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 "Um monstro não precisa necessariamente fazer coisas monstruosas

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"Um monstro não precisa necessariamente fazer coisas monstruosas."
- Teen Wolf.

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AZRIEL

🛡️


Valerie não tinha controle sobre a própria magia. E só agora percebíamos isso. Ela exalava tamanho poder, tamanha força, durante todo o tempo que de algum modo acabava camuflando a realidade de sua situação. E como poderia ser diferente? Ela era apenas uma menina quando Hybern a aprisionou. Mesmo agora, enquanto a carregava para Velaris, eu ainda via uma menina espreitando a superfície na qual se enxergava unicamente a mulher e a guerreira. Se por cinquenta anos foi mantida aprisionada, não havia como ter aprendido em absoluto como controlar tudo aquilo que obviamente a habitava.

Há um monstro dentro de mim, Grã-Senhora.

Isso era bastante evidente. Mesmo que Valerie parecesse tão pequena, tão sozinha, havia nela um poder imenso. O mundo inteiro sussurrava isso em meus ouvidos. As sombras tentavam me convencer de que era perigoso manter a hyberniana por perto, que ela guardava segredos, que nem sempre dizia a verdade. Cassian se recusou a falar o que havia visto nas costas dela, esquivando-se com o que todos usávamos quando não nos sentíamos confortáveis em contar algo. A história não é minha para que eu a conte. Eu duvidava que ele realmente soubesse o que tinha visto, seja lá o que fosse. Valerie não teria permitido tamanho compartilhamento. Segredos e mentiras a rodeavam, sim. Mas nem por isso eu não confiava nela.

O que vi quando Valerie abriu sua mente para todos era uma confirmação do que ela vinha dizendo. Os soldados em treinamento moviam-se como se tivessem sido forjados pelo deus da guerra, com habilidade e precisão mortais. O gigante, Parcton, constituía seu próprio batalhão: Brutal, imparável. E obviamente amante do sadismo. O Feérico de estatura medíocre e músculos inexistentes foi o que mais me preocupou - mais até do que a enorme besta hyberniana. As coisas que ele fez com o rapaz humano, o que ensinou à Valerie, ultrapassavam limites que nem mesmo eu ultrapassaria. Ou Rhys. Era um nível de maldade - e de amor por ela - que eu até então havia visto em poucas ocasiões.

Mas o pior de tudo não foi aquilo. Permaneci indiferente enquanto imagens de Parcton, Dandara, Edmund e Sifanny surgiam diante de meus olhos. Analisei-os em busca de pontos fracos, falhas a serem usadas contra eles. Fui o Mestre Espião da Corte Noturna ao estudá-los. Mas voltei a ser um bastardo Illyriano quando me deparei com aquela sala sangrenta, onde uma menina de vinte anos foi apunhalada ao mesmo tempo em que era beijada com carinho. Voltei a ser o filhote aprisionado em uma sala escura e sem janelas. Voltei a ser uma criança quebrada. E tive tanto ódio por aquele macho de Hybern que desejei caçá-lo pessoalmente. Quando vi Valerie deitada, sangrando, o que enxerguei foi muito além de cabelos negros e olhos dourados. Eu vi Mor, jogada ao chão com pregos enterrados em seu corpo. Morrigan, por quem eu faria tudo.

Quando me coloquei ao lado de Valerie, e Cass se ajoelhou em frente a ela, decidi que um dia todos eles pagariam. Keir, por ter tentado destruir a própria filha; Eris, por ter se negado a ajudar Mor quando a encontrou naquele dia; Devlon, por tratar as fêmeas com tanto desprezo e preconceito; e, sobretudo, Ygnnor. Por ter destruído Valerie, talvez de modo irreversível. Todos aqueles machos que um dia ergueram a mão contra uma mulher - como os Illyrianos fizeram com a mãe de Cassian, como Tamlin fez com Feyre - pagariam. Eu não deixaria que pessoas como Mor e Valerie sofressem novamente nas garras de homens desprezíveis. Mor, porque eu a amava; e Valerie, porque, em pouquíssimos dias, tinha se tornado uma de nós.

Eu não precisava ser Daemati ou Perceptivo para saber que Cass e Rhys estavam de acordo. O que quer que acontecesse a partir dali, Ygnnor havia conquistado três inimigos pelo resto de sua vida miserável. Não era apenas por Prythian, agora. Era pessoal. Meus irmãos e eu vingaríamos até a última gota de sangue que ele e o Rei tinham arrancado daquela menina. Nós protegeríamos Valerie, mesmo que ela insistisse em guardar segredos.

Em algum lugar dentro do meu peito nasceu a certeza de que eu o faria de qualquer modo, quer Rhysand e Cassian concordassem, quer não. Porque em algum lugar dentro do meu peito, eu sentia-me no dever de cuidar dela. Um dever primitivo, instintivo. Grandioso e fora de minha compreensão. Então eu a protegeria, mesmo sem entender o porquê.

Corte de Amor e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora