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"Está na hora de começar a correr em direção às coisas e não para longe delas."
- E Foram Felizes Para Sempre, Julia Quinn.

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Treinei Nestha no dia seguinte como se nada tivesse acontecido. Não vesti minha nova armadura, por mais que fosse gostar de fazê-lo, porque não queria que ela visse isso como uma provocação. Sua irritação em relação a mim estava ainda mais óbvia naquele dia, e eu não me sentia disposta a lidar com nada daquilo. A noite anterior tinha deixado sequelas, e toda a minha habitual disposição havia evaporado e deixado em seu lugar um cansaço palpável e irredutível. Então me restringi a treiná-la, falando apenas quando estritamente necessário, contendo meus movimentos para que não soasse animada demais com a tarefa auto-assumida de ensiná-la a lutar. Eu não me arrependia, mas com certeza também não estava dando pulinhos de euforia.

Nestha não pronunciou uma única palavra durante todo o treino. Fazia o que eu mandava, imitava meus gestos, assentia para confirmar que tinha entendido, mas não abriu a boca uma vez sequer. Sentou-se no intervalo após duas horas, olhando ao redor do pátio nos fundos da mansão que naquela ocasião usávamos como ringue, bebeu água e permaneceu calada. Mas em momento algum sua postura de superioridade vacilou.

Aproveitei que nenhuma de nós desejava falar e deixei que meus pensamentos vagassem pelo tempo que ela fosse precisar para se recompor. A reunião tinha sido um completo desastre, inútil para a maioria dos propósitos pelos quais tinha sido feita, mas eu tinha a sensação de que saíra de lá com um conhecimento que antes não possuía. Era mais uma certeza, um sentimento. Eu gostava de Azriel. Diabos, eu realmente gostava dele. As emoções que me atingiram quando sua mão cobriu a minha, o fato de aquilo ter sido forte o bastante para me arrastar para fora de uma crise de pânico, o pensamento de que queria, e que deveria, estar em seu abraço. Qualquer outra pessoa consideraria normal estar atraída por seu parceiro, mas com certeza eu não era uma dessas pessoas.

- Algum dia conseguirei desarmar você? - Nestha disparou, ríspida, me olhando.

- Como é?

Ela arqueou as sobrancelhas.

- Perguntei se algum dia vou conseguir derrotar você, ou se tudo isso aqui será em vão.

Abandonei a contemplação pessoal de meus sentimentos e avancei alguns passos em sua direção.

- Se seu objetivo é se tornar melhor do que eu, para então me derrotar, é melhor pararmos agora - quando seu rosto se tornou uma máscara de ceticismo, acrescentei: - Não porque me vencer seja impossível, Nestha, a verdade está bem longe disso. Um aluno pode muito bem superar o mestre, mas apenas se esse não for o único motivo para que ele esteja aprendendo. Respeite seu mestre, aceite-o, e assim você conseguirá tirar o melhor dele.

Corte de Amor e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora