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"Você nunca quis algo com tanta força que se tornou mais do que um simples desejo?"- A Rebelde do Deserto, Alwyn Hamilton

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"Você nunca quis algo com tanta força que se tornou mais do que um simples desejo?"
- A Rebelde do Deserto, Alwyn Hamilton.

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Muitos anos atrás, minha mãe havia tido um parceiro. Eu não sabia quem ele era, porque ela preferia mantê-lo como uma memória distante. Eu sabia apenas que havia sido um macho Illyriano transferido para o Acampamento Asas da Alvorada quando ela sequer poderia sonhar que existia alguém destinado a ela, e, mesmo sendo ainda jovens demais, prometeram um ao outro que um dia casariam. Este dia, claro, jamais chegou, mas eu não deixava de pensar que em algum lugar em Prythian aquele macho ainda vivia, pensando, sonhando, com a fêmea que deveria ter sido sua esposa. Agora, enquanto abria mão de qualquer tipo de relutância e voava sob um encantamento de invisibilidade rumo a qualquer local onde Azriel não estivesse, eu pensava no quanto aquilo tudo era errado. Minha mãe e seu parceiro desconhecido, Elain e Lucien. Azriel e eu. Por que a Mãe nos pregava peças assim? As almas que desejavam uma união eram forçadas a seguir caminhos diferentes, enquanto aquelas que queriam apenas liberdade eram obrigadas a aceitar tudo aquilo.

Mas eu não aceitava. Eu não teria um parceiro, não seria aquela a depender emocionalmente de alguém. Eu era livre, e laço algum mudaria isso. E mesmo que uma parceria não fosse contra tudo o que eu queria e precisava, mesmo que por alguma razão eu viesse a desejar estar ligada a alguém, não seria a Azriel. Se um dia, nos próximos séculos, eu decidisse aprender o que era o amor, certamente não seria com um macho que permaneceria eternamente preso a outra fêmea. Se um dia eu decidisse ser parceira de alguém, com ou sem laço, seria de uma pessoa que quisesse a mim verdadeiramente. Eu acreditava que um dia fosse conseguir me curar o suficiente para desejar isso, mas, naquele instante, só o que eu queria era fingir que nada tinha mudado. Porque eu não queria Azriel, e porque ele não me queria.

Tudo daria certo, no fim. Se era recíproca a falta de interesse por aquela ligação, ela com o tempo desapareceria. Talvez o Encantador de Sombras sequer descobrisse sua existência, o que tornaria tudo mais fácil. Só o que eu precisava fazer era manter o máximo de distância possível. Isso, obviamente, mostrou-se algo difícil quando recordei que Azriel me acompanharia no que repentinamente eu considerava uma missão delicada demais.

Voando sem destino ao sabor do vento, percorrendo as correntes de ar, acabei por retornar à Velaris sem ao menos ter decidido fazê-lo. Voei até o telhado de um prédio no Arco-Íris e sentei-me, escondendo as asas e dispensando o encantamento. Passei a mão pela linha de sangue seco em minha barriga, o ferimento curado a essa altura. Aquele maldito fio de cobre se retraía ao pensamento de que havia sido Azriel quem tinha causado a ferida. Ridículo. Foi ali sentada sob o céu claro que Cassian me encontrou, suas asas gigantes fazendo com que uma verdadeira ventania viesse balançar meu cabelo. Alongou-se dramaticamente e depois sentou-se ao meu lado, próximo demais para uma conversa casual.

- E aí, tudo certo? - perguntou.

Não me dignei a olhá-lo nos olhos.

- Sabe, eu tecnicamente venci você hoje mais cedo. Mas como sou cavalheiro, vou...

Corte de Amor e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora