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"Amar é destruir e ser amado é ser destruído

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"Amar é destruir e ser amado é ser destruído."
- Cassandra Clare

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Eu não fugi quando, ao retornamos à Velaris, meus amigos me cercaram. Não fugi quando as cobranças e os julgamentos começaram, tampouco respondi enquanto eles diziam tudo o que desejavam. Esperei pacientemente, as mãos entrelaçadas às costas, e ouvi. Ouvi sobre minha irresponsabilidade e imprudência, sobre meu individualismo descarado que me levava a agir sem pensar e, pior, sem compartilhar com eles os meus planos. Ouvi que estava na hora de aprender a trabalhar em equipe, e que eles não aceitariam aquele tipo de atitude. Você matou um Grão-Senhor, falaram, e achou que não haveria consequências? Poderíamos ter criado uma nova guerra simplesmente porque você decidiu assassinar Beron.

Apenas quando as acusações e repreensões se encerraram foi que eu enfim me manifestei. Lembrei a eles que, como dito a Beron, eu não era efetivamente um membro da Corte Noturna, e que não devia a eles qualquer satisfação ou obediência; falei que só aceitaria julgamentos no dia em que eles fossem grandes exemplos, porque naquele momento não eram diferentes de mim: Viam uma chance de agir, de proteger, e a agarravam antes que passasse. Essencialmente Rhysand. Deixei claro, mais uma vez, que não aceitaria seguir ordens de ninguém.

E depois fui embora.

Apenas para ser seguida por Azriel.

Ele se colocou diante de mim envolto por sombras densas, e pela primeira vez em muito tempo os seus olhos estavam novamente indecifráveis para mim. Não falou - muito menos eu -, mas nossas mentes se encontraram, tensas, e se lançaram em um confronto silencioso. Havia acusação e decepção ali... De ambas as partes.

Após um longo tempo, Azriel fechou os olhos e retrocedeu um passo.

- Não estou julgando você - disse - Apenas acho que assumiu um risco grande demais.

- A única pessoa que de fato estava em perigo era eu.

- E acha que simplesmente teríamos ficado parados caso você fosse atacada?

Não respondi, porque... Sim, ele tinha razão. Mas, droga, tudo não havia dado certo, afinal?

- Mas poderia não ter dado - Azriel retrucou. E, respirando fundo, continuou: - Vou repetir: Não estou julgando você. Mas acho que cometeu uma loucura. E que não era necessário expôr tantas... Emoções agora a pouco. Ou opiniões.

Era só o que me faltava.

Quem Azriel pensava que era para se colocar diante de mim e dizer aquilo? O quão idiota ele era para acreditar que tinha o direito de fazê-lo?

Fiquei observando seu rosto por um momento, pensando em como eu havia chegado àquele ponto: Parada frente à frente com o homem que amava, mas me sentindo absolutamente perdida. Analisei as garras ainda expostas, aquele filete de sangue em uma delas. Eu destruíra a fortaleza de Valec, frustrara os planos de Ygnnor, salvara Vassa de seu cárcere amaldiçoado, protegera as Corte de Helion e de Tarquin, livrara o mundo de machos como Keir e Beron. Eu vinha dando tudo de mim para impedir que meu irmão destruísse nosso mundo. Mas no fim eu sempre seria a fêmea condenada a amar um macho que não a queria.

Corte de Amor e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora