O Rei Hyberniano está morto. Elain e Nestha Archeron certificaram-se de que fosse assim. Mas o que as irmãs, bem como Feyre, Rhysand e os demais Prythianos, não sabem, é que Hybern tem herdeiros. E Ygnnor, o mais velho dos dois filhos do Rei Valec...
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"Morrer não é nada, horrível é não viver." - Os Miseráveis, Victor Hugo.
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Seu rosto macilento estava mais cadavérico do que da última vez em que a vi; os olhos vermelhos não pareciam mais dois sóis flamejantes, apenas profundos poços de lava; as mãos que outrora eram gentis agora eram como gravetos quebradiços e acinzentados. Ela não se preocupava mais em vir a mim com uma aparência menos assustadora, porque sabia que eu não sentia mais medo. Agora ela e eu éramos iguais. Mortas e mortíferas. Esperei que dissesse alguma coisa, que explicasse por que estava ali, sendo que desta vez eu não me encontrava prestes a morrer, mas ela permaneceu em silêncio, apenas me olhando como se em mim estivessem os maiores segredos do universo.
- O que deseja? - perguntei por fim.
Um ínfimo sorriso surgiu nos lábios inexistentes.
- Você nunca foi uma criatura paciente, Valerie - ela sussurrou; mas sua voz não saía dela, vinha do ar ao meu redor, infiltrava-se em minha mente e penetrava meus poros como algo físico. Era baixa e intensa e feroz.
- Não, eu não diria que sou - concordei - Então diga. Por que está aqui?
Ela entrelaçou as mãos à frente do corpo.
- Por que decidiu ir atrás de meu irmão? - perguntou-me.
- Porque eu não iria?
Desta vez ela sorriu verdadeiramente. Seus dentes pontiagudos lembravamadagas negras.
- Senti falta de nossas conversas, Valerie. Eu quase esqueci como você adora responder uma pergunta com outra.
Eu adorava fazer isso? Hipócrita. Ela é quem havia me ensinado o quanto essa atitude poderia ser irritante.
- Diga-me, filha - insistiu - Por que perder tempo indo atrás de alguém como Bryaxis?
Encarei-a. Não pela primeira vez me perguntei o que eu tinha feito para merecer que um ser como ela aceitasse minha amizade. Eu, uma Feérica qualquer, presa em uma torre por trair seu povo, fraca demais para se libertar das amarras que a prendiam. Por que a Morte tinha decidido me ajudar? Por que sair de seu habitat apenas para se sentar ao meu lado e contar-me sobre a vida e a morte, sobre o mundo que me aguardava do lado de fora daquelas paredes de pedra? Décadas antes ela havia me contado que jamais tinha se comunicado com um ser vivo. Ela apenas vinha até os homens quando a hora de sua partida chegava, mas não havia qualquer motivo para querer observar e ser observada por um que ainda estivesse vivo. Qual seria o propósito disso? Ela era a Morte. O que ainda tivesse vida não lhe dizia respeito.
