22. Tédio

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— Boa tarde. – Lauren cumprimentou, entrando na cela, estava mordendo uma maçã e jogou outra para Camila.

— Oi. – Camila respondeu desanimada, e agarrou a maçã. Estava sentada na cama olhando para o teto.
— E essa cara, o que foi?
— Estou entediada, não tem nada pra fazer aqui, os dias parecem se arrastar.
— E o que você esperava, um tablet? – Lauren disse, arqueando a sobrancelha.
— Um livro ajudaria muito. – Camila rebateu. 
— Um livro, é? O que mais a madame deseja em nosso spa? – Lauren perguntou, sentando na cama.

— Skincare, preciso cuidar da minha pele. – Camila respondeu, e Lauren revirou os olhos.
— Hahaha. Você é ótima.
— Obrigada. Imagino que talvez vocês não tenham muitos livros, mas pode ser qualquer coisa, jornal, revistas ou gibis. – Camila disse, brincalhona.
— Ah, os rapazes têm ótimas revistas, são bem ilustrativas, vou trazer pra você, algumas devem estar com as páginas grudadas, mas vão te distrair bastante. – Lauren respondeu, e Camila precisou de uns segundos para entender do que se tratava.

— Que horror! – Camila respondeu, fazendo cara de nojo. 
— Você pode se divertir com elas. – Lauren insinuou. 
— Você não tem mais o que fazer? Ou fica o dia todo por aqui para me atormentar?
— Tenho muito o que fazer.
— Uh, imagino mesmo, uma vida de crimes.
— Isso aí! – Lauren disse, piscando.

Ficaram em silêncio, comendo suas maçãs, até Camila voltar a falar.

— Então, você é parisiense mesmo? – Camila perguntou.
— O que, por quê? – Lauren rebateu de imediato.
— Calma, é apenas uma pergunta, credo você vive na defensiva.
— É complicado.
— Tudo bem. – Camila deu de ombros. 
— E você, é estadunidense? Porque não parece.
— Porque não? – Camila perguntou curiosa. 
— Seus traços.
— Você até que está certa, sou estadunidense, mas meu pai é cubano. – Camila respondeu se levantando, e foi até o lixo jogar o que restou da maçã.
— Logo notei. – Lauren respondeu, analisando Camila, que não percebeu os olhares nada discretos em seu corpo.
— É mesmo? – Camila disse, virando para encarar Lauren.
— Sim, só um cego para não ver. – Lauren respondeu, com um sorriso de canto. Camila olhou confusa sem entender do que a mulher falava, mas não se prendeu muito nisso. 

Sentou na cadeira de frente para Lauren, que estava agora com seu celular na mão digitando.
— Vou precisar que você mande mais alguns áudios. – Lauren disse, com os olhos na tela.
— Ah claro, vou perguntar porque raios não estão me procurando.
— Já parou pra pensar que, talvez eles tenham te colocado aqui? – Lauren disse séria, erguendo o olhar para Camila.
— Que absurdo! – Ela respondeu exasperada.

Lauren deu de ombros, se levantou indo até o lixo, quando voltou parou em frente a cadeira, e podia jurar ver uma fumaça saindo da cabeça de Camila. 

— Talvez eles precisassem de uma folga, ou estão tentando te ensinar alguma coisa. – Lauren disse, fazendo um gesto para Camila pensar, batendo o indicador na cabeça de Camila. Por um momento ela tentou considerar a ideia, mas era realmente muito absurda.
— Srta metida, talvez você não tenha boas referências em seu ciclo de convivência, mas você não conhece minha família, nem as pessoas próximas a mim. – Camila respondeu confiante, com a cabeça erguida encarando Lauren. 
— Tem razão, eu não conheço, mas e você, conhece bem? – Lauren disse provocando.
— Sim.
— Então ótimo, vamos mandar as mensagens. – Lauren respondeu piscando, entregando o celular para Camila. 

Depois de um tempo e algumas mensagens de áudio, Lauren foi para sua casa, mas sem conseguir tirar Camila de seus pensamentos, tomou banho, jantou e começou a estudar, mas estava inquieta. Foi até sua estante de livros analisando um por um, capturou um livro antigo de capa verde; A Pedra Da Lua, e começou a folhear as páginas se lembrando da história.

Era um romance policial do século XIX, não era a leitura preferida de Lauren, mas ela precisou ler cada uma das 686 páginas para uma prova, era um bom livro com aventura, romance, mistério, maldição e riquezas, deveria servir para ajudar com o tédio.

Foi até o escritório para escrever um bilhete, pegou as chaves do carro e voltou até o local.

— Entregue para ela. – Lauren disse, entregando o livro para Andreas, que obedeceu imediatamente.

Camila estava jantando, quando ouviu barulho na porta, olhou por cima do ombro e Andreas estava parado na porta, era até novidade já que ele nunca aparecia.

— Isso é para você. – Ele disse de forma breve, deixou o livro em cima da cama e saiu novamente trancando a porta. Camila terminou de comer para depois ver o livro, preocupada com o que iria encontrar, já que a Srta metida mencionou sobre revistas ilustrativas.  

Sentou na cama segurando o livro de capa verde nas mãos, não conhecia a história, mas estava animada em começar a ler alguma coisa. Assim que abriu a primeira página, um papel caiu do meio das folhas, com uma caligrafia bonita, Camila sorriu balançando a cabeça ao ler a mensagem. 

Eu poderia facilmente acabar com seu tédio, mesmo neste local, poderia lhe entreter de várias maneiras, mas se prefere um livro, espero que aproveite sua leitura, Srta Rockefeller.
                                                            Ass. Srta Metida/Arrogante/Muito Bonita. 


Libélula. A herdeira Rockefeller - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora