o dia que saio das asas protetoras de minha família e vou em busca do meu destino, decidi não ficar prolongando muito minha ida, então depois de uma semana arrumando minhas coisas, e terminando minhas pendências na empresa, estou indo para França. Malas prontas e documentos na bolsa, me troquei optando por uma roupa menos formal, já que iria passar algumas horas no avião. Coloquei botas e calça de couro preta e uma blusa de lã amarela, peguei minha boina e óculos escuros e desci para me despedir.

 Coloquei botas e calça de couro preta e uma blusa de lã amarela, peguei minha boina e óculos escuros e desci para me despedir

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— Você entendeu, Camila? – Meu pai perguntava pela milésima vez.
— Sim papai, já entendi, qualquer dúvida eu te ligo.
— E pode falar com o Roger, nos conhecemos há anos ele é um bom amigo e ótimo profissional.
— Tá bom, tá bom, agora posso ir?
— Sim! Vem cá me dar um abraço. Faça um bom trabalho filha.

Abracei meu pai e depois minha mãe, meus avós não queriam me soltar de jeito nenhum e Sofia estava chorosa se agarrando em minhas pernas.

— Pequena, logo você vai me visitar, já conversamos sobre isso.
— E quem vai ler pra mim antes de dormir? – Sofia me perguntou cheia de lágrimas nos olhos.
— Você tem o vovô e a vovó, que são os melhores contadores de história do mundo inteirinho!
— Você é a melhor! – Ela disse me abraçando o mais forte que conseguia. Me abaixei para segurar em seu rostinho.

— Eu volto o mais rápido que puder, te prometo. Enquanto isso preciso que você cuide de tudo por aqui, combinado? – Estiquei meu dedo mindinho para que ela unisse com o dela, em nossa promessa silenciosa de irmãs, ela juntou seu dedinho ao meu. — Eu amo muito você.
— Também te amo muito mila. 

Depois das despedidas chorosas e malas guardadas, entrei em meu carro para ir até o aeroporto. Pedi para que eles não fossem comigo, queria dirigir mais vez meu carro sem ninguém reclamando da velocidade. 

Já era final da tarde, e o sol estava se pondo quando finalmente cruzei os portões da mansão, liguei o volume no máximo em Journey - Don't Stop Believin. Por sorte morávamos afastados da cidade, o que me permitia fugir do trânsito.
Apertei firme o volante de couro após engatar a quinta marcha, meu banco estremecia levemente enquanto meus pneus queimavam no asfalto quente, poucos minutos depois quando o velocímetro chegou em 220/km não conseguia mais ouvir a música, agora apenas  o ronco do motor misturado com o vento alto batendo contra minha janela. 

Em perfeita sintonia, o carro e a estrada, o tempo e a velocidade, o prazer de tudo isso em minhas mãos, guiando a direção. Sentia meu coração batendo forte contra meu peito, quase rasgando, e com minha respiração ofegante me fazendo sorrir. Essa adrenalina em dirigir é uma das únicas coisas que me faz sentir esse arrepio intenso contra meu corpo, que me faz sentir algo queimando em minhas veias, e a vontade de sempre pisar mais fundo, acelerando mais e mais para descobrir até onde consigo ir.

Os faróis iluminando a estrada que escurecia rapidamente, sabia tudo que passava rápido em minha visão ficando para trás, mas jamais saberei o que vem a seguir, o que pode cruzar o meu caminho, e isso me deixa instigada, mantendo os olhos atentos a qualquer sinal. Não sei bem explicar sobre minha paixão na velocidade, mas eu a amo, amo essa adrenalina e a sensação que me leva ao extremo, me sinto bem, e me sinto mais viva por trás do volante.

Libélula. A herdeira Rockefeller - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora