O Rei Hyberniano está morto. Elain e Nestha Archeron certificaram-se de que fosse assim. Mas o que as irmãs, bem como Feyre, Rhysand e os demais Prythianos, não sabem, é que Hybern tem herdeiros. E Ygnnor, o mais velho dos dois filhos do Rei Valec...
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"As pessoas pensam que seus sonhos não são reais porque não são feitos de matéria, de partículas. Sonhos são reais. Mas eles são feitos de pontos de vista, de imagens, de memórias, de trocadilhos e de esperanças perdidas." - Carla Ramos.
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Galhos secos quebraram sob minhas botas quando me aproximei sem fazer questão de ser discreta. Estava recomeçando a nevar, mas a luz me mantinha aquecida e impedia que os pequenos flocos gelados caíssem em meu cabelo. O Encantador de Sombras não se moveu um milímetro sequer quando parei ao seu lado e, silenciosamente, me uni a ele em sua observação.
A cena era grotesca. O sangue dos três espiões tinha jorrado de forma que se espalhava em todas as direções. Ossos expostos e olhos arrancados fizeram com que meu estômago embrulhasse. Todos haviam tido as mãos arrancadas, o que tratava-se de uma mensagem clara para mim. Matamos Kalibia, agora chegou a vez de Rhysand. Na única parte discernível dos corpos, havia outro recado óbvio: Pregos. Só a Mãe sabia onde diabos Coriand havia os encontrado, mas era um fato que estavam ali para mostrar a Azriel e Rhysand que eu estava certa. O Incursor estava tomando-os como inimigos pessoais. E sabia como atingir ambos com uma única jogada. Morrigan. Um único fiapo de Percepção revelou-me o que eu já desconfiava: Os homens do Encantador de Sombras tinham sido mantidos vivos durante a tortura. Exatamente como minha mãe.
- Posso pedir uma coisa? - Azriel murmurou.
Quando o olhei, seus olhos avelã já estavam fixos em meu rosto.
Dividida entre dizer "sim" ou "eu avisei", apenas acenei em concordância.
- Então, por favor - ele pediu - não diga "eu avisei".
Ah.
Era bom que eu tivesse segurado a língua, afinal. Mesmo que meu desejo fosse gritar minha frustração para o mundo inteiro ouvir. Parada ali ao lado do Illyriano, tudo o que eu mais queria era ter a coragem necessária para dizer tudo o que estava entalado em minha garganta. Dizer que eles estavam errados por não terem levado a sério meu aviso; dizer que precisavam acreditar em mim se quisessem sobreviver a Ygnnor; dizer que eu sabia coisas que eles, com todos os seus séculos de vida, não tinham como saber, porque eu era hyberniana, Incursora e Perceptiva. Porque eu tinha nascido pela Morte e me reinventado a partir dela. Mas eu não verbalizei nada disso. Pelo contrário: Sufoquei-me um pouco mais ao engolir tudo de volta para meu peito. Porque eu não tinha medo do mundo. Só da verdade.
- E eu, Encantador de Sombras, posso pedir um favor?
Azriel inclinou o rosto para o lado, pensativo. Ele era muito alto. E muito musculoso. Tão próxima a ele eu via que o topo de minha cabeça mal chegava ao seu ombro. Eu me sentia muito pequena ali. Não uma anã, como Cassian adorava dizer, mas emocionalmente pequena. Como se algo estivesse faltando em mim. Como um quebra-cabeças complexo que tivesse perdido uma peça fundamental para a compreensão do todo.
