"Minhas veias ainda estão queimando
Inflamando o coração
E eu nunca tive medo do escuro."
- Firestarter, Victoria Carbol.• • •
Helion cumpriu bem com sua parte em meu plano.
Em meus rápidos encontros com ele, eu havia utilizado generosas quantidades de Percepção para desvendá-lo e conhecê-lo, porque não seria exagero meu dizer que aquele macho me interessava muito intelectualmente. Apenas Beron, entre os Grão-Senhores, era mais velho do que Helion, o que significava muita coisa. O Senhor da Diurna era um especialista em idiomas e letras, tinha conhecimentos incomparáveis, e era, portanto, o melhor falsificador que eu poderia encontrar em Prythian. Obviamente ele escondia bem tais habilidades ilícitas, mas não se recusou a redigir a carta que eu solicitava. Se passando por Keir, o abominável, Helion descreveu, em palavras incrivelmente parecidas com as que o Administrador costumava a usar, o desejo de morrer, motivo pelo qual, supostamente, se suicidou. Claro, aqueles mais próximos dele não acreditariam que Keir faria isso e, mais, que deixaria o comando da odiosa Cidade Escavada para sua filha Morrigan, mas Helion trabalhou bem. Não havia como questionar a veracidade do selo, do tom explícito na carta, da letra e da assinatura, isso sem contar com a rudeza na hora de descrever Mor como uma vadiazinha de quinta categoria e, ainda assim, a única a quem ele aceitaria deixar seu lugar, porque - bendito fosse Helion e sua astúcia - ela era a mais próxima do mestiço que ocupava o posto de Grão-Senhor. Em pouco mais de duas horas, Helion nos salvou de uma série de infortúnios e confrontos que nos trariam imensa dor de cabeça.E, como não poderia deixar de ser, exigiu um jantar como pagamento, algo a que eu habilidosamente declinei com a desculpa - bastante justa - de que um jantar com segundas intenções em meio a uma guerra não seria de bom tom. E obviamente ninguém acreditou em meus motivos. Mas e daí? Eu não iria para a cama com Helion e isso era fato decidido.
E decididos estavam, também, meus próximos passos no tabuleiro daquela guerra.
Rumei para o pequeno apartamento de Amren assim que o assunto com Keir e Helion estava resolvido. Era certo que a pequena bruxa me causaria mais problemas do que traria soluções, mas ela possuía algo que eu queria e de que precisaria. Eu nem ao menos sabia se o Livro dos Sopros - que ninguém havia tido coragem de retirar de Amren - me seria útil, mas estava disposta a recorrer a todas as estratégias a partir dali. Ygnnor tinha conseguido entrar nos Palácios das Rainhas Humanas e eu queria saber como, mas, acima disso, queria encontrar uma forma de copiar o seu feito. Se pudéssemos penetrar as proteções mágicas que as cercavam teríamos uma vantagem significativa, porque então qualquer um de nós poderia ir até lá, a qualquer hora, e destroná-las da forma mais definitiva possível: Arrancando suas cabeças e as deixando sangrar sobre os caros tapetes de seus castelinhos. A questão era que eu não fazia ideia do que o Príncipe tinha feito para quebrar os encantamentos, por mais que tentasse e tentasse pensar com determinação quase enfurecida. Não saber me causava uma ira que corroía tudo em meu interior. Não era eu quem o conhecia tão bem? Por que então não conseguia enxergar sua mente e seus planos? Era óbvio o que ele havia desejado ao permitir que Azriel o visse, mas a questão era o motivo. Intimidar era seu estilo, mas não tão cedo, não em um jogo que ainda pendia para o lado inimigo. Havia mais e eu descobriria, mesmo que para isso tivesse que primeiro encontrar uma forma de entrar nos Palácios e, assim, arrancar a informação das próprias Rainhas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corte de Amor e Sangue
FanfictionO Rei Hyberniano está morto. Elain e Nestha Archeron certificaram-se de que fosse assim. Mas o que as irmãs, bem como Feyre, Rhysand e os demais Prythianos, não sabem, é que Hybern tem herdeiros. E Ygnnor, o mais velho dos dois filhos do Rei Valec...