"Sabe, eu não acreditava no amor. Minha crença era de que apenas o ódio e a tristeza eram reais. Mas então... Eu conheci você."
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Por um tempo todos permanecemos parados, assimilando a grandiosidade de tudo o que tinha acontecido. A primeira coisa a quebrar aquele torpor foi a voz de Helion, em algum lugar à minha direita, comentando que Feyre era mesmo difícil de matar. Isso serviu para que voltássemos a nos mover, alguns levantando, outros indo em direção a alguém. Feyre e Rhys vieram vagarosamente até Az e eu, ajoelharam diante de nós. Olhei para Rhysand, peguei sua mão e assenti. Eu entendia sem que ele precisasse dizer nada, mas, ainda assim, ele disse.
— Eu amo você, prima. Nunca serei capaz de agradecer pelo que você fez aqui. Nunca. Tudo o que posso fazer é ser grato por sua existência.
Tentei falar alguma coisa, porém nada saiu de meus lábios, minha garganta estava fechada. E também se tornou desnecessário dizer qualquer coisa quando um choro muito alto e estridente se fez ouvir.
— Eu vou ter dois sobrinhos! — Cassian urrou para que todos escutassem — Pela Mãe, eu vou ser um tio magnífico! Eu vou ensiná-los a lutar, a voar, a pregar peças...
— Você sabe que o pai sou eu, né? — Azriel e Rhysand disseram ao mesmo tempo.
— E daí? Feyre e Valerie amam muito mais a mim do que a vocês. Não é, meninas?
— Se você ensinar nossos filhos a pregar peças... — disse Feyre.
— Eu vou arrancar seus culhões — completei, fungando.
Fazer parte daquela família era isso: Num instante estávamos revivendo os mortos e barganhando com a morte, no outro estávamos discutindo a criação de duas crianças que sequer tinham nascido.
E eu estava plenamente feliz com aquilo.
Observei o que restava daquele campo de guerra enquanto Az me ajudava a levantar. Os Grão-Senhores começavam a se aproximar, ladeados por seus companheiros. Vassa tinha retornado à sua forma humana e agora encarava Igniffex, que parecia bastante à vontade em meio a tantos desconhecidos que, por saberem o que ele era, o olhavam com receio e cautela. Lucien fitava Helion, como se ponderasse os benefícios de chegar e chamá-lo de "pai". Eris mirava os restos mortais de Ygnnor, e eu esperava que ele se sentisse vingado tanto quanto eu me sentia.
— Azriel, preste atenção — Cassian continuava a falar — Sua parceira está falando dos meus culhões de novo.
Az me puxou para mais perto e me abraçou.
— Minha parceira está viva e eu vou ser pai, nesse momento não ligo a mínima para a segurança dos seus culhões, Cass.
E do nada, absolutamente do nada, Mor surgiu e declarou em alto e bom som:
— Eu gosto de fêmeas.
Céus.
Feyre e eu nos olhamos.
— Por essa eu realmente não esperava — Helion comentou.
E Azriel riu.
— É, isso explica muita coisa — falou. Depois se voltou para mim como se Morrigan já não fosse mais sua prioridade... Porque já não era. Agora, meu filho e eu éramos o centro da vida de meu parceiro.
Ainda havia muito a ser feito. Feridos precisavam ser curados, metade da Corte dos Pesadelos precisaria ser reconstruída. Nossas vidas tinham que ser recomeçadas, reinventadas. Muitos tinham sofrido traumas que não seriam facilmente superados. O que me lembrava...
Deixei minha família para trás e andei até Nestha. Sentada a um canto, sozinha e com uma expressão que desencorajava aproximações.
— Venha — chamei, oferecendo a mão para ajudá-la a levantar — Acabou.
Seus olhos reluziram. Ela também tinha visto minha mente e meu passado quando aquele jorro de Percepção atingiu a nós duas, ela sentira tão bem quanto eu tudo o que passou entre nós duas. Estava ciente de que eu conhecia toda a verdade sobre seu passado.
— Por que você fez aquilo?
— Primeiramente? Porque não suportaria olhar nos olhos de Rhysand e de Cassian se eles vissem você e Feyre morrerem. Mas também porque vocês duas são minhas amigas, minha família. E ambas merecem viver.
Nestha aceitou minha mão.
— Eu não tenho amigos — falou.
— Querendo ou não, agora tem. E eu não desisto dos meus amigos, Nestha Archeron.
Ela se pôs de pé.
O monstro que habitava um lindo corpo, a fera enjaulada em um molde pequeno demais para toda a sua fúria e poder, a criança nascida beijada pela vida, e renascida com o sopro da Morte. Naquelas três cicatrizes em suas costas havia tantas histórias quanto nas dezenas que eu possuía.
— Eu não sei como posso agradecer — ela disse, soando quase como um rosnado — Por mim e por Feyre. E por Elain.
Assenti.
— Viva, Nestha. Esse é todo o agradecimento que espero.
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Corte de Amor e Sangue
FanfictionO Rei Hyberniano está morto. Elain e Nestha Archeron certificaram-se de que fosse assim. Mas o que as irmãs, bem como Feyre, Rhysand e os demais Prythianos, não sabem, é que Hybern tem herdeiros. E Ygnnor, o mais velho dos dois filhos do Rei Valec...