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"Ele é o início e o fim. É a morte e a vida. A realidade dura existente por trás de tudo. É luz, trevas e verdade.
É infinito."

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Ele poluiu meus sonhos durante aquela noite. Ygnnor. A instabilidade de minhas emoções permitiu que as proteções mentais ruíssem por breves instantes, o que foi todo o necessário para que os pesadelos viessem e não mais partissem. Sonhei que ele vinha até mim e se sentava ao meu lado em minha cama, acariciando meus cabelos enquanto algo me mantinha presa aos lençóis e me impossibilitava de agir. Ele fez carinho em mim como se fôssemos o mais feliz dos casais, e murmurou palavras ao mesmo tempo doces e cruéis. Disse o quanto éramos parecidos, como tínhamos muito em comum. Como eu era tão podre quanto ele, por dentro e por fora. E por mais que inconscientemente eu tentasse recordar das lindas palavras ditas a mim por Azriel e Rhysand, nada adiantava. Eu só via meu irmão ali ao lado expondo minhas falhas e pecados em um quadro bem diante de meus olhos. Pequenas ações e pensamentos, grandes atos de autoproteção ou raiva. A forma como matei colegas da Incursão durante meus treinamentos, porque sabia que ninguém veria aquilo como traição e sim como superioridade, a destruição meticulosa do corpo e do psicológico de Keir, a satisfação mórbida ao ver as partes destruídas de Parcton e o rosto desfeito de Sifanny. Ygnnor sussurrou ao meu ouvido que, independente de quem fosse meu parceiro, meu primo ou meu amigo, eu seria para sempre uma Incursora.

Quando enfim consegui acordar e me deparei com o mesmo teto que eu havia encarado tantas horas antes, eu quase conseguia ouvir o eco das palavras de Ygnnor. Minha. Igual. Má. Mas isso não era possível, não podia ser. Se aquelas pessoas que agora me rodeavam tinham definitivamente me aceitado, se gostavam de mim, não era possível que eu fosse como ele. Ou era? Muitos diziam que o amor era cego... E se eles não me vissem como eu verdadeiramente era? E se estivessem tão decididos a me aceitar por ser prima de Rhysand e parceira de Azriel que nem sequer enxergassem meu interior, com todas as sombras e ruínas?

Havia muito tempo eu tinha decidido que minha alma já não mais existia e que Hybern tinha me transformado em algo inevitavelmente ruim. Mas então conheci a Corte dos Sonhos, as pessoas que olhavam para as estrelas e desejavam, que sabiam que, em algum momento, aquelas mesmas estrelas as ouviriam e atenderiam seus pedidos, que compreendiam que o preço a ser pago pelo amor e pela família era altíssimo, mas era um que valia a pena pagar. Pessoas que tinham anjos e demônios às suas costas, sussurrando palavras de bem e palavras de maldade, que faziam suas escolhas e lidavam com as consequências, que sorriam e buscavam um futuro onde o passado - por mais tenebroso que fosse - não pudesse alcançá-los. E foi aí, ao me ver em meio àqueles espíritos resplandecentes, que comecei a me perguntar se talvez eu não fosse como eles, ao menos um pouco. Todos ali não tinham sofrido e feito coisas terríveis? Eu entendia agora que Amren sempre tinha estado certa: Havia luz e trevas dentro de cada criatura. Rhys matara e fizera sangrar outras pessoas pelo bem do povo de Velaris; Feyre foi responsável pela morte de pessoas inocentes em seu desespero por sobreviver e, mais, por salvar o macho que amava na época; Morrigan mantinha em suas mãos um coração que jamais poderia amar; todos eles, que eram para mim exemplos desde que eu aprendera sobre quem eram, tinham feito mal a alguém em algum momento de suas vidas. Todos tinham causado caos em sua busca pela paz.

Corte de Amor e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora