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 "Nossa sociedade não é dividida entre 'bem' e 'mal'

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"Nossa sociedade não é dividida entre 'bem' e 'mal'. Ser cruel não torna uma pessoa desonesta, da mesma maneira que ser corajoso não faz de ninguém gentil".
- Divergente, Veronica Roth.

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Vassa estava dividida entre o alívio e a descrença, sua mente girando em tantas direções diferentes que mesmo eu fiquei confusa com a quantidade de pensamentos que a preenchiam. Felicidade, por ser mais uma vez livre; alívio, por ter escapado das mãos de Igniffex; gratidão, por Azriel e eu termos nos arriscado para salvá-la; raiva, pela forma como o feiticeiro contornou as nuances sutis de nosso acordo; medo, por ainda ser capaz de se transformar em um grande pássaro de fogo. Ainda uma Amaldiçoada. Suas dúvidas não eram vãs, nenhum de nós sabia o que aconteceria dali em diante. Ela seria para sempre daquela forma? Isso afetava sua humanidade? Muito mais do que isso: Vassa era mais uma vez mortal?

As respostas estavam na palma de minha mão, todas elas, mas em momento algum deixei que isso transparecesse. A Rainha era sim mais uma vez humana, e sua maldição, ou o que havia restado dela, era como uma fina corrente de prata bem diante de meus olhos. Tudo o que eu precisaria fazer para torná-la novamente uma mulher comum era esticar a mão, pegar aquela corrente entre meus dedos e estilhaçá-la, mas eu não faria isso, não quando Vassa poderia ser tão útil para mim, para a guerra. Como humana, seria uma boa aliada; como pássaro incandescente, seria uma aliada magnífica. Eu não colocaria as necessidades e anseios de uma única pessoa acima de meus objetivos de destruir Ygnnor. Se estivéssemos vivas quando a guerra acabasse, e se ela ainda sonhasse com a normalidade, eu então desfaria o que restava da maldição, até lá ela lutaria, quer gostasse disso, quer não. Precisávamos de guerreiros, e guerreiros nós teríamos.

A travessia de volta para a Corte Noturna foi lenta, arrastada; eu estava exausta e carregar duas pessoas em meu encalço não era tão fácil como costumava ser, e, ainda assim, o máximo que pude fazer foi chegar às cercanias de Velaris, o que nos obrigou a fazer o restante do trajeto a pé. Aconselhei que Azriel levasse Vassa, voando, mas nenhum deles aceitou a sugestão, portanto seguimos a passos tranquilos. Assim que pisamos no interior da Cidade de Luz Estelar, para meu desconcerto, um intenso puxão em meu estômago me fez hesitar.

- Há algo errado - anunciei.

Imediatamente Azriel e eu puxamos nossas espadas e cercamos Vassa.

O clima em Velaris estava tenso, carregado, evidenciando que os humores por ali não estavam bons, o que, para um lugar como aquele, não era comum. Todos sempre sorriam ali, todos eram felizes. Mas não naquele dia. Nossa posição de ataque só se desfez quando uma sombra alada recaiu sobre nós e segundos depois um Cassian muito sério pousou.

- Rhys me mandou buscá-los - e, olhando para Vassa: - É bom ver você novamente, seja bem vinda à nossa casa.

Avancei e segurei seu braço com força.

Corte de Amor e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora