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" - Coragem não significa agir com ausência de medo?- Não

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" - Coragem não significa agir com ausência de medo?
- Não. Coragem significa agir ainda que na presença dele."
- Dragões de Éter, Raphael Draccon.

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VALERIE

A dor de cabeça era brutal. Era como se minhas têmporas estivessem recebendo todo o impacto de centenas de marteladas. Que a Mãe me levasse se algum dia eu repetisse a tolice de permitir que tamanho poder me tocasse e me pusesse para dormir, porque eu podia jurar que minha luz estava proferindo xingamentos e fazendo gestos obscenos para demonstrar sua indignação por tal ato. Era como se gritasse: "Como assim você se permitiu ser atacada?".

Minha magia não estava exatamente errada.

Passei as mãos pelo rosto, exausta, e sentei-me. Azriel, eu imaginei, tinha me colocado sobre aquela cama enorme e coberto meu corpo adormecido com um cobertor felpudo. Não fiquei parada por tempo suficiente para me sentir grata. Levantei, tomando o cuidado de mover-me com calma, e calcei as botas que me aguardavam aos pés da cama emprestada. Algo me dizia que um dia inteiro havia se passado enquanto eu dormia. Minha jaqueta tinha sido meticulosamente dobrada e depositada sobre a mesa de cabeceira. Ao longe, sons de movimento indicavam que eu não estava só, e, por um momento, não consegui identificar o lugar em que me encontrava. Foi só depois de tranquilizar meus instintos repentinamente alertas que entendi que tinha sido levada para a mansão de Rhysand. E que todos eles, até mesmo Amren, esperavam na sala diretamente abaixo do quarto em que eu estava.

As lembranças do dia anterior retornaram à minha mente em um turbilhão nauseante. Uma dor lancinante cresceu e espalhou-se em todas as direções, sufocando-me, e tornei a sentar na cama. O que eu havia feito? Senti o peso das garras que já não se encontravam mais expostas e o aroma do sangue de Rhysand, vívido em minha memória, fez com que eu cobrisse a boca a fim de me impedir de vomitar. Eu tinha machucado Rhysand, meu Rhys, minha verdadeira luz. Eu tinha feito cair o seu sangue. Mortificada, corri pelo quarto e saltei através da janela aberta, meus joelhos reclamando pelo forte impacto com o solo tão abaixo. Corri, como se disso dependesse minha vida. Corri, porque não suportaria olhar nos olhos dele naquele momento e enxergar meu mundo desabar através de suas íris violeta.

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Perambulei pelas ruas pavimentadas de Velaris durante horas. Indiferente aos olhares questionadores de um povo que não fazia ideia de quem eu era, andei sem destino definido, observando mais a fundo a cidade que desde o primeiro dia tinha me cativado. Conheci brevemente cada quarteirão, cada esquina, cada prédio belo e bem cuidado da Cidade de Luz Estelar, que havia tido a honra de ser mantida longe da maldade feérica durante cinco mil anos. Apenas o bem habitava o interior da morada do Grão-Senhor. Apenas o bem provinha da Corte dos Sonhos.

Corte de Amor e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora